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Americanas detecta inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões ligadas à conta de fornecedores

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A Americanas encontrou numa análise preliminar o que chamou de “inconsistências contábeis” da ordem de R$ 20 bilhões ligadas à conta de fornecedores. Após a detecção dessas inconsistências, o presidente-executivo, Sergio Rial, decidiu deixar a companhia.

O comunicado foi feito pela companhia (BOV:AMER3) nesta quarta-feira (11).

O grupo de varejo afirmou que, apesar de não conseguir determinar todos os impactos do problema no balanço da empresa “neste momento”, acredita que “o efeito caixa dessas inconsistências seja imaterial”.

Como referência, o atual valor de mercado da Americanas é de cerca de R$ 11 bilhões.

A Americanas afirmou que a decisão de Rial de sair da empresa ocorreu por conta da “consequente alteração de prioridades da administração” e que ele continuará como assessor dos acionistas de referência, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

As inconsistências foram detectadas em lançamentos contábeis redutores da conta de fornecedores em anos anteriores, incluindo 2022, e a cifra de R$ 20 bilhões refere-se à data-base de 30 de setembro passado, afirmou a Americanas no fato relevante.

Segundo a empresa, dona de sites de varejo como Submarino e Americanas.com e da Ame, a contabilidade identificou “operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem acima, nas quais ela é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta fornecedores nas demonstrações financeiras”.

André Covre, diretor financeiro e de relações com investidores, também renunciou ao seu cargo na varejista. Tanto Rial quanto Covre foram empossados em 2 de janeiro 2023 e a saída tem efeito imediato.

A chegada de Rial, que ficou apenas 10 dias no comando da Americanas, era carregada de expectativas. Esperava-se que o executivo, ex-presidente do Santander Brasil, trouxesse novas ideias para a varejista. Além disso, com a experiência que possui no setor financeiro, a projeção era de que Rial contribuísse significativamente para o avanço da Ame, a plataforma financeira da Americanas.

Com a saída de Rial e de Covre, o Conselho de Administração nomeou interinamente João Guerra para os cargos de presidente e diretor de RI. A empresa apontou que o executivo conta “com ampla trajetória na companhia nas áreas de tecnologia e recursos humanos, e não envolvido anteriormente na gestão contábil ou financeira”.

O Conselho decidiu ainda criar um comitê independente para apurar as circunstâncias que ocasionaram as referidas inconsistências contábeis, que terá os poderes necessários para a condução de seus trabalhos.

Em carta a funcionários obtida pelo InfoMoney, Rial apontou que Guerra atuará no cotidiano da empresa até a finalização dos trabalhos de identificação de todas as inconsistências. “A posição de caixa é sólida em mais de R$ 8 bilhões e seguiremos pagando nossos fornecedores no prazo estipulado, [assim como] todas as nossas obrigações”, afirmou. Ele definiu a fase atual da empresa como árida e penosa por conta do ajuste e impacto do mercado, afirmando que o compromisso dos funcionários é crucial no momento.

As primeiras análises de mercado trazem uma visão negativa para a ação, mas também pontuando incertezas sobre quais são os efeitos dessas inconsistências contábeis.

Anderson Meneses, CEO & Fundador da Alkin Research, destaca que a notícia surpreende bastante, já que Rial não completou nem uma quinzena na empresa. A ação vinha subindo nas últimas semanas, após um 2022 de forte queda para os ativos, com as ações entre as maiores perdas do Ibovespa.

Segundo Meneses, a notícia pode favorecer alguns pares do setor, porque quem busca exposição ao varejo, agora, dificilmente o fará pela Americanas. “Por enquanto, ainda não temos a determinada escala desse anúncio”, avalia.

Leandro Siqueira, sócio fundador da Varos Research, aponta que o fato relevante que a Americanas divulgou não é tão claro e a própria empresa provavelmente está tentando entender o que aconteceu. “Só teremos uma visibilidade maior quando eles emitirem seu balanço, que eles vão ter que fazer isso. O mercado deve massacrar as ações”, avalia.

