O designer de chips Arm começa a negociar na quinta-feira (14 de setembro) na bolsa Nasdaq de Nova York com o código (NASDAQ:ARM), após uma oferta de ações de grande sucesso que assegurou uma avaliação de US$ 54,5 bilhões – no topo do seu intervalo-alvo.

Isso representa um bom resultado para o proprietário japonês SoftBank.

No ano passado, a empresa planejava vender a Arm para a fabricante de chips Nvidia por apenas US$ 40 bilhões.

Abandonou o acordo em meio à oposição dos órgãos de fiscalização da concorrência.

Em vez disso, manteve o controle e já levantou perto de 5 mil milhões de dólares através do IPO – o maior do ano.

O sucesso da venda ficou em dúvida depois que Arm atraiu uma lista de investidores de renome.

Entre os que compraram estavam as gigantes dos chips Intel e AMD e titãs do consumidor como Apple e Samsung, além
da empresa controladora do Google, Alphabet.

Alguns investidores têm dúvidas, apontando para a fraca procura por telemóveis – o principal mercado para os chips da Arm.

Mas a empresa afirma que prevê um forte crescimento noutros setores, incluindo a computação em nuvem e os automóveis.

Softbank resistiu à tentação de mais ao aceitar US$ 4,8 bi com o IPO da Arm

O SoftBank Group Corp. satisfez suas ambições em relação à Arm Holdings Plc ao levantar US$ 4,87 bilhões na maior oferta pública inicial do ano, resistindo à tentação de captar mais recursos dinheiro.

Ao estabelecer o preço para a IPO, Masayoshi Son, fundador, presidente e CEO do SoftBank, sinalizou que não estava disposto a minar essa demanda, mesmo que isso significasse deixar dinheiro na mesa.

A abordagem de Son em relação ao IPO reflete sua aposta longa e contínua na Arm, cujos chips são encontrados na maioria dos smartphones do mundo. A Arm também deve se beneficiar da corrida desenfreada em direção aos chips de inteligência artificial e à IA generativa – uma mudança no setor que ajudou a dar à Nvidia Corp. um valor de mercado de mais de US$ 1,1 trilhão.

Fundada em 1990 como uma joint venture entre a Acorn Computers, a VLSI Technology e a então Apple Computer Inc., a Arm foi listada na Bolsa de Valores de Londres e na Nasdaq de 1998 a 2016, quando o SoftBank adquiriu a empresa por US$ 32 bilhões.

Em 2020, o SoftBank tentou e não conseguiu vender a Arm para a Nvidia por US$ 40 bilhões. Esse movimento irritou os clientes da Arm que não queriam ver a empresa, que fornece a tecnologia fundamental usada pela indústria de telefonia móvel, cair nas mãos de um único comprador.

Pivô do IPO

Com o negócio fora de cogitação, a Arm se voltou para uma oferta pública inicial (IPO), na qual pretendia ser avaliada entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões, informou a Bloomberg News.

Embora a Arm tivesse como objetivo anterior levantar de US$ 8 bilhões a US$ 10 bilhões na listagem, essa meta foi reduzida, pelo menos em parte, porque o SoftBank decidiu comprar a participação de cerca de 25% detida por seu Vision Fund em uma transação que avaliou a Arm em mais de US$ 64 bilhões, com base nos registros da Arm.

O SoftBank também decidiu manter uma parcela maior das ações da Arm, deixando apenas 10% delas para investidores que incluem alguns dos maiores clientes da Arm. Como parte da IPO, a Arm reservou mais de US$ 700 milhões das ações para a Intel Corp., Apple Inc., Nvidia Corp., Samsung Electronics Co. e Taiwan Semiconductor Manufacturing Co.

Os subscritores têm a opção de comprar até 7 milhões de ações adicionais.

O IPO em questão é o maior do mundo este ano, superando a listagem de US$ 4,37 bilhões feita pela Kenvue Inc., uma subsidiária da Johnson & Johnson voltada para a saúde do consumidor. A oferta da Arm também pode ser um catalisador para IPOs de dezenas de startups de tecnologia e de outras empresas cujos planos de abertura de capital nos EUA ficaram paralisados durante o mais profundo e longo período de baixa nas cotações desde a crise financeira de 2009.

A seguir, Instacart, Klaviyo e Birkenstock

A empresa de entrega de alimentos online Instacart Inc., o provedor de marketing e automação de dados Klaviyo, a startup de internet VNG Ltd. com sede no Vietnã e a fabricante de calçados Birkenstock Holding Ltd. entraram com pedido de abertura de capital.

A listagem da Arm é a maior nos EUA desde a oferta de US$ 13,7 bilhões da fabricante de veículos elétricos Rivian Automotive Inc., em outubro de 2021. Também deve se classificar entre as maiores do setor de tecnologia de todos os tempos, embora ainda bem abaixo das duas maiores: A oferta de US$ 25 bilhões de 2014 do Alibaba Group Holding Ltd. e a estreia de US$ 16 bilhões em 2012 da Meta Platforms Inc., então Facebook Inc.

Embora a tecnologia da Arm seja usada em quase todos os smartphones, ela não é muito conhecida entre os consumidores. A Arm vende as plantas necessárias para projetar microprocessadores e licencia a tecnologia conhecida como conjuntos de instruções que determinam como os programas de software se comunicam com esses chips. A eficiência energética da tecnologia da Arm ajudou a torná-la onipresente nos telefones, onde a duração da bateria é fundamental.

Queda no setor de chips

O frenesi em torno da IA impulsionou uma alta nas ações de chips este ano, elevando o Philadelphia Semiconductor Index em 41%. No entanto, o setor de chips em geral ainda está enfrentando uma queda nas vendas, agravada por um excesso de estoque.

A receita da Arm caiu cerca de 1% para US$ 2,68 bilhões no ano fiscal encerrado em 31 de março, de acordo com seus registros. O lucro líquido da empresa, que saltou para US$ 549 milhões no ano fiscal de 2022, de US$ 388 milhões no ano anterior, caiu este ano para US$ 524 milhões.

Barclays Plc, Goldman Sachs Group Inc., JPMorgan Chase & Co. e Mizuho Financial Group Inc. estão liderando a oferta da Arm. A Raine Securities LLC, que é apoiada pela SoftBank, também está atuando como consultora financeira em relação ao IPO.