A Marfrig (BOV:MRFG3) é o investidor que está comprando a BRF, apurou o Pipeline. A companhia já prepara para hoje, no fim do dia, um comunicado ao mercado informando a posição que atingiu, em estratégia coordenada com o J.P.Morgan de compras à vista e aluguel.
As ações da BRF (BOV:BRFS3) dispararam nos últimos dias, com negociações atípicas. Ontem, a CVM chegou a pedir informações sobre as negociações atípicas, mas a BRF informou que não tinha informações para divulgar. Só nesta sexta-feira, os papéis da BRF movimentaram mais de R$ 700 milhões.
As compras mostram a disposição de Marcos Molina, que rechaçava com veemência uma negociação com a BRF, na dona da Sadia e Perdigão. Na terça-feira, quando boatos de que uma fusão entre as duas companhias surgiram no mercado, fontes graduadas da BRF negaram uma negociação.
Marfrig quer mandar na BRF — sem uma fusão
Ainda assim, uma posição de cerca de 20% fará da Marfrig o acionista de referência da BRF. As implicações regulatórias deste movimento, no entanto, não estão claras.
Nas últimas semanas, a companhia de Marcos Molina fez uma posição de 4,9% na BRF na forma de ADRs, permanecendo fora do radar dos investidores que acompanham os filings na CVM.
Num leilão acontecendo agora na B3, a Previ pretende vender cerca de 24 milhões de ações a R$ 27,15 — e a Marfrig pretende comprar parte substancial.
O objetivo de Molina não é fundir as duas empresas, como se especulou esta semana. O empresário tem mais de 50% do capital da Marfrig e pretende continuar controlando sua empresa.
Dois anos atrás, a Marfrig propôs uma fusão com a BRF — em termos que, na época, eram muito mais favoráveis do que hoje aos acionistas da BRF, se as empresas se fundissem pelo valor de mercado. O board da BRF, no entanto, rejeitou a proposta.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
Em relatório, o banco explicou que o aumento do preço-alvo dos papéis da Marfrig reflete o ganho de valor de mercado estimado com a aquisição de 24,23% das ações da BRF, enquanto o rebaixamento da recomendação dessa última se deve ao menor potencial de alta de suas ações.
Bradesco BBI eleva recomendação para compra e preço-alvo de R$ 22,00 para R$ 25,00…
Citi
A aquisição da 24,2% do capital da BRF pela Marfrig torna esta última a maior acionista individual da BRF, o que, na opinião do Citi pode significar o primeiro passo para uma combinação de negócios completa entre as duas companhias.
Em relatório, o banco norte-americano afirma que a empresa resultante da fusão “seria um player diversificado de proteínas, com 62% da receite de carne bovina, 18% de alimentos processados, 17% de aves e 3% de carne de porco”, com operações nos EUA, Brasil, Uruguai, Arábia Saudita, Argentina e outros países.
Dessa forma, a nova empresa se assemelharia a companhias globais como JBS e Tyson Foods. O Citi disse também que Marfrig e BRF têm perfis operacionais muito diferentes, sendo que a Marfrig opera 100% com carne bovina e a BRF com aves e suínos, razão pela qual há oportunidades comerciais naturais na negociação de uma cesta maior de produtos
Informações Pipeline e Brazil Journal