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Bradesco: segundo analistas, compra do Hospital Santa Lúcia pode impactar outra empresa da Bolsa

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O Banco Bradesco anunciou que a Atlântica Hospitais e Participações, sua controlada direcionada ao investimento em hospitais, celebrou um acordo de investimento com o Hospital Santa Lúcia (Grupo Santa) e seus atuais sócios (Família Leal), para adquirir 20% do capital social do hospital. O valor da operação não foi informado.

O comunicado foi feito pela empresa (BOV:BBDC3) (BOV:BBDC4) nesta quinta-feira (31).

A Família Leal, fundadora do Hospital Santa Lúcia, permanecerá com 80% do seu capital social, e as partes celebrarão um acordo de acionistas.

O Grupo Santa é a maior rede hospitalar da região Centro-Oeste, com presença no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Possui 2 centros radiológicos e 8 hospitais, somando mais de 1.350 leitos, com destaque para o Hospital Santa Lúcia Sul, o primeiro de Brasília e atualmente o maior hospital privado da região Centro-Oeste.

“A Transação está alinhada com a estratégia da Atlântica de investir na cadeia de valor do setor de saúde por meio de parcerias com players estabelecidos na operação de hospitais, e representa um importante passo nos planos de crescimento de longo prazo do Grupo Santa”, diz o comunicado.

VISÃO DO MERCADO

Bank of America

O Bank of America também vê a aquisição positiva para a Oncoclínicas. “Acreditamos que esse movimento abre espaço para que a Oncoclínicas desenvolva um relacionamento mais próximo com o Bradesco, o que eventualmente poderia resultar em um volume maior de pacientes para a Oncoclínicas”, pontua.

O BofA ressalta que em termos de concorrência, a Rede D’Or possui 4 hospitais (cerca de 600 leitos) e a Dasa 3 hospitais (cerca de 600 leitos) na região. Dado o tamanho da Bradesco Saúde, especialmente no Distrito Federal, espera que haja oportunidade para a Oncoclínicas aumentar seu volume. O banco tem recomendação de compra para ONCO3, com preço-alvo de R$ 16.

Citi

O Citi comenta que o valor da transação não foi divulgado, mas o comunicado descreve a estratégia do grupo para promover parcerias com players estabelecidos na cadeia de saúde, ao mesmo tempo que alimenta os planos de crescimento de longo prazo do Grupo Santa.

Analistas do banco ressaltam que o negócio foi anunciado poucos meses depois que o Bradesco concordou em construir uma instalação greenfield em parceria com o Einstein na cidade de São Paulo.

O Citi disse estar otimista com o acordo da parceria oncológica Oncoclínicas, que agora também deverá se beneficiar do melhor alinhamento e volumes incrementais de clientes do Bradesco (127 mil vidas e 13,5% de share no Distrito Federal). Por outro lado, as condições competitivas poderão deteriorar-se para outros intervenientes que operam na região (Rede D’or e DasaDASA3), agora também com operações sobrepostas com um cliente importante.

Em uma análise focada na Oncoclínicas, o Bank of America destacou que a companhia deve se beneficiar com a aquisição.

“Com a aquisição, o Bradesco entrará no segmento hospitalar com um ativo de alta qualidade na região Centro-Oeste, e o Grupo Santa deverá ganhar o fluxo do Bradesco Saúde – segunda maior operadora do Distrito Federal. Acreditamos que esse movimento abre espaço para que a Oncoclínicas desenvolva um relacionamento mais próximo com o Bradesco, o que poderá eventualmente levar a um maior volume para a Oncoclínicas”, avalia.

Itaú BBA

A compra de 20% do Grupo Santa Lúcia, associação hospitalar que atua na região Centro-Oeste do Brasil, pelo Bradesco Seguros pode ajudar a reduzir o alto índice de sinistralidade da empresa, estimado em 93%, e aumentar o lucro líquido do banco em consequência, de acordo com relatório do Itaú BBA.

