A sessão é de queda para as ações da Braskem e da Petrobras, em meio às notícias sobre a venda da fatia da Novonor (ex-Odebrecht) na petroquímica.
Mais cedo, o jornal Folha de S. Paulo informou que, em conversas reservadas, o presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates (PT-RN), teria afirmado que a estatal avalia exercer o seu direito de preferência e adquirir o controle da Braskem.
Para a petroleira, segundo aponta a publicação, é preciso buscar uma saída para seu endividamento da Braskem (BOV:BRKM5), cujas ações estão desvalorizando diante do nível de endividamento —cerca de seis vezes o Ebitda, quase o dobro do recomendável.
Interlocutores de Prates ouvidos pelo jornal afirmam que o governo avalia adquirir o controle da petroquímica seguindo a orientação de Lula para ampliar o comando sobre empresas estratégicas. A Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) teria caixa suficiente para suportar uma operação desse porte. No entanto, a disposição dos acionistas no momento é oposta. O governo gostaria de resolver essa situação rapidamente e por um preço baixo.
Durante esta tarde, a Petrobras informou em esclarecimento ao mercado que não está conduzindo nenhuma estruturação de operação de venda no mercado privado e que não houve qualquer decisão da Diretoria Executiva ou do Conselho de Administração em relação ao processo de desinvestimento ou de aumento de participação na Braskem mencionadas na matéria.
“Nesse sentido, a companhia esclarece que decisões sobre investimentos e desinvestimentos são pautadas em análises criteriosas e estudos técnicos, em observância às práticas de governança e os procedimentos internos aplicáveis. Fatos julgados relevantes sobre o tema serão tempestivamente divulgados ao mercado”, complementou.
As ações da Braskem tinham perdas de 6,78%, a R$ 22,67, às 13h50 (horário de Brasília), acelerando um pouco as perdas de cerca de 6% que registravam antes do comunicado da estatal. Já os papéis ON da Petrobras caíam 2,99% (R$ 28,27) enquanto os ativos PN tinham baixa de 3,09% (R$ 25,44)
Cabe destacar que a Folha também informou, citando fontes, na sexta, que a oferta de compra da Braskem feita pelo fundo Apollo e a estatal árabe Adnoc não passou pelo crivo da Novonor (ex-Odebrecht) e tampouco pela cúpula da Petrobras. Os acionistas já enviaram recados para os árabes e para o fundo Apollo que avaliam outras possibilidades, segundo a publicação.
Para os controladores, o valor final da oferta renderia aos acionistas algo entre R$ 27,00 e R$ 30,00 por ação. Isso porque o valor proposto de R$ 47,00 por ação não é o valor líquido da operação. No detalhe, somente R$ 20,00 por ação serão pagos à vista. O restante (R$ 27,00) seria pago da seguinte forma: R$ 20,00 por ação com debêntures (títulos de dívida) perpétuas emitidas pelos proponentes corrigidas a 4% ao ano; e outros R$ 7,00 por ação em dinheiro, mas a depender do desempenho da Braskem na nova gestão.
Para os acionistas, aponta a publicação, o valor das debêntures no período da negociação seria corroído pela Selic (13,75% ao ano) e para receber os R$ 7,00 extras, a ação da companhia precisaria estar valendo R$ 70,00, algo considerado impraticável. Por isso, os dois principais acionistas –a Novonor (que possui pouco mais de 50% das ações) e a Petrobras (38%)– nem querem sentar à mesa de negociação.
“Tínhamos estabelecido uma chance de 30% de que o resultado dessa possível transação resultasse em direitos de tag along para a PN titulares. Não descartamos a possibilidade de a J&F comprar a participação da Novonor na empresa sem acionar direitos de tag along”, avalia o Bradesco BBI.