A AES Brasil (BOV:AESB3) adotou uma estratégia de duas pontas para deslanchar o crescimento: adotou uma nova estrutura societária com a criação da holding e migrou suas ações para o o Novo Mercado da B3, mais alto padrão de governança da bolsa.
A holding AES Brasil, que abriga a anteriormente listada AES Tietê, garante à companhia maior capacidade de financiamento para crescer, segundo Clarissa Sadock, que assumiu a presidência em janeiro deste ano. Com a holding, a companhia consegue separar os ativos em operação dos em construção, os chamados “green field”. “Assim conseguimos ampliar nossa capacidade de financiamento e crescer mais rápido”, disse ela, em entrevista.
As novas dívidas emitidas já possuem limite maior de alavancagem em seus covenants, podendo variar entre 4,0x e 4,5x, enquanto no último trimestre de 2020 o índice foi de 1,53x, segundo o balanço da companhia.
A migração para o Novo Mercado após a reestruturação societária e a escolha de Clarissa para o comando –a primeira mulher a assumir o cargo de presidente na história da empresa– estão dentro da estratégia de alinhar a companhia ainda mais aos padrões ESG, de preocupações com meio ambiente, sociais e de governança.
A nova gestão também traz formas diferentes de parcerias para “buscar o recurso mais barato do mercado”, segundo a executiva. Uma delas foi aceitar o Itaú como sócio minoritário na Guaimbê Holding, de energia solar. Outra foi feita com a Unipar, que se tornou acionista de um ativo de energia eólica e é também cliente do mesmo ativo. “A ideia é crescer remunerando de forma correta o capital”, disse Clarissa.
A AES fez duas aquisições no final de 2020 e quer mais. “Estamos sempre buscando oportunidades de aquisições onde a gente se diferencie”, disse Clarissa. “Sempre há ativos interessantes no mercado.”
A empresa adquiriu ativos eólicos no Complexo Ventus, que já estão em seus resultados desde dezembro, e comprou os Complexos Eólicos MS e Santos, cujo acordo de aquisição foi assinado na última semana de 2020.
Lucro líquido de R$ 848 milhões em 2020, crescimento de 182,6%
A AES Brasil registrou lucro líquido de R$ 848 milhões, crescimento de 182,6% em relação a 2019.
Em 2020, o Ebitda total foi de R$ 2,067 bilhões, alta de 100,1% no ano.
Em carta enviada junto aos dados divulgados, a companhia destaca que o ano foi marcado pelo expressivo crescimento dos resultados da AES Brasil, com incremento na margem líquida, Ebitda e lucro líquido, influenciado principalmente pela evolução do processo de resolução do GSF, pelo bom desempenho operacional e pela diligência em relação às despesas e custos operacionais.