Ainda sob os efeitos da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, as famílias brasileiras fizeram mais depósitos do que saques na caderneta de poupança no mês passado. Dados do Banco Central mostram que, em outubro, os depósitos líquidos somaram R$ 7,017 bilhões. Este é o maior volume de depósitos líquidos para um mês de outubro, em valores nominais, em toda a série histórica do BC, iniciada em 1995.
Esta corrida para a caderneta é justificada pela postura das famílias em relação à crise e pelas ações do governo para manter a renda da população.
Nos últimos meses, o BC vem citando, por meio de documentos oficiais, que existe o risco de que a pandemia aumente a “poupança precaucional” no Brasil. Em outras palavras, o BC vê o risco de que as famílias, com medo do desemprego e da redução da renda, aumentem depósitos em aplicações como a caderneta de poupança, para formar um “colchão” em caso de emergências. Isso é visto com ressalvas, porque mais dinheiro na poupança significa menos consumo – e ainda mais dificuldades para as empresas brasileiras.
Os números de outubro mostram que os depósitos brutos na caderneta foram de R$ 279,576 bilhões, enquanto os saques atingiram R$ 272,559 bilhões. Com isso, chegou-se à captação líquida de R$ 7,017 bilhões. Considerando o rendimento de R$ 1,619 bilhão de setembro, o saldo total da poupança atingiu R$ 1,010 trilhão no mês passado. Desde setembro – e pela primeira vez na história – o saldo da caderneta supera, em valores nominais, a marca de R$ 1 trilhão.
Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).