Segundo BBA, cada redução de 100 pontos-base na MLR aumenta o lucro líquido do Bradesco em R$ 200 milhões por ano. “E este tipo de movimento de equidade é uma forma fundamental de chegar lá. O capital extra e a rede de clientes adicionados ao Grupo Santa deverão ajudar a impulsionar a expansão do grupo hospitalar em novas regiões, um acordo vantajoso para ambos no longo prazo.”

Além de um acordo vantajoso para ambas as empresas, a ação tem potencial de ser transformadora para o setor, visto que o Bradesco pode empreender iniciativas semelhantes com outros grupos hospitalares, como o Mater Dei. “Isso poderia representar um risco para grupos hospitalares listados como a Rede D’Or”, diz o BBA.

O banco de investimentos estima ainda que a seguradora do Bradesco desembolsou um valor entre R$800 milhões a R$1 bilhão para fechar o negócio. “O ângulo estratégico é tentar reduzir a MLR [sinistralidade] para a base atual e adicionar clientes na região com um produto mais competitivo”, cita.

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), citada no relatório, os 1.350 leitos do Grupo Santa correspondem a cinco vezes mais do que o necessário para atender 267 mil beneficiários do Bradesco no local, e o capital adicionado na transação deve expandir o atendimento a novas regiões.

O Grupo Santa já havia fechado uma parceria comercial com a Oncoclínicas há alguns meses, o que pode, agora, fortalecer a colaboração entre o maior grupo dedicado ao tratamento de câncer na América Latina e o segundo maior banco privado do Brasil, afirmam os analistas do Itaú BBA.

“O Bradesco seguros não administrará e consolidará as finanças do hospital por si só, mas deverá ser capaz de agilizar os interesses entre pagador e fornecedor, otimizando os níveis de serviço e a lucratividade”, comentam analistas.

Como observado recentemente, o elevado nível de sinistralidade (93%) tem sido uma questão fundamental para os resultados do da Bradesco Seguros.

O valor da transação não foi divulgado, mas assumindo uma faixa de R$ 3 a 4 milhões por leito, o BBA estima uma avaliação de R$ 4 a 5 bilhões, implicando um desembolso de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão pelo braço de seguros do Bradesco pela participação de um quinto. A Bradesco Seguros possui excesso de capital de R$ 12 bilhões. Assim, embora pequeno, o passo estratégico é mais importante.

Com relação ao setor, o BBA destaca que, embora envolva uma pequena parcela de um player ainda concentrado em uma região específica do país, a mudança tem potencial para ser transformacional, uma vez que já se falava no mercado de que a aquisição da SulAmérica pela Rede D’Or (RDOR3) poderia causar uma retaliação por parte da Bradesco Saúde, visto que os hospitais da Rede D’Or respondem por parcela significativa dos sinistros de assistência médica do Bradesco.

Além disso, o Bradesco também competia com seu maior fornecedor no ramo de planos de saúde. Vale ressaltar que a queda na lucratividade do setor de planos de saúde também desencadeou parcerias entre pagadores e prestadores de serviços.

O BBA também espera que qualquer forma de integração vertical ou redirecionamento do fluxo de pacientes para o Grupo Santa aumente a eficiência e a competitividade do plano de saúde do Bradesco na região Centro-Oeste. Contudo, é importante reconhecer que o Bradesco poderia empreender iniciativas semelhantes com outros grupos hospitalares regionais (por exemplo, Mater Dei em Minas Gerais) ou apoiar a expansão do Grupo Santa para novas regiões. Isto pode representar um risco para grupos hospitalares listados como a Rede D’Or.

Por outro lado, o Bradesco também possui uma participação de 25% no Grupo Fleury, importante empresa de diagnósticos no Brasil. Apesar da participação acionária, não há integração vertical entre as empresas nem foco notável do fluxo de beneficiários da Bradesco Saúde em direção à empresa diagnóstica.

O BBA ainda lembra da recente parceria entre Oncoclínicas e Grupo Santa firmada. Após a transação, esta parceria deverá contribuir para fortalecer a colaboração entre Oncoclínicas e Bradesco.

Informações Infomoney

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