Após cinco dias de negociações difíceis que expuseram novas divergências entre os maiores produtores, a Opep+ concordou em desacelerar gradualmente os cortes da oferta no próximo ano.
O acordo parece ter agradado o mercado de petróleo e a maioria dos membros do cartel, mas abalou a unidade do grupo e sinalizou um período de testes pela frente.
O ministro de Energia saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, foi franco ao afirmar que o acordo foi conquistado com dificuldade pelo grupo liderado pela Arábia Saudita e Rússia.
“É muito excruciante muito cansativo”, disse o príncipe Abdulaziz a repórteres após a reunião na quinta-feira. “Se você quer trabalhar com 23 países, precisa ser muito compatível com a ideia de flexibilidade.”
Apesar dos comentários sobre cansaço, o príncipe acabava de concordar com uma programação ainda mais cansativa de reuniões entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, que definirão a trajetória dos preços do petróleo nos próximos meses.
O acordo pode injetar um máximo 2 milhões de barris por dia ao mercado, mas os ministros podem igualmente decidir cortar a produção novamente, se necessário, disse o vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak. A variação máxima em qualquer mês será de 500 mil barris por dia em qualquer direção.
Após as longas negociações desta semana, não é “o cenário de pesadelo que o mercado temia, mas não é o que realmente esperava semanas atrás”, disse Paola Rodriguez-Masiu, analista sênior da Rystad Energy. “O fato de os níveis de produção de fevereiro ainda estarem em discussão aumenta a incerteza para as próximas reuniões da Opep+.”
Incerteza
O acordo revisado não é tão conclusivo quanto muitos observadores da Opep esperavam, mas poderia ser uma resposta racional à elevada incerteza nos mercados de energia.
A Opep+ emerge de um período de turbulência histórica. O grupo resgatou o mercado de petróleo no início deste ano de uma recessão sem precedentes, reduzindo a produção em 9,7 milhões de barris por dia enquanto a pandemia esmagava a demanda.
O aumento da produção em janeiro, que corresponde a a apenas 25% do previsto no acordo anterior da Opep+, provavelmente manterá o mercado de petróleo com déficit ao longo do primeiro trimestre, segundo cálculos da Bloomberg com base em dados da Opep. Isso significa que os estoques repletos de combustível que pesam sobre os preços continuarão em queda.
“Esse meio milhão de barris por dia será absorvido no mercado com muita facilidade”, disse Amrita Sen, cofundadora da Energy Aspects, em entrevista na sexta-feira. “Isso realmente garante que o mercado não terá excesso de oferta no primeiro trimestre.