A Coinbase Global Inc (NASDAQ:COIN) destacou-se por superar as previsões de ganhos e receita estabelecidas por especialistas no mercado para o terceiro trimestre. No entanto, a empresa continuou a experienciar uma redução no volume de negociação.
Apesar da performance positiva em termos de lucratividade, a reação dos investidores foi morna, refletida por uma queda de mais de 4,5% no valor das ações da Coinbase, que atingiram US$ 80,80 no pré-mercado de sexta-feira. Essa retração ocorreu mesmo após um aumento de 8,7% durante as negociações regulares de quinta-feira.
A Coinbase Global também é negociada na B3 através do ticker (BOV:C2OI34).
A Coinbase anunciou que teve uma diminuta perda de um centavo por ação para o terceiro trimestre, desafiando a expectativa de uma perda de 55 centavos por ação, como previam os analistas consultados pela FactSet. A companhia registrou uma receita robusta de US$ 674 milhões, ultrapassando as previsões de mercado de US$ 651 milhões.
Essa foi a sétima sequência trimestral de prejuízos para a companhia de serviços financeiros e tecnológicos focada em criptomoedas, que tem enfrentado uma série de desafios no seguimento do colapso do setor cripto em 2022, incluindo a diminuição dos volumes de transação.
Dan Dolev, analista da Mizuho, atribuiu parte do lucro ao aumento das taxas de serviço cobradas dos negociantes de varejo, segundo uma análise publicada posteriormente aos resultados financeiros. Embora o incremento nas taxas tenha sido um fator positivo para a lucratividade em períodos anteriores, Dolev e outros especialistas do setor projetam que tal tendência pode não ser sustentável devido à crescente concorrência de outras empresas, como a Robinhood Markets (HOOD).
Dolev, que mantém uma perspectiva de desempenho abaixo do esperado para a Coinbase e um preço-alvo de US$ 27 para a ação, sugeriu que poderia haver uma reação contida do mercado a esses resultados.
A perda anunciada, no entanto, foi significativamente menor em comparação com o prejuízo de 42 centavos por ação no segundo trimestre e a perda de US$ 2,43 por ação no mesmo período do ano anterior, época em que a indústria cripto passava por momentos ainda mais críticos.
A empresa observou uma diminuição no interesse por parte dos investidores de varejo, com o volume total de negociações caindo para US$ 76 bilhões no terceiro trimestre, uma queda em relação aos US$ 92 bilhões do trimestre anterior e dos US$ 159 bilhões do mesmo período do ano passado.
Coinbase relatou também que gerou US$ 289 milhões em receita de transações no trimestre e adicionais US$ 105 milhões no mês subsequente ao término do trimestre. Entretanto, a direção alertou que esses números de outubro não deveriam ser interpretados como uma tendência.
Investidores podem encontrar motivos para otimismo no fato de que os volumes baixos e preços desanimadores que dominaram o verão no mercado cripto podem estar ficando para trás. Desde o término do terceiro trimestre, o preço do Bitcoin aumentou 29%, atingindo cerca de US$ 34.900, e plataformas de negociação, incluindo a Coinbase, reportaram um aumento de volume.
A CFO da Coinbase, Alesia Haas, mencionou a especulação em torno da aprovação de um ETF (fundo negociado em bolsa) de Bitcoin como um fator de influência e, apesar de não prever a durabilidade desse crescimento nas transações, identificou outros possíveis catalisadores de interesse no horizonte, incluindo tensões geopolíticas e uma futura mudança na rede Bitcoin prevista para 2024, conhecida como “halving”.
Adicionalmente, a Coinbase tem se envolvido em disputas regulatórias, enfrentando uma ação da SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) que a acusa de operar uma bolsa de valores sem registro, alegação que a empresa refuta.
A empresa tem investido milhões em campanhas de lobby para encorajar a adoção de uma legislação que forneça um caminho regulatório claro para as criptomoedas nos EUA. Embora haja progresso em comitês legislativos, o cenário para uma lei ser aprovada em breve permanece incerto.
Haas expressou uma visão paciente quanto ao avanço legislativo, sustentando que é uma questão de ‘quando’ e não ‘se’ a regulamentação apropriada será estabelecida.