De transações reversíveis a maior regulamentação e uma crescente onda de censura, a adoção em massa fará com que as criptomoedas se pareçam mais com os sistemas dos quais estamos tentando escapar.

Durante anos, a adoção em massa foi lançada como o fim do jogo de criptografia. Devemos imaginar um mundo onde possamos pagar nosso café da manhã com stablecoins e colocar hipotecas em cadeia para serem usadas como garantia em finanças descentralizadas (DeFi). Em um mundo em que a criptomoeda se tornou popular, os preços provavelmente atingiriam os máximos de todos os tempos, mas a que custo?

Concessões inevitavelmente seriam feitas para atender às expectativas dos consumidores para realizar esse futuro.

Embora a proliferação do banco on-line possa parecer que preparou o terreno para uma transição perfeita para o DeFi, os clientes de finanças tradicionais (TradFi) estão acostumados a um nível de segurança inerente ausente no DeFi. Ao contrário das finanças tradicionais, onde as cobranças podem ser declaradas fraudulentas e os maus atores são proibidos de listar fundos negociados em bolsa, não há autoridade centralizada para registrar uma reclamação ou revisar as ofertas iniciais de moedas em criptomoedas. Embora isso possa parecer intimidante, é precisamente o que torna o espaço único; os usuários recebem controle total e soberano sobre suas finanças, e as equipes podem criar produtos sem permissão.

O consumidor médio esperaria estar protegido contra hacks e exploits e receber proteção de estorno para fazer a transição do TradFi. As medidas necessárias para atender às expectativas dos consumidores inviabilizariam a inovação futura e diminuiriam muito a imutabilidade e a descentralização do DeFi, um de seus princípios fundamentais. Embora já existam planos para criar transações reversíveis opt-in para mitigar os danos de futuros hacks e exploits, a pressão do consumidor provavelmente desencadearia uma abordagem de cima para baixo, que quase certamente seria implementada com muito menos sutileza e cuidado para a indústria do que as perspectivas atuais.

O aumento da pressão do consumidor significaria que os reguladores desempenhariam um papel de liderança em ditar o futuro da criptomoeda, garantindo que a atividade na cadeia atenda aos padrões de conformidade de conhecer seu cliente. Essas medidas teriam um impacto desproporcional em equipes menores, pois as grandes empresas poderiam trazer novas equipes focadas especificamente em conformidade ou simplesmente pagar as multas. Mas a criptomoeda é o que é hoje por causa de pequenas equipes; O Ethereum foi fundado por um grupo de oito indivíduos. Equipes pequenas podem inovar e tomar decisões em um ritmo muito maior do que organizações maiores, que podem ser prejudicadas pela burocracia ou por vários stakeholders. Ao aumentar a barreira de entrada para equipes menores, a regulamentação em massa impediria a própria inovação pela qual o DeFi é conhecido e efetivamente acabaria com as operações sem permissão.

As recentes sanções contra o Tornado Cash são um ótimo exemplo de quão rapidamente a regulamentação pode mudar o setor. Após as sanções, chamadas de procedimentos remotos, retransmissores e aplicativos se moveram rapidamente para cumprir – e compreensivelmente, não se pode esperar que os construtores enfrentem a prisão em nome de defender os princípios da criptomoeda. Essa instância demonstra a capacidade dos reguladores de restringir até os projetos mais imutáveis ​​e descentralizados. Se seguirmos o precedente estabelecido neste exemplo, parece impossível que a criptografia possa escalar para adoção em massa sem perder seus princípios fundamentais.

Fonte: Geoffrey Moore

Embora um dos principais pontos de venda da criptomoeda sejam os valores resistentes à censura, sem permissão e descentralizados que permeiam todo o setor, a adoção em massa, sem dúvida, impediria, se não interromper completamente, esses princípios. Provavelmente veríamos consolidações e concessões à medida que as empresas enfrentam a realidade da regulamentação. Em breve, o DeFi pareceria estranhamente semelhante à indústria TradFi da qual usuários e desenvolvedores estavam tentando escapar.

Não precisa ser assim.

Uma das principais razões pelas quais os reguladores estão interessados ​​em ir atrás da criptomoeda é que ela foi comercializada para o consumidor médio. As consequências do Anchor e do Celsius teriam sido muito menores se os danos tivessem sido limitados a grupos menores de usuários informados que entenderam os riscos.

Por esse motivo, focar em melhorar o UX de criptografia sem primeiro construir sistemas antifrágeis é uma receita para o desastre. Se a interface do usuário for intuitiva o suficiente, muitos ignorarão a mecânica subjacente e assumirão que estão sãos e salvos. Por outro lado, a criptomoeda não precisaria atender às expectativas do consumidor médio (reversibilidade, reversões etc.) se fosse construída para uma base de usuários que priorizasse seus princípios.

A criptomoeda pode ser o futuro das finanças, ou pode ser sem permissão, descentralizada e resistente à censura, mas provavelmente não pode ser as duas coisas. Embora a ideia de adoção em massa como o jogo final tenha sido dada como certa, talvez devêssemos construir um futuro que preserve os princípios fundamentais da criptomoeda para aqueles que a desejam, aceitando que isso possa custar a adoção em massa.

Por Sam Forman

Isenção de responsabilidade: A ADVFN não faz recomendações de ativos. A matéria tem cunho jornalístico. As opiniões expressas neste artigo são exclusivamente do autor. O conteúdo destina-se a ser usado apenas para fins informativos. É muito importante fazer sua própria análise antes de fazer qualquer investimento.