O Banco ABC registrou lucro líquido de R$ 197,3 milhões no quarto trimestre de 2022, montante 21,8% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2021, informou a companhia.
O crescimento do resultado no quarto trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período do ano anterior é explicado principalmente pelo aumento da Margem com Clientes; e pelo aumento do Patrimônio Líquido remunerado a CDI; sendo parcialmente compensado pelo aumento das Despesas de Provisão, Despesas de Pessoal & Outras Administrativas e PLR.
A receita de serviços totalizou R$ 98,8 milhões no quarto trimestre e R$ 388,3 milhões para o ano de 2022, um crescimento de 17,7% em relação a 2021. Destaque para o Banco de Investimentos, que encerrou o ano, mais uma vez, com receita recorde.
A carteira de crédito expandida apresentou um crescimento de 14,7% em 12 meses, valor dentro do guidance de crescimento para o ano. Destaque novamente para o segmento Middle, com uma expansão anual de 40,1% – também dentro do guidance de crescimento. Desta forma, o segmento Middle encerrou o ano de 2022 representando 9,6% da Carteira de Crédito Expandida.
A Despesa de Provisão Ampliada do 4T22 apresentou um aumento de 122,7% quando comparada com o 3T22 e um expansão de 160,5%, quando comparada com o mesmo período de 2021. Em relação à Carteira Expandida, houve um aumento de 60 pontos base. Este efeito reflete principalmente uma situação pontual no segmento C&IB.
O retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) atingiu 15,3% no 4T22.
Os ativos totais somaram R$ 57,409 bilhões no final de dezembro de 2022, um aumento de 15,8% na comparação ano a ano.
O patrimônio líquido do Banco ABC era de R$ 5,205 bilhões em dezembro do ano passado, um crescimento de 11,4% em relação ao mesmo período de 2021.
A margem financeira gerencial pós-provisão somou R$ 443,3 milhões no quarto trimestre de 2022, um aumento de 17,5% na comparação com igual etapa de 2021.
A Margem com Clientes – a principal linha da Margem Financeira – cresceu 27,2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, resultado da gradual diversificação do mix de produtos e segmento de clientes.
A NIM (taxa anualizada da margem financeira gerencial) foi de 4,8% ao ano no 4T22, estável em relação ao 3T22 e apresentando um aumento de 70 pontos base em relação ao mesmo período de 2021.
O ABC Brasil atingiu 4.494 clientes corporativos, uma expansão de 29% nos últimos 12 meses, equivalente a mais de 1.000 clientes no período. No trimestre, houve um incremento de 185 clientes vs. o trimestre anterior (4% de expansão).
As despesas de pessoal, outras despesas administrativas e PLR atingiram R$ 241,7 milhões no quarto trimestre de 2022, crescimento de 2,9% em relação ao trimestre anterior e de 45,6% em relação ao mesmo período de 2021.
O resultado operacional totalizou R$ 361,6 milhões no quarto trimestre de 2022, redução de 10,2% em relação ao trimestre anterior e aumento de 14,9% no comparativo com o mesmo período de 2021.
O Índice de Basiléia teve um aumento de 50 pontos base, resultado principalmente da apropriação do resultado do 4T22 e de uma emissão de Capital Nível II no trimestre, já deduzidos da distribuição de proventos. Já o Capital Nível I ficou estável em relação ao trimestre anterior.
Os resultados do Banco ABC Brasil (BOV:ABCB4) referente suas operações do quarto trimestre de 2022 foram divulgados no dia 08/02/2023. Confira o Press Release completo!
VISÃO DO MERCADO
BB Investimentos
O ABC Brasil entregou um resultado que consideramos neutro no 4T22, com lucro líquido recorrente de R$ 197 milhões, equivalente a um ROAE de 15,6%. Assim como os demais bancos que já reportaram balanços, vimos impacto significativo vindo de despesas de provisão de uma “situação específica no segmento Corporate”, que imaginamos se tratar de Americanas.
Americanas: Segundo nossas estimativas, apesar de menor em termos absolutos, o Banco ABC é o mais exposto em Americanas em termos percentuais sobre carteira de crédito, no nosso universo de cobertura, e portanto o caso cresce em relevância.
No balanço divulgado, a diferença de créditos classificados como risco “E” no 3T (R$ 143 milhões) em relação ao 4T (R$ 519 milhões), ou seja, R$ 376 milhões, é compatível com o volume declarado pela Americanas no documento apresentado no requerimento da Recuperação Judicial. Créditos classificados como risco “E” requerem 30% de provisões, ou seja, algo próximo de R$ 113 milhões segundo nosso cálculo.
