O dólar atingiu um novo pico em 10 meses nesta terça-feira, com os rendimentos dos títulos dos EUA subindo para seu nível mais alto desde outubro de 2007, enquanto o iene japonês retomou sua queda, colocando comerciantes em alerta para sinais de intervenção governamental.

O legislador do Federal Reserve, Neel Kashkari, disse na segunda-feira que, dada a força da economia dos EUA, as taxas de juros provavelmente deveriam subir novamente e permanecer “mais altas por mais tempo” até que a inflação caísse novamente para 2%. Seus comentários ajudaram a elevar o rendimento do Tesouro dos EUA de 10 anos – o rendimento de referência dos EUA que define o tom dos custos de empréstimos em todo o mundo – para 4,566% na terça-feira.

Os rendimentos dos títulos movem-se inversamente aos preços. Os rendimentos mais elevados dos EUA impulsionaram o fascínio do dólar, empurrando o índice do dólar para 106,2, o mais alto desde o final de novembro de 2022.

O índice, que acompanha a moeda em relação a seis principais pares, subiu 0,11%, para 106,07. O euro ficou praticamente estável em relação ao dólar, em US$ 1,0588, depois de atingir seu nível mais baixo desde março, em US$ 1,057.

“O dólar é apenas um rolo compressor, é absolutamente extraordinário”, disse Joe Tuckey, chefe de análise cambial da corretora Argentex. “É apenas excepcionalismo nos EUA, é muito difícil argumentar contra. Estamos apenas vendo dados consistentemente fortes lá.” A recuperação do dólar causou ainda mais danos ao iene japonês, que ultrapassou a marca de 149 por dólar pela primeira vez desde outubro de 2022, atingindo 149,19.

O dólar subiu 0,12% em relação ao iene, a 149,06. O iene está deslizando em direção ao nível de 150 que analistas e traders veem como uma provável linha vermelha para o Ministério das Finanças. cujos alertas sobre uma possível intervenção aumentaram nas últimas semanas.

Os investidores estão de olho na reunião de terça-feira entre líderes políticos e funcionários do Banco do Japão. O ministro das Finanças, Shunichi Suzuki, disse na segunda-feira que as autoridades não descartarão quaisquer opções sobre moedas se a volatilidade excessiva persistir, e o governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda, disse que o banco central irá coordenar estreitamente com o governo em matéria de câmbio.

“O risco de intervenção ainda é elevado, com nosso… modelo colocando a probabilidade em cerca de 20%”, disse Adam Cole, estrategista-chefe de moeda do RBC Capital Markets, em nota aos clientes.

Em outros lugares, a libra esterlina caiu para seu nível mais baixo desde meados de março, em US$ 1,2168, e caiu 0,34%, em US$ 1,2171. Segue-se à decisão do BoE de manter as taxas em 5,25% na semana passada e a uma série de dados económicos negativos. Terça-feira marca um ano desde que a libra caiu para um mínimo recorde de US$ 1,0327 em relação ao dólar, após o orçamento desastroso da então primeira-ministra Liz Truss. O franco suíço também caiu para o seu nível mais baixo desde março, a 0,915 francos por dólar, depois de ter caído desde que o Banco Nacional Suíço manteve inesperadamente as taxas de juro inalteradas na semana passada.