De acordo com Siqueira, parece que Americanas deixou de registrar uma das contas do negócio que chama risco sacado, quando a empresa compra os produtos do fornecedor e ao invés de pagar nos próximos 90 dias, negocia com o banco para fazer um adiantamento para o fornecedor. O banco adianta e a varejista fica com a contraparte. “Parece que a Americanas removeu da conta de fornecedores a parte que o banco adiantou, mas não colocou a outra parte.”

  • Os R$ 20 bilhões estão no balanço da Americanas, mas contabilizados de forma errada, diz Rial

O ex-CEO da Americanas SA, Sergio Rial, explicou hoje em conferência para clientes do BTG como ocorreu o rombo de R$ 20 bilhões na empresa. Ele afirmou que “esse valor está totalmente dentro do balanço da varejista”, mas disse que as despesas financeiras com dívidas bancárias de compras de fornecedores foram contabilizadas de forma errada.

“Não existe R$ 20 bilhões fora do balanço”, afirmou o executivo. Ele relatou que, quando tomou posse, em 2 de janeiro começou a investigar, junto com o diretor financeiro André Covre, e descobriu “inconsistências” na contabilização de alguns itens. “Ao seguirmos explorando essa discussão, a gente encontra claramente algumas distorções importantes”, afirmou.

  • Contabilização do risco sacado não aparece como dívida, explica ex-CEO

Uma das primeiras coisas que Rial notou nos números da Americanas SA foi que nas cartas de circularização encaminhada aos bancos, a contabilização do risco sacado não aparece como dívida. “Existem critérios muito claros sobre o risco sacado“, explicou ele. “Se, por exemplo, for um fornecedor menor, para quem a varejista “empresta” o balanço (para financiá-lo) é tudo contabilizado na conta do fornecedor. Já se o banco paga o fornecedor para a empresa que comprou o produto, ela passa a dever ao banco, ou seja, é dívida bancária.”

Ele citou, como exemplo, uma compra hipotética de R$ 1 mil da Americanas em um fornecedor. O banco paga esse fornecedor com deságio e a diferença é paga pela Americanas, com uso de recursos do caixa. Ao final de um ano, a varejista tem que pagar o banco. “Claramente é uma transação de natureza bancária”, disse Rial.

Por isso, a dimensão é muito mais de dívida e não da conta do fornecedor do balanço. Neste ponto, é preciso investigar onde está contabilizado a despesa financeira do financiamento desta compra de R$ 1 mil.

  • Estoque da dívida bruta não bate com despesas financeiras

Ao olhar a conta de resultados do balanço da Americanas SA, o ex-CEO da companhia, Sergio Rial, disse que o estoque de dívida bruta não bate com o número de despesas financeiras.

Segundo ele, é impossível, em apenas 9 dias, reconciliar as respectivas fontes com os respectivos lançamentos contábeis, o que será feito pela auditoria externa, a Pwc. Como este custo financeiro da dívida bancária não estava contabilizado corretamente, o próximo ponto foi ver onde estava o lançamento da despesa. “Até onde a gente foi capaz de observar, houve o pagamento da despesa financeira.

Absolutamente tudo foi pago”, afirmou. Segundo ele, balanços anteriores não precisam ser refeitos. “Estamos basicamente dizendo que a empresa tem mais dívida do que o assumido pelo mercado”. Já sobre a liquidez do caixa da companhia, estimado entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões, Rial disse que não haverá impacto nessa posição. “Tudo foi pago, impostos, financiamentos, despesas.”

VISÃO DO MERCADO

Ativa Investimentos

A Ativa Investimentos considera o impacto do anúncio da descoberta de inconsistências no balanço da Americanas da ordem de R$ 20 bilhões, o que motivou a saída de Sergio Rial da presidência da companhia e de André Covre do cargo de diretor de RI, como “muito negativo” para as ações e para a empresa.

A casa afirmou que havia rebaixado a recomendação para os ativos da Americanas para neutra com uma expectativa de que a nova gestão pudesse reestruturar as operações do grupo, “porém, com essa notícia, o impacto é muito negativo para as ações e para a empresa como um todo e estamos aguardando mais informações a serem divulgadas pela companhia”.

A área contábil da Americanas informou que a empresa possui valores em débitos com instituições financeiras que não estava refletindo na conta de fornecedores nas demonstrações financeiras do 3TRI, o que, para a Ativa, dá a entender que a companhia estaria mais alavancada do que realmente está.

