Sam Bankman-Fried se declarou inocente no tribunal federal de Nova York na terça-feira (03) por oito acusações relacionadas ao colapso de sua exchange cripto FTX e o fundo de hedge Alameda Research.

O ex-bilionário cripto foi indiciado por acusações de conspiração para cometer fraude eletrônica e fraude com valores mobiliários, acusações individuais de fraude com valores mobiliários e fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e conspiração para evitar regulamentos de financiamento de campanha.

O juiz Lewis Kaplan propôs 2 de outubro como a data de início do julgamento de Bankman-Fried.

Bankman-Fried chegou do lado de fora do tribunal em um SUV preto e foi cercado por câmeras desde o momento em que seu veículo chegou. A confusão ficou tão densa que a mãe de Bankman-Fried não conseguiu sair do veículo, caindo na calçada molhada enquanto as câmeras se esforçavam para dar uma olhada em seu filho.

Bankman-Fried foi puxado pela segurança pela multidão até o tribunal em questão de momentos, com os fotógrafos lutando para sair do caminho.

No início do dia, os advogados de Bankman-Fried apresentaram uma moção para selar os nomes de dois indivíduos que garantiram a libertação de Bankman-Fried sob fiança. Eles alegaram que a visibilidade do caso e do réu já havia colocado em risco os pais de Bankman-Fried e que os fiadores não deveriam estar sujeitos ao mesmo escrutínio. Kaplan aprovou a moção no tribunal.

A promotora federal Danielle Sassoon disse ao tribunal que Bankman-Fried havia trabalhado com reguladores estrangeiros para transferir ativos que a administração da FTX nos Estados Unidos vinha tentando recuperar por meio do processo de falência do Capítulo 11.

Os reguladores das Bahamas dizem que as leis locais lhes dão jurisdição sobre esses ativos e contestam a validade dos procedimentos do Capítulo 11 dos EUA.

Os promotores federais parecem concordar com os advogados da FTX nos EUA. Sassoon pediu a Kaplan para impor uma nova restrição impedindo o Bankman-Fried de transferir ou acessar ativos de clientes FTX. O juiz também aprovou essa moção.

Bankman-Fried voltou das Bahamas para os Estados Unidos em 21 de dezembro e no dia seguinte foi libertado sob fiança de US$ 250 milhões, garantida pela casa de sua família na Califórnia.

Os promotores federais também anunciaram o lançamento de uma nova força-tarefa para recuperar os bens das vítimas como parte de uma investigação em andamento sobre Bankman-Fried e o colapso da FTX.

“O Distrito Sul de Nova York está trabalhando dia e noite para responder à implosão do FTX”, disse o procurador dos EUA, Damian Williams, em comunicado na terça-feira.

O escritório do procurador dos EUA para o SDNY argumentou que Bankman-Fried usou US$ 8 bilhões em ativos de clientes para compras extravagantes de imóveis e projetos de vaidade, incluindo direitos de nomeação de estádios e milhões em doações políticas.

Os promotores federais elaboraram a acusação contra Bankman-Fried com velocidade incomum, reunindo as acusações criminais contra o homem de 30 anos em questão de semanas. As acusações federais vieram junto com as reclamações da Commodity Futures Trading Commission e da Securities and Exchange Commission.

Eles foram auxiliados por dois dos aliados mais próximos de Bankman-Fried, Caroline Ellison, ex-CEO de seu fundo de hedge Alameda Research, e Gary Wang, co-fundador da FTX com Bankman-Fried.

Ellison, 28, e Wang, 29, se declararam culpados em 21 de dezembro. Seus acordos com os promotores surgiram após especulações desenfreadas de que Ellison, ex-parceiro romântico de Bankman-Fried, estava cooperando com as investigações federais.

Outro ex-executivo da FTX, Ryan Salame, aparentemente primeiro alertou os reguladores sobre supostas irregularidades dentro da FTX. Salame, ex-co-CEO da FTX, sinalizou “possível má administração dos ativos dos clientes” aos reguladores das Bahamas dois dias antes da exchange de criptomoedas entrar com pedido de proteção contra falência, de acordo com um documento da Comissão de Valores Mobiliários das Bahamas.

Bankman-Fried foi acusado pela aplicação da lei federal e reguladores financeiros de perpetrar o que a SEC chamou de uma das maiores e mais “descaradas” fraudes na memória recente. Sua queda impressionante foi precipitada por reportagens que levantaram questões sobre a natureza do balanço patrimonial de seu fundo de hedge.

Nas semanas desde o pedido de falência da FTX em 11 de novembro em Delaware, a extensão da alegada má conduta de Bankman-Fried foi exposta. O CEO substituto, John J. Ray, disse que houve uma “ falha completa no controle corporativo.”

Bankman -Fried foi indiciado no tribunal federal de Nova York em 9 de dezembro e foi preso pela polícia das Bahamas a pedido dos promotores americanos em 12 de dezembro. Após sua acusação, a equipe jurídica de Bankman-Fried nas Bahamas questionou se o cliente consentiria ou não com a extradição.

Com informações de CNBC

Imagem: Ed Jones | AFP | Getty Images