Em agosto, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários, Gary Gensler, sugeriu que a agência poderia finalmente permitir um ETF de Bitcoin – um movimento que tornaria mais fácil para os investidores comprarem a criptomoeda no mercado acionário, o que aumentaria a liquidez geral do ativo. Contudo, a aprovação pode frustrar os investidores, entenda.
Em seus comentários, que ocorreram em uma cúpula em Aspen, Gensler disse que a SEC estava “particularmente ansiosa para [revisar] os ETFs limitados a… futuros de Bitcoin negociados pela CME“.
Em linguagem simples, isso pode significar que a SEC provavelmente dará luz verde para ETFs vinculados ao mercado de futuros – contratos sintéticos vinculados a um preço futuro em vez de quantidades reais de bitcoin.
Os comentários de Gensler frustraram e confundiram muitos na indústria de criptomoedas, que há anos espera por um ETF nos Estados Unidos, mesmo com reguladores em outros países, incluindo Canadá e Brasil já tendo aprovado o instrumento financeiro.
“Isso é como favorecer uma criança em detrimento de outra”, disse Michael Sonnenshein, CEO da Grayscale, que se inscreveu pela primeira vez para obter um ETF de Bitcoin em 2016, sendo a maior gestora de cripto-ativos do mundo. Sonnenshein observou que a SEC aprovou ao longo dos anos milhares de ETFs não vinculados ao mercado de futuros e observou as objeções iniciais da agência.
“Ter uma posição dizendo ‘Estou confortável com um ETF baseado em derivativos de Bitcoin’ significa que você está dizendo que está confortável com o mercado subjacente”, disse ele.
A aparente preferência de Gensler por um ETF vinculado ao mercado de futuros provavelmente está ligada ao fato de que tal produto se enquadraria em uma lei de 1940 que fornece uma gama mais ampla de proteção ao investidor do que uma lei semelhante de 1933 que rege ETFs vinculados ao mercado de ações.
De acordo com a Grayscale, no entanto, não há nada na lei de 1933 que impediria a SEC de aprovar um pedido de um ETF de spot de Bitcoin que se comprometesse a corresponder a essas proteções adicionais. Essas proteções incluem a exigência de que a empresa tenha um conselho independente – algo que um porta-voz da empresa disse que ela, e qualquer outra empresa que deseja listar ações na NASDAQ ou na NYSE, já possui.
Sonnenshein também observou que um ETF de Bitcoin vinculado ao mercado futuro seria mais caro de criar do que um mercado à vista, que por sua vez custaria mais para os consumidores. Enquanto isso, há uma questão de quantos investidores de varejo se aventurariam no mercado de derivativos para comprar um ETF futuro de Bitcoin – um mercado que é mais complicado, e para muitos intimidador, do que o mercado de ETF normal.
Por João Victor