A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, indicou, neste domingo, 21, que a autoridade monetária ainda não terminou o processo de aumento de juros, em meio a sinais de que a inflação segue “muito elevada” na zona do euro.
‘Crise bancária na Europa e nos EUA ainda não acabou’, diz especialista europeu
Em entrevista ao programa holandês Buitenhof, Lagarde reconheceu que houve avanços no objetivo de restaurar a estabilidade de preços, mas reiterou que os indicadores atuais não justificam uma “pausa” no aperto monetário.
A dirigente reforçou ainda o compromisso do BCE em se guiar pelos dados macroeconômicos. “Tantas coisas deram errados que não podemos fornecer o que chamamos de ‘forward guidance'”, comentou.
No início deste mês, o BC do bloco da moeda comum elevou os juros básicos em 25 pontos-base, o que levou a taxa de depósitos para 3,25%. Lagarde informou não ter em mente uma projeção para a trajetória futura dos juros. “O que sei é que seremos dependentes de dados”, ressaltou.
Banco deve continuar luta contra inflação “com determinação”, diz Schnabel
Isabel Schnabel, membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), reforçou na sexta-feira (19) a “determinação” da instituição em controlar a inflação, devido ao aumento dos salários, políticas fiscais generosas e altas expectativas inflacionárias.
Durante um evento em Londres, Schnabel afirmou que os salários estão subindo consideravelmente, com sindicatos buscando recuperar terreno perdido nos últimos dois anos. Além disso, segundo ela, as expectativas de inflação permanecem persistentemente altas, enquanto os gastos governamentais estão em uma trajetória expansionista.
“É por isso que é tão importante demonstrarmos uma forte determinação em trazer a inflação de volta para 2%” ressaltou Schnabel.
Enquanto o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sinalizou uma possível pausa em seus aumentos de juros, Schnabel destacou que o BCE deve continuar “aumentando as taxas a um nível suficientemente restritivo e mantendo-as nesse nível pelo tempo que for necessário”.
Ao mesmo tempo, a dirigente ressaltou que a instituição possui “as ferramentas para fornecer liquidez ao sistema financeiro da zona euro, se necessário para preservar a estabilidade financeira”. Como exemplos, Schnabel citou as compras em larga escala de títulos corporativos e governamentais durante a pandemia, bem como o lançamento de um programa para ajudar países do bloco sob pressão econômica.
De acordo com os analistas, os mercados esperam que o BCE eleve as taxas de juros outras duas vezes no segundo semestre, levando a taxa de depósitos bancários para 3,75%, antes de iniciar cortes no início do próximo ano
Matéria publicada no Estadão e na CMA