O S&P Global revisou a perspectiva do Brasil de “estável” para “positiva” na tarde desta quarta-feira, além de reafirmar o rating de crédito soberano de “BB-“. A classificação do país como positiva não ocorria desde 2019.
Segundo a agência de classificação de risco, a reavaliação é justificada por “sinais de maior certeza sobre políticas fiscais e monetárias estáveis, que podem beneficiar as atuais perspectivas de baixo crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] do Brasil”. A declaração faz menção à aprovação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, que segue para o Senado Federal.
A revisão do S&P acontece em um momento em que o CDS para o Brasil atingiu a mínima desde setembro de 2021, aos 189,9 pontos. O derivativo é visto como uma medida de “risco-país”.
“A trajetória de crescimento do PIB e das finanças públicas tem sido melhor do que o esperado anteriormente, ajudando a conter os riscos que, de outra forma, poderiam prejudicar a política monetária e a posição externa líquida do Brasil”, disse a agência. “Em nossa opinião, o risco de tais reformas serem revertidas ou mal implementadas diminuiu devido a uma política econômica mais pragmática entre os poderes do governo.”
A equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou no início deste ano uma nova estrutura fiscal destinada a estabilizar a carga de dívida do país. A proposta passou por um processo importante no Congresso no mês passado.
O real atingiu o maior momento de alta da sessão após o anúncio, sendo negociado a R$ 4,80 por dólar no fechamento, com uma queda de 1,14% da moeda americana. As ações subiram quase 2%, levando o Ibovespa para perto do patamar dos 120 mil pontos.
No início da noite, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a revisão da S&P era positiva, que reconhecia o trabalho do governo Lula e que a retomada do grau de investimento é um processo. Ele declarou, no entanto, que seria um absurdo o país ainda não dispor dessa classificação.