Teve início na última segunda-feira (19), o altamente antecipado Paris Airshow, um dos maiores eventos da indústria da aviação. Analistas destacaram, inclusive, que este evento seria bastante importante para a Embraer (BOV:EMBR3), podendo ser um catalisador para os ativos, com a expectativa de novos pedidos a serem recebidos pela companhia.
Porém, os primeiros dias do evento não foram vistos como tão animadores para a fabricante de aeronaves.
As ações da Embraer estão apresentando o pior desempenho no Ibovespa e estão entre as maiores quedas do mercado nesta tarde, com uma queda de 4,06% (R$ 19,38).
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Vários anúncios de novos negócios foram feitos no Le Bourget Air Show, conforme cita o Bradesco BBI: 1) 6 pedidos firmes para o E195-E2 da companhia aérea Binter, com entregas a partir do segundo semestre de 2024 (2S24) (US$ 504,7 milhões na lista de pedidos), e 2) 7 pedidos firmes do E175 para a American Airlines, com entregas a partir do 4T23 (US$ 403,4 milhões na lista).
A empresa também divulgou que:
- a locadora Avolon irá arrendar 10 novos E195-E2s para a Porter Airlines,
- a Azorra foi o cliente não revelado do pedido de 15 E195-E2s em janeiro de 2023
- a Republic Airways juntou-se ao grupo de consultoria para desenvolver aeronaves da Família “Energia” da Embraer, e
- a Embraer e a Recaro Aircraft Seating firmaram uma parceria para desenvolver assentos para E1s e E2s. O Le Bourget Air Show deve acontecer até 25 de junho.
Por fim, a Embraer divulgou a sua perspectiva para o mercado global em 20 anos, prevendo demanda por 11 mil novos jatos e turboélices com até 150 assentos até 2042 (80% jatos), ou US$ 650 bilhões, com base no retorno do tráfego aos níveis pré-pandêmicos até 2024 e uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de tráfego de passageiros de 3,2%, impulsionado principalmente pela Ásia-Pacífico (4,4%) e América Latina (4,1%).
“Até agora, os pedidos firmes da Embraer para aeronaves comerciais no Le Bourget Air Show foram mais fracos em comparação com 2022, quando a companhia garantiu 28 pedidos”, avaliam os analistas do BBI.
No entanto, sinalizam que a empresa tem conseguido defender participação de mercado, apesar da concorrência mais agressiva com a Airbus. “Vemos também a expansão da Embraer em novos mercados com a sua aeronave E2, o que é uma notícia positiva para a empresa”, apontam.
O BBI mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de US$ 24 para o ADR (recibo de ações, ou ativos negociados na Bolsa de Nova York) ERJ, ou potencial de alta de 44% em relação ao fechamento da véspera.
O JPMorgan destacou também novos pedidos lentos, de 13 E-Jets, totalizando cerca de US$ 910 milhões em pedidos ante o esperado pelo banco de cerca de US$ 1,7 bilhão.
“Anúncios lentos até agora. Embora vejamos os novos pedidos de hoje como um início lento para a Embraer, acreditamos que novos pedidos adicionais possam ser anunciados nos próximos dias, já que no último Paris Air Show (edição de 2019) a Embraer dividiu seus anúncios em três dias (17, 18 e 19 de junho)”, apontam os analistas.
Os analistas do JP lembram que os anúncios de hoje representam apenas 13 novas aeronaves contra sua expectativa de pelo menos 30 e são todos representados por clientes existentes nos EUA e na Europa. O banco segue com recomendação overweight (exposição acima da média, equivalente à compra) para os ADRs da empresa.
O BTG Pactual aponta que, notavelmente, a Airbus fez um grande anúncio no setor de aviação comercial ao garantir um pedido recorde de 500 aeronaves da IndiGo, destacando o rápido crescimento do mercado indiano.
“Vale ressaltar que a Embraer participa ativamente de campanhas comerciais no país. Enquanto aguardamos novos grandes anúncios na aviação comercial, vemos o Paris Airshow como um evento positivo para a Embraer”, avalia o BTG, que tem recomendação de compra para o ativo EMBR3, com preço-alvo de R$ 24, ou potencial de alta de 19% em relação ao fechamento da véspera.
Pela manhã, o Citi reafirmou uma recomendação neutra para os ADRs da empresa e, em um relatório, mencionou que o volume real de pedidos firmes da fabricante de aeronaves durante o Paris Air Show está abaixo dos concorrentes globais e é menor do que a própria empresa registrou durante o pico da demanda do programa E1 Ejet.