No cenário internacional, a semana contará com índices de gerente de compras de indústria e serviços na Zona do Euro, economias europeias e Reino Unido, além do Japão. Destaque também para indicadores de inflação na Alemanha e Reino Unido, e índices de confiança, atividade e pedidos de seguro desemprego nos EUA.
No Brasil, o principal destaque será a decisão sobre o Orçamento de 2021, cuja data limite para sanção da Presidência é dia 22 (quinta-feira). Na seara de indicadores, haverá divulgação do indicador de atividade medido pelo Banco Central (IBC-Br), além de dados de arrecadação federal referentes a março.
Fora da agenda econômica, vários eventos vão chamar a atenção dos mercados. Na segunda-feira, o governo americano deve liberar a vacinação para todos os adultos com mais de 16 anos, o que pode acelerar a reabertura da economia. Pode ser rediscutida ainda durante a semana a suspensão pelas autoridades americanas do uso da vacina da Johnson & Johnson por reações sérias após a aplicação. A suspensão atrasará um pouco a vacinação.
No fim da semana, quinta e sexta-feira, o presidente Joe Biden deve comandar a Conferência do Clima, que pode ter o Brasil como um dos destaques, para o bem e para o mal. A participação do presidente Jair Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a reação dos demais países ao discurso brasileiro, darão uma ideia dos problemas que o país e as empresas brasileiras enfrentarão em seus negócios por fatores relacionados a políticas ambientais. O agronegócio brasileiro é um dos setores mais sensíveis a esse tema.
No Brasil, na quinta-feira, termina o prazo para o presidente Bolsonaro sancionar o Orçamento de 2021 e dar uma solução para os problemas no texto aprovado pelo Congresso e que é “inexequível” nas palavras do ministro da Economia, Paulo Guedes. A disputa entre Congresso e equipe econômica mostra Guedes cada vez mais isolado dentro do próprio governo e perdendo espaço para outros grupos e ministros, que defendem mais gastos e que encontram respaldo em um presidente da República desgastado pela pandemia.
Também na quinta-feira, outro fator pode pesar a favor do grupo que defende mais gastos, o início dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a pandemia no Senado. Com opositores em postos-chave da CPI, o presidente deve buscar reforçar ao máximo sua base para tentar reduzir o impacto em sua popularidade. Ainda na quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal vai retomar a discussão sobre onde podem ser reiniciados os processos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e analisar a isenção do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro, o que pode impactar toda a Lava Jato.
A agenda de balanços nos EUA prossegue, com Coca-Cola, IBM, United Airlines na segunda-feira, Johnson & Johnson, Procter&Gamble, Netflix, Abbott, Philip Morris, Lockheed Martin na terça, Roche e Verizon na quarta, Intel, AT&T e American Airlines na quinta e Honeywell, American Express, Kimberly-Clark e Royal Caribbean na sexta, entre outras. No Brasil, na sexta-feira, a temporada de balanços do primeiro trimestre começa com Neoenergia e Linx na segunda e Usiminas e Hypera na sexta-feira. Blau Farmacêutica estreia na bolsa na segunda-feira com o código BLAU3.
Segunda-feira (19/04/2021)
Na próxima semana, a agenda econômica será fraca, entremeada no Brasil pelo feriado de Tiradentes na quarta-feira. O dado mais importante nacional será o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, o IBC-Br, logo na segunda-feira. Ele consolidará os dados de indústria, varejo e serviços divulgados pelo IBGE e deve mostrar alta de 0,8% no mês e queda de 0,6% na base anual. Com isso, o PIB do primeiro trimestre deve fechar em alta de 0,5% sobre o quarto do ano passado, estima o Itaú.
🇧🇷 IPC-Fipe (05h00)
🇪🇺 Saldo em contas correntes mensal (05h00)
🇧🇷 Índice IGP-M mensal 2° prévia (08h00)
🇧🇷 Relatório Boletim Focus (08h25) ⭐️
🇧🇷 Índice de atividade IBC-br BC mensal e anual (09h00) ⭐️
🇧🇷 Balança comercial semanal (15h00)
🇨🇳 Taxa prime de 1 ano do PBOC (22h30)
Terça-feira (20/04/2021)
🇬🇧 Taxa de desemprego mensal (03h00)
🇩🇪 Índice de preços ao produtos mensal e anual (03h00)
🇧🇷 Tesouro Nacional – Leilão de títulos (10h30) ⭐️
🇺🇸 Variação de estoques de petróleo API semanal (17h30)
Quarta-feira (21/04/2021)
Feriado de Tiradentes. Não haverá pregão na B3,
🇬🇧 Índice de preços ao consumidor mensal (03h00) ⭐️
🇬🇧 Pronunciamento de Bailey – BoE (05h05)
🇺🇸 Variação de estoques de petróleo EIA (11h30) ⭐️
Quinta-feira (22/04/2021)
No exterior, destaque para a reunião do Banco Central Europeu na quinta-feira, que deve manter os juros e reforçar os estímulos diante da fraqueza da economia da região pelo atraso na vacinação. Ainda na Zona do Euro, sai a Confiança do Consumidor de abril. Nos EUA, no mesmo dia, saem os Indicadores Antecedentes de março, os pedidos de seguro-desemprego e as vendas de casas usadas.