Bradesco BBI

A regularização das “inconsistências” contábeis encontradas no balanço das Americanas, estimadas em R$ 20 bilhões, pode levar os bancos credores a ter de fazer uma baixa contábil nesse valor, no pior dos cenários. Essa é a avaliação de analistas do Bradesco BBI em relatório sobre o caso.

O documento ressalta que ainda não está claro qual foi exatamente o problema. A questão diz respeito ao financiamento tomado pela varejista em bancos para pagar fornecedores, operações conhecidas como “risco sacado” ou “fotfait”. Porém, não detalhou como isso se deu.

De acordo com o Bradesco BBI, caso o pior cenário se materialize e os bancos tenham de baixar a prejuízo (“write off”) dos R$ 20 bilhões, as seis instiutições financeiras cobertas pelos analistas teriam um impacto de 4,5% em capital. Esses bancos têm uma exposição de 3,6% ao setor de varejo na carteira de crédito.

O relatório também diz que Santander e BTG Pactual são os bancos com mair exposição ao setor de varejo. O segmento representa cerca de 7% da carteira de crédito de cada um. Itaú e ABC Brasil têm cerca de 3% de seus portfólios ligados a empresas do varejo, enquanto Banco do Brasil têm em torno de 2%.

O Bradesco não foi analisado, já que o relatório foi produzido por analistas da própria instituição financeira. Mas, de acordo com o balanço do terceiro trimestre, a exposição do banco ao setor de varejo estava em 5,9% no fim de setembro.

Os analistas reiteram, no entanto, que ainda não se sabe qual a exposição dos bancos a Americanas e, mais especificamente às operações que não foram devidamente contabilizadas.

Bradesco BBI tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 10,50…

Citi

Ainda é cedo para dizer se as inconsistências financeiras de R$ 20 bilhões que a Americanas em seu balanço terão efeito material na empresa, diz o Citi. O banco destaca que há falta de visibilidade sobre o tema e vai depender dos achados da investigação da companhia.

Os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo escrevem que a notícia é muito negativa, com impacto na sua credibilidade e governança, piorando o já cenário de ceticismo que envolve a evolução operacional da empresa em meio a desaceleração do comércio eletrônico.

“Neste momento não conseguimos calcular quais os passivos de verdade da companhia, no terceiro trimestre a dívida líquida estava em R$ 10 bilhões e a alavancagem em 3,3 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses”, comentam. “Isso claramente é o início de uma história longa e complexa.”

Citi tem recomendação neutra com preço-alvo em R$ 15,70…

JP Morgan 

O JPMorgan, por sua vez, seguiu com a sua recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para os ativos AMER3. A classificação foi cortada no início de novembro de 2022 com a visão de alavancagem alta e desafio nas lojas físicas, com então preço-alvo de R$ 12,50 (4% maior ante o fechamento da véspera).

“Vemos a situação de fluxo de caixa da empresa, que foi o motivo pelo qual recentemente cortamos a recomendação para a ação a underweight, como muito mais delicada do que o previsto, com a empresa alavancando significativamente as transações de financiamento de fornecedores – aparentemente não devidamente contabilizadas – para financiar seu capital de giro. Assim, à medida que a nova gerência sai citando mudanças nas prioridades da empresa, vemos o reequilíbrio da estrutura de capital e gerenciamento de passivos como o foco mais provável do curto prazo”, avalia o JP.

Antes do anúncio, os analistas do banco estimavam a necessidade de cerca de R$ 4 bilhões a R$ 6 bilhões para endereçar a estrutura de capital, que se compara ao valor de mercado da empresa de R$ 11 bilhões.

“Em uma visão mais ampla, a empresa deve reconhecer R$ 20 bilhões em passivos adicionais, que provavelmente serão contabilizados no curto prazo dada a natureza típica de tais transações. E esse valor provavelmente será principalmente reservado no patrimônio líquido, mesmo após eventuais ajustes. O valor do patrimônio líquido era de cerca de R$ 15 bilhões no 3T22, sugerindo potencial patrimônio líquido negativo à frente”, aponta.

