A incorporadora Tecnisa reportou no quarto trimestre lucro líquido de R$ 15,8 milhões, revertendo prejuízo de R$ 59 milhões no mesmo trimestre de 2021. O resultado ajudou a empresa a atingir lucro líquido anual pela primeira vez em sete anos, de R$ 1 milhão, ante prejuízo líquido de R$ 184,7 milhões em 2021.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 26,9 milhões no quarto trimestre, ante prejuízo de R$ 42,9 milhões um ano antes. A margem Ebitda ficou em 37,2%, ante uma margem negativa de -246,5% no quarto trimestre de 2021.
No acumulado de 2022, o Ebitda somou R$ 39 milhões, ante prejuízo de R$ 114 milhões em 2021. A margem Ebitda cresceu no intervalo, passando de -80,8% para 17% em 2022.
A receita líquida da Tecnisa somou R$ 69,7 milhões entre outubro de dezembro do ano passado, alta de 301,1% em um ano. Em 2022, o indicador atingiu R$ 229,9 milhões, crescimento de 63,1% ante 2021.
A margem bruta foi de 15% no quarto trimestre, alta de 26 pontos percentuais. No acumulado do ano passado, foi de 12,1%, aumento de 6,3 pontos. A melhora dos indicadores financeiros da companhia está atrelada a um forte crescimento nas vendas líquidas.
VGV
No quarto trimestre, foram R$ 314,2 milhões em valor geral de venda (VGV), contando apenas a participação da Tecnisa nos projetos, alta de 238,9% sobre o mesmo trimestre do ano anterior. Mais da metade das vendas ocorreram entre outubro e dezembro.
No acumulado do ano, a Tecnisa atingiu R$ 585 milhões em VGV, crescimento de 112%. Foi o maior valor vendido pela empresa desde 2014. A concentração nas vendas tem uma explicação: 70% do volume de lançamentos da incorporadora foi feito no último trimestre.
Foram lançados R$ 545 milhões em VGV entre outubro e dezembro, em dois projetos, alta anual de 39,7%.
No acumulado de 2022, os lançamentos somaram R$ 778,3 milhões, contando apenas a participação da Tecnisa, queda de 7,7% sobre 2021.
Jardim das Perdizes
Como explica o presidente Fernando Perez, a concentração ocorreu porque só a partir de setembro a companhia pôde voltar a lançar no empreendimento Jardim das Perdizes, seu principal projeto e onde ainda tem 64,4% do seu banco de terrenos, avaliado em R$ 4,5 bilhões em VGV.
A volta dos lançamentos esteve atrelada a uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que liberou a prefeitura para voltar a realizar leilão de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs). A Tecnisa depende de um novo leilão para poder terminar a construção do empreendimento, que deverá ter 30 torres — somente 13 estão de pé até agora.
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Tecnisa lançou duas torres no local nos últimos meses do ano, com Cepacs que ainda possuía, e agora aguarda o leilão para continuar com o cronograma de projetos. A primeira está 90% vendida e a segunda, 35%. “Acreditamos piamente que esse leilão vai sair em junho”, afirma Perez.
Há previsão de caixa neste ano para ser gasto com a compra dos Cepacs, afirma Perez. A empresa terminou 2022 com consumo de caixa de R$ 57,9 milhões, uma melhora ante os R$ 166,4 milhões queimados em 2021.
Para Perez, 2022 foi um ano “intenso” e de “arrumação de casa” para a incorporadora, que completou 45 anos em setembro. O movimento positivo de vendas se manteve em janeiro, segundo o presidente, mas piorou desde então. “Fevereiro sempre é ruim, mais curto, foi bastante fraco, e março continua bastante fraco nas vendas”, afirma.
A expectativa do executivo é que a taxa de juros comece a cair no segundo semestre, para dar um impulso nas vendas. A empresa, ao menos, não tem entregas previstas para 2023, o que alivia o risco de distratos no momento do repasse das unidades.
Os resultados da Tecnisa (TCSA3) referentes suas operações do quarto trimestre de 2022 foram divulgados no dia 29/03/2023.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters e TC