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Crise da Americanas afetou, em certa medida, a percepção dos investidores sobre a Ambev

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A crise da Americanas afetou, em certa medida, a percepção dos investidores sobre a Ambev. As duas companhias têm o trio de investidores Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles entre seus principais acionistas.

Na companhia de bebidas, um dos indícios da piora da percepção é o aumento da taxa de remuneração do acionista que empresta o papel para aluguel. Na casa de 1,2% antes da descoberta do escândalo contábil, chegou a bater em 5% no dia útil após o caso se tornar público e se mantém em patamar mais alto. Hoje, estava em 4,5%.

Taxas mais altas indicam uma maior demanda pela operação, ou seja, que mais investidores apostam na queda da ação. Em janeiro, o papel da companhia acumula retração de 7,3%, enquanto o Ibovespa cai 2,3%.

No caso da Americanas, que é menos líquida, há registro da taxa de remuneração do aluguel em mais de 300% após o anúncio do rombo contábil de R$ 20 bilhões. No último pregão, a média era de 55%. No mês, o papel caiu 91,5% e é cotado a menos de R$ 1. No entanto, como a Ambev é uma ação muito líquida na B3, sempre tem investidores no mercado dispostos a doar o papel para aluguel. Por isso, a taxa do aluguel não dispara tanto como em empresas de menor volume de negócios.

É por meio do mercado de aluguel e opções que o investidor monta uma estratégia vendida no papel, apostando em sua queda. Para isso, precisa ter a ação física como garantia. “Qualquer variação no preço do aluguel é relevante, pois mostra o que o mercado está esperando para a variação daquele papel”, diz Julia Monteiro, analista da MyCap.

“Ambev sempre tem doador disponível, mas mesmo assim as taxas tiveram um aumento”, comenta um gestor da Faria Lima. Desde a descoberta do rombo, ele passou a apostar na queda do papel e lembra que outras companhias administradas por Lemann e seus sócios já tiveram algum tipo de problema contábil no passado.

No mercado, é conhecido o caso da ALL, que ao ser comprada pelo grupo Cosan em 2015, teve os balanços de 2013 e 2014 republicados, por práticas que acabaram inflando indicadores como o Ebitda. Pouco depois foi a vez da Kraft Heinz, acusada por reguladores americanos de ter contratos falsos com fornecedores e mascarar custos associados a estas operações, resultando na republicação de balanços e o reconhecimento de uma baixa contábil de mais de US$ 15 bilhões.

“O histórico ficou confuso. Houve questões financeiras da ALL na Kraft Heinz. Assim, o fato de haver participação do trio na Ambev certamente imputa um risco ao papel que tem de ser contabilizado”, avalia Monteiro.

Na noite de ontem, o trio de investidores emitiu pela primeira vez, desde o início da crise da Americanas, um comunicado no qual alegam que não tinham conhecimento do que chamaram de “manobras ou dissimulações contábeis” nas contas da varejista. Eles acrescentam que nem empresa de auditoria, a PWC, nem os bancos, jamais denunciaram qualquer irregularidade relativa à companhia.

“Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país”, afirma o trio em nota.

Na Faria Lima, comenta-se que grandes bancos credores da Americanas (BOV:AMER3) estão mais cautelosos ao avaliar novos financiamentos para a Ambev. Um executivo de banco conta que é difícil não fazer associações das duas companhias neste momento e levar em conta a postura de Lemann e seus sócios, que demoraram vários dias para vir a público falar do caso da Americanas, e tentam agora atribuir aos bancos parte da responsabilidade.

Transformação

O Credit Suisse disse em relatório que o anúncio da Americanas sobre inconsistências contábeis abriu uma caixa de Pandora de muitas incertezas. No entanto, os analistas acreditam que o peso negativo sobre os papéis da cervejaria não tem razão real. “Embora o caso da Americanas possa ser um problema para as ações [da Ambev], acreditamos que as preocupações são injustificadas”, diz.

O banco suíço destaca que a Ambev (BOV:ABEV3) vem passando por uma transformação cultural significativa após as mudanças na gestão em 2020, saindo do chamado “3G-Way” (em referência aos acionistas de referência da Americanas Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles) para um ecossistema saudável e sustentável pautado em consumidor-cliente-fornecedor. “A AmBev pode ser vítima do trio 3G? Em primeiro lugar, a Ambev não tem exposição a operações de financiamento de fornecedores”, destaca o banco.

Procurada, a Ambev não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

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