Além disso, a magnitude das operações de financiamento de fornecedores está próxima do Custo de Produtos Vendidos (CPV) previsto para o ano de 2022 (R$ 19 bilhões), o que pode significar que a empresa estava potencialmente pagando fornecedores apenas por meio de transações de financiamento, que são tipicamente transações de curto prazo, indicando uma situação financeira ainda pior do que o JP acreditava.

Além disso, pode implicar também que a empresa vem acumulando dívidas de financiamento de fornecedores com instituições financeiras há algum tempo, algo que seria surpreendente dada a elevada magnitude da soma e a ausência de reclamações (pelo menos públicas) de instituições financeiras sobre o tema.

“Dito isto, mais discussões sobre uma possível rodada de capitalização podem surgir, já que a empresa tem uma posição de caixa de R$ 9 bilhões com R$ 5 bilhões em recebíveis e R$ 6 bilhões em estoques a partir do 3T22 em meio ao aumento potencial de R$ 20 bilhões em passivos no curto prazo”, afirma o banco.

Além disso, dependendo dos impactos no Demonstrativo de Lucros e Perdas, a empresa pode quebrar suas cláusulas de dívida de 3,5 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês).

JP Morgan tem recomendação underweight com preço-alvo de R$ 12,50…

Morgan Stanley

Morgan Stanley, por sua vez, colocou a recomendação sob revisão ante visão positiva anteriormente para os ativos. Em 5 de janeiro, os analistas da casa tinham reforçado exposição overweight (acima da média do mercado, equivalente à compra) para AMER3 dentro do universo de e-commerce, destacando as perspectivas positivas com a nova gestão. Na ocasião, o preço-alvo tinha sido cortado de R$ 21 para R$ 16, mas ainda representando um potencial de valorização de 33%.

“Retiramos nossa recomendação uma vez que a reviravolta operacional que vislumbrávamos ficou completamente nublada e temos visibilidade limitada sobre a extensão das inconsistências contábeis. Quando elevamos a recomendação para AMER3 a overweight em outubro de 2022, um pilar fundamental de nossa tese foi o potencial da nova administração para conduzir uma reviravolta operacional que, juntamente com um cenário de consumo melhor para 2023, poderia levar a um ciclo positivo de expansão da margem”, afirma o banco.

“Assim, com os novos CEO e CFO saindo em menos de duas semanas de trabalho, agora vemos os catalisadores fundamentais como limitados para reverter a situação da Americanas em vendas online e offline e pressões de margem”, aponta, também destacando o grande valor da inconsistência contábil em relação ao tamanho do negócio.

“As investigações estão em andamento, detalhes iniciais são limitados e os impactos na demonstração de resultados e no balanço são desconhecidos neste momento”, avalia a equipe de análise do Morgan, apontando esperar mais detalhes para revisitar os pontos de vista.

Morgan Stanley tem recomendação de compra e reduz preço-alvo de R$ 21,00 para R$ 16,00…

XP Investimentos

A XP colocou em revisão sua cobertura de Americanas SA, “dada a falta de visibilidade sobre o que de fato aconteceu e os impactos efetivos a serem observados nas demonstrações financeiras da companhia”.

A casa de análise cita alguns aspectos que a levaram a essa medida. Dentre eles está a saída de Sérgio Rial do cargo de CEO da companhia, já que para a XP ele era um pilar importante para sustentar o processo de transformação da companhia, devido a seu histórico de execução, gestão focada na redução de custos e credibilidade com o mercado.

“Sua saída pode ser vista pelos investidores como um alerta de mais riscos à frente”, afirma a casa. A XP vê também a possibilidade de três impactos negativos no anúncio feito ontem: aumento da alavancagem, já que o endividamento da Americanas pode aumentar dependendo dos ajustes em seu balanço patrimonial; maior custo de dívida, por conta da maior percepção de risco de crédito e liquidez e deterioração do capital de giro, dado que a companhia poderá ter problemas em manter os dias de pagamento a fornecedores, por conta de seu ciclo de caixa pior.

Além disso, a XP diz que pode haver riscos de processos judiciais nos EUA, tendo em vista que a empresa tem ADRs negociados no país.

XP tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 20,00…

Informações Infomoney

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