🇪🇺 BCE – Taxa básica de juros (08h45) ⭐️
🇪🇺 BCE – Taxa de Facilidade Permanente de Depósito (08h45)⭐️
🇪🇺 BCE- Taxa de Facilidade de Cedência (08h45) ⭐️
🇺🇸 Pedidos de seguro-desemprego (09h30) ⭐️
🇪🇺 Coletiva de Imprensa do BCE (09h30)⭐️
🇺🇸 Índice de atividade industrial do FED Chicago mensal (09h30)
🇧🇷 Tesouro Nacional – Leilão de títulos (10h30) ⭐️
🇺🇸 Venda de casas usadas mensal (11h00)
🇪🇺 Confiança do consumidor mensal (11h00)
🇺🇸 Variação de vendas de casas usadas mensal (11h00)
🇬🇧 Índice GfK de confiança do consumidor mensal (20h01)
🇨🇳 Índice de preços ao consumidor (20h30)
🇨🇳 PMI composto, industrial e de serviço (21h30)
Sexta-feira (23/04/2021)
Sexta-feira tem uma enxurrada de prévias de abril dos índices de gerentes de compras, os PMIs, da manufatura e de serviços, nos EUA e na Europa.
🇬🇧 Vendas no varejo mensal e anual (03h00)
🇩🇪 PMI composto e de serviço mensal (04h30)
🇩🇪 PMI de serviço mensal (04h30)
🇪🇺 PMI composto e de serviço mensal (05h00)
🇪🇺 PMI de serviço mensal (05h00)
🇬🇧 PMI composto e de serviço mensal (05h30)
🇬🇧 PMI de serviço mensal (05h30)
🇺🇸 PMI composto e de serviço mensal (10h45)⭐️
🇺🇸 PMI de serviço mensal (10h45)
🇺🇸 Vendas de casas novas mensal (11h00)⭐️
🇺🇸 Contagem de Sondas Baker Hughes (15h00)
Resumo do que passou…
Brasil
No cenário doméstico, a discussão sobre o Orçamento de 2021 seguiu o principal tema ao longo dessa semana.
Circularam durante a semana informações sobre uma possível Emenda à Constituição para destravar gastos emergenciais. Contudo, diante da reação inicial negativa tanto por parte da ala técnica (pelo potencial aumento de despesas fora do teto, além das relacionadas à pandemia), quanto de parte do Congresso, a tendência apontada pela ala política do Governo é de um veto parcial da peça por parte do Presidente da legislativa aprovada pelo Congresso.
Outro tema em debate é a maneira de viabilizar gastos extras no enfrentamento à pandemia. O primeiro passo será com a votação da proposta que modifica a LDO de 2021, permitindo que medidas de crédito sejam editadas sem contrapartidas, o que liberaria créditos extraordinários para a reedição do BEm e do Pronampe.
Ainda na seara fiscal, o Ministério da Economia apresentou a PLDO (Proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2022. Destaque para a expectativa de espaço adicional de aproximadamente R$ 70 bilhões dentro do teto de gastos em 2022, considerando a diferença entre o limite determinado do teto, e a alta esperada para despesas obrigatórias. Esta “folga” contrasta com o atual cenário de fortes restrições fiscais e impasse político em torno da aprovação do Orçamento deste ano.
Na pauta de indicadores, as vendas no varejo referentes a fevereiro vieram mais fortes do que o esperado, com o conceito ampliado registrando alta de 4,1% (m/m). Na mesma linha, as receitas reais do setor de serviços cresceram 3,7% entre janeiro e fevereiro, também muito acima das previsões – retomando o patamar pré-pandemia.
