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Reais não poderão ser integralmente convertidos em moeda digital, diz Campos Neto

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BRASÍLIA (Reuters) – O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (25) que as moedas digitais como a que está em estudo pelo BC são melhor adaptadas aos contratos digitais que ganham força com as plataformas de blockchain, mas ele frisou que ainda há muitos questionamentos em torno do novo instrumento.

Em videoconferência promovida pela empresa de private equity EB Capital, Campos Neto afirmou que não será possível, por exemplo, permitir que todos convertam a totalidade de suas moedas físicas em moeda digital, porque isso imporia um risco ao sistema financeiro.

“Se ela é uma extensão da moeda física, e pode ser convertida no mesmo valor, no mesmo tempo, você teria que abrir uma conversão total. Ou seja, se toda a sociedade demandasse trocar toda moeda física pela eletrônica, ela poderia. Isso, obviamente, não pode, porque geraria enorme problema para os bancos, que sofreriam com a parte do multiplicador bancário.”

“Existem várias perguntas que não são respondidas nesse mundo, ainda, e a gente está avançando, mas acho que o primeiro passo foi dado, que é entender quais são os pilares da moeda digital do futuro”, pontuou.

Na manhã desta segunda, o BC divulgou as diretrizes que devem ser adotadas no potencial desenvolvimento de uma moeda digital brasileira emitida pelo própria autoridade monetária, com previsão de uso em pagamentos de varejo.

De acordo com a autarquia, a ideia é que a moeda digital funcione como uma extensão do real. Ela será distribuída ao público pelos bancos e fintechs, que terão a custódia do ativo, mas será 100% garantida pelo BC e não será remunerada –as instituições não poderão usar esses recursos para aplicações ou empréstimos, como acontece com o real.

“Como vão ser as trocas, as negociações no futuro? A gente entende que em algum momento esse movimento de ‘tokenização’, ou seja, transformar títulos em códigos numéricos e ser negociado via plataforma de blockchain, a gente entende que isso é um ‘network’ que, independente de as pessoas gostarem ou não da criptomoeda, o ‘network’ em si é muito proveitoso, eficiente”, disse Campos Neto.

“E a gente vai viver em algum momento, eu acho que em breve, uma abundância de ‘smart contracts’, que são contratos digitais. E aí a moeda digital, ela se encaixa melhor com contrato digital do que a moeda física”, acrescentou.

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