O economista e especialista em criptomoedas Fernando Ulrich deu uma entrevista nesta semana ao Gaúcha ZH destacando a importância do sistema de pagamentos do Banco Central, o Pix, na busca da autoridade financeira pela digitalização da moeda brasileira.
Segundo Ulrich, o lançamento do Pix, em novembro de 2020, formou uma das bases mais importantes para o lançamento de uma criptomoeda oficial do Banco Central, projeto que já está em andamento e que tornaria o real uma moeda digital:
“Por ironia do destino, o Brasil é um dos mais avançados na moeda digital. Pouca gente se deu conta, mas a arquitetura básica do Pix, hoje encarado só como um sistema de pagamentos, já é o real digital. Para o BC implantar, bastaria uma carteira digital, uma BC Wallet. O Pix foi desenhado já com a arquitetura básica do sistema de um real digital e está sendo usado amplamente. “
Segundo ele, o Banco Central não vai precisar acrescentar muitos sistemas para tornar o real digital, e a principal negociação para a realização do projeto será com os bancos, que hoje dominam o mercado financeiro:
“O Brasil está muito avançado tecnologicamente. Há poucos sistemas a serem acrescentados para fazer o real digital. O problema não é tecnológico, mas político, do ponto de vista das relações do BC com o sistema bancário. Os bancos são criadores de moeda, por meio do crédito. Se o BC insere o real digital, cria um grande incentivo para ninguém mais usar banco. Pode haver perda de depósitos e complicar a atividade de intermediação bancária. Esse é um problema que nenhum BC conseguiu resolver adequadamente.”
O economista ainda diz que acredita que no futuro dinheiro e criptomoedas serão “complementares”, e explica:
“Vão seguir existindo porque oferecem independência, liberdade e blindagem da interferência política e monetária, da inflação. Nenhum outro ativo vai conseguir oferecer. São ativos monetários com papel semelhante ao que o ouro já teve. São a grande alternativa neste século e talvez no outro. Tem economistas que sugerem a abolição de dinheiro em espécie, então não vai ter outra alternativa para ter algum tipo de liberdade efetiva nesse mundo financeiro. “
O economista é considerado um dos maiores especialistas do Brasil para as criptomoedas, com passagens pela XP Investimentos antes de entrar para a Liberta Investimentos, que é uma empresa de educação financeira.
O economista é dos mais ativos na comunidade de criptomoedas brasileira no Twitter. Em maio, durante a perseguição chinesa aos mineradores, ele disse que o mundo testemunhava uma migração em massa dos mineradores e que aquele seria mais um teste para o Bitcoin.
Por Lucas Caram