Os resultados positivos das vendas no varejo e receitas de serviços divulgados nesta semana reforçam nossa projeção de ligeiro aumento do PIB no 1º trimestre de 2021. No entanto, a demanda final segue enfraquecendo, refletindo a queda da renda disponível, o mercado de trabalho ainda fraco, a piora da pandemia e a alta da inflação. Olhando à frente, acreditamos em retomada da atividade no segundo semestre, em linha com avanços na campanha de imunização contra a Covid-19 e normalização das atividades produtivas.
Enquanto isso, no cenário político, destaque para o andamento da CPI da pandemia, que passou a incluir no escopo da investigação os recursos repassados pelo governo federal aos estados e municípios – uma vitória de Bolsonaro, que abre espaço aos apoiadores do governo para diluir o foco da comissão. Já o Supremo Tribunal Federal pela manutenção da liminar de Edson Fachin que anulou processos contra o ex-presidente Lula na Lava Jato, ratificando sua elegibilidade para a disputa do ano que vem.
Mundo
Nos EUA, o principal destaque nessa semana foi divulgação de uma série de indicadores macroeconômicos.
Em inflação, o índice de inflação ao consumidor (IPC) subiu 0,6% m/m e (anterior 0,4%), levando o acumulado em doze meses para 2,6% (anterior 1,7%). O resultado surpreendeu o consenso de mercado para cima, e refletiu forte alta em combustíveis, além de serviços relacionados à normalização da atividade. A alta, porém, não deve implicar em uma mudança de estratégia por parte do FED, que mantém firme o discurso em favor da manutenção de território expansionista da política monetária.
Já na seara de atividade, os dados reforçaram o cenário de recuperação econômica robusta nos EUA. As vendas no varejo surpreenderam positivamente, ao registrar alta de 9,8% frente ao mês anterior. No mesmo sentido, o Empire Manufacturing Index, levantamento sobre atividade industrial, alcançou o patamar mais elevado desde outubro de 2017, enquanto a Sondagem Industrial do Fed Filadélfia atingiu o patamar mais alto em quase 50 anos.
No mercado de trabalho, os pedidos de auxílio-desemprego recuaram de forma expressiva na semana passada, para 576 mil, o menor nível em mais de um ano. Além disso, as vendas no varejo cresceram 9,8% entre fevereiro e março, resultado muito acima das expectativas do mercado (alta de 6,1%).
Os resultados deixam para trás a performance majoritariamente negativa da atividade em fevereiro, especialmente influenciado pelo frio intenso, ilustrando os primeiros impactos do recém aprovado pacote fiscal, e a normalização da atividade frente o avanço da vacinação no país.
Não obstante, seguem as discussões sobre o pacote de infraestrutura de USD 2.25 trilhões, prioridade na agenda democrata. Apesar de correligionários de Biden manifestarem interesse em obter apoio republicano, não descartam a possibilidade do projeto avançar via reconciliation, manobra que permite evitar o filibuster no Senado. Diante da forte resistência democrata, acreditamos que o pacote deve avançar dessa maneira.
Zona do Euro
Na Zona do Euro, destaque também para dados de atividade referentes a fevereiro, e indicadores antecedentes de março. Apesar da ainda presenta volatilidade, os indicadores reforçam a visão de que a segunda onda da Covid-19 teve um efeito moderado na atividade econômica da região.
As vendas no varejo na Zona do Euro cresceram acima do esperado, em 3,0% m/m, com destaque positivo para a Itália, um dos países mais afetados pelo coronavírus ao longo do ano passado. Enquanto isso, á a pesquisa Zew na Alemanha permanece próximo aos máximos históricos, a despeito de registrar alta abaixo do esperado no mês.
Foi destaque também na região o plano para levantar EUR 800 bi em dívidas em cinco anos. O Bloco pretende emitir a primeira dívida sob o estímulo “Next Generation EU” em junho, e quase um terço do pacote será em títulos verdes, usando uma estrutura de regras a ser publicada no início do verão europeu.
China
A semana também contou com dados fortes da economia Chinesa. O PIB do 1º trimestre de 2021 apresentou expansão de 18,3% na comparação interanual, apenas um pouco abaixo da expectativa de mercado (19,2%). O grande destaque positivo ficou por conta das vendas no varejo, que cresceram mais de 6 p.p. acima das projeções de mercado. Os investimentos em ativos fixos e a produção industrial também tiveram bom desempenho no período. A despeito da base comparativa muito fraca, o resultado sinalizou retomada firme na economia do país asiático.
(Fonte XP e TC)