Uma questão notável que emergiu das discussões do Comitê de Política Monetária (Copom) foi a incerteza em torno da aprovação do arcabouço fiscal e uma possível contaminação política do Banco Central, mostra a ata da última reunião do grupo, divulgada nesta terça-feira. O Comitê mencionou que, embora tenha retirado essa incerteza de seu balanço de riscos, a dinâmica fiscal ainda é considerada relevante no cenário-base.
Especificamente, observou-se que algumas divergências entre as expectativas de resultado primário estabelecidas pelo governo e as expectativas do mercado podem estar impactando a ancoragem das expectativas de inflação em prazos mais longos.
Para mitigar essa situação, o Comitê destacou a importância de ancorar as expectativas em torno das metas previstas no novo arcabouço fiscal, demonstrando compromisso fiscal sólido e reduzindo incertezas associadas a medidas tributárias.
Outro fator que foi debatido é o cenário global de inflação elevada. Alguns membros do Copom apontaram que a reancoragem das expectativas fica mais difícil em um contexto de inflação globalmente alta, visto que existe a possibilidade de uma inflação externa persistente em níveis elevados. Essa influência externa pode dificultar o controle das expectativas de inflação no âmbito doméstico.
Além disso, a ata revela que foi mencionada a possibilidade de que os agentes econômicos percebam o Banco Central como mais leniente em relação ao combate à inflação no futuro. Essa percepção poderia impactar as expectativas de inflação e desancorá-las ainda mais.
A despeito das diferentes opiniões apresentadas, o Copom deixou claro que há um consenso entre os membros do Comitê sobre a importância de preservar a credibilidade e a reputação do Banco Central, independentemente da composição da diretoria ao longo do tempo.