Vimos, de forma aproximada, um salto de aproximadamente R$ 60 milhões transitando na DRE, o que sugere que a diferença – cerca de R$ 53 milhões – teria sido consumida das provisões genéricas, o que justificaria a queda do índice de cobertura de 673% para 543%.
Se confirmado, é possível depreender que o ABC optou por “diluir” o impacto em um primeiro momento, aproveitando-se do seu elevado índice de cobertura, dado o tamanho relativo da exposição e a incerteza do desfecho.
Perspectivas: Expurgando o tropeço com este caso atípico, o resultado do 4T do ABC (que em nossos cálculos teria sido com lucro líquido de R$ 224 milhões e ROE de 17,7%) predominantemente sustenta a manutenção das boas tendências que o banco vinha apresentando.
O grande destaque, em nossa opinião, segue sendo o crescimento acelerado da carteira de crédito no segmento Middle, que paulatinamente constitui um mix mais arrojado, elevando a geração de receitas financeiras.
Outros pontos de destaque residem na evolução das novas fontes de receita implantadas através das iniciativas estruturantes desenvolvidas ao longo dos últimos anos, que devemos ver contribuindo de forma mais sólida ao longo de 2023, ao passo que as despesas, uma vez finalizadas tais iniciativas, desacelerem, permitindo assim uma maior eficiência. Um contraponto fica por conta da escalada da inadimplência do segmento Middle, que neste 4T voltou a sinalizar tendências desfavoráveis.
Atualizamos nosso valuation refletindo receitas mais robustas compensadas com despesas com provisões maiores para 2023, seja por eventual agravamento do caso Americanas, seja por maior inadimplência conforme as tendências demonstram, bem como despesas ligeiramente maiores, de acordo com as projeções próprias do ABC (guidance).
Salientamos que, em nossa análise, o impacto de Americanas, apesar de significativo, altera pouco em relação à nossa percepção quanto ao bom momento operacional que o ABC vem apresentando. Além disso, por se tratar de evento extraordinário, com maior peso para o curto prazo, vemos influência limitada no fluxo futuro de dividendos.
Acreditamos que a recente queda na cotação, inclusive, represente janela de oportunidade com menor risco, e, portanto, mantemos a recomendação de Compra.
BB Investimentos tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 23,90…
BTG Pactual
ABC Brasil reportou lucro líquido de R$197 milhões no 4T22 (-10% t/t, +21% a/a), 12% e 8% abaixo de nossas estimativas e do consenso de mercado. As provisões para perdas com empréstimos foram o principal motivo dos números mais fracos que o esperado, uma vez que não ajustamos nossos números para sua exposição à Americanas.
No entanto, o ROE ainda conseguiu atingir saudáveis 15,3% no quarto trimestre. A Margem Financeira Bruta cresceu um pouco abaixo do esperado devido ao crescimento mais tímido do crédito, apesar de se beneficiar de um melhor mix de produtos e de uma taxa média do CDI mais elevada.
As taxas também ficaram abaixo do esperado devido aos mercados de capitais menos aquecidos, mas isso foi compensado por despesas operacionais mais baixas, com novos investimentos começando a desaparecer.
No futuro, esperamos que novas iniciativas como seguros, uma carteira de empréstimos acelerada e uma taxa Selic mais alta continuem ajudando no ROE futuro. No geral, 2022 foi um ano excelente para o ABC, com lucro líquido subindo 40% a/a para R$ 800 milhões (16% ROE).
Embora o ABC seja uma small cap, e as small caps tenham enfrentado dificuldades nos últimos 12 a 18 meses, o ABCB4 teve um desempenho muito bom em 2022 (+24% contra 5% IBOV).
O banco se beneficiou do aumento Taxa Selic e NPLs baixíssimos no segmento de atacado nos últimos trimestres. Mas o momento operacional nos parece pior. O ABC passou por vários ciclos desafiadores e parece preparado para o que vem pela frente.
A ação caiu 7% no acumulado do mês, mas ainda possui um valuation atraente (0,7x VP mais recente) e uma franquia forte, reiteramos nossa recomendação de COMPRA. No entanto, acreditamos que a AMER e os riscos crescentes no segmento atacadista/corporativo fornecem alguns riscos negativos para nossos números.
BTG Pactual tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 26,00…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Infomoney