Analistas do JPMorgan reiteraram recomendação “overweight” para as ações da Sabesp e elevaram o preço-alvo dos papéis para o final do próximo ano de R$ 63,00 para R$ 83,00, enxergando “progresso ousado” no processo de privatização da empresa de saneamento básico do Estado de São Paulo, a maior do país.
Na véspera, as ações da Sabesp (BOV:SBSP3) fecharam a R$ 64,73, acumulando uma elevação em torno de 16,5% em 2023. O Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, contabiliza no período acréscimo de cerca de 13,6%.
“Embora a privatização da Sabesp continue sendo um evento binário, cujo resultado e timing são difíceis de prever, os preços das ações da companhia têm reagido positivamente ao fluxo de notícias”, afirmaram Henrique Peretti e Victor Burke, em relatório enviado a clientes na quinta-feira à noite.
“Continuamos a ver um potencial de valorização convincente caso a privatização se concretize. Estávamos mais céticos no início do ano, mas como o processo de privatização evoluiu e alcançou alguns marcos importantes nos últimos meses, revisitamos o caso”, acrescentaram.
O projeto de privatização da Sabesp foi enviado à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) em outubro com caráter de urgência. Na ocasião, o governo de São Paulo explicou que proposta não envolverá uma “venda total” da empresa e que o Estado permanecerá como um dos principais acionistas da empresa.
De acordo com os analistas do JPMorgan, na melhor das hipóteses, o processo de privatização só poderá terminar em meados de 2024, representando um grande risco de volatilidade no futuro, dependendo das condições políticas e de mercado.
“A aprovação do projeto de lei de privatização na Assembleia do Estado é o último dos principais obstáculos agora, mas a crescente preocupação sobre os serviços públicos após apagões generalizados na cidade de São Paulo pode atrasar ou comprometer o processo”, ponderaram no relatório.
Na semana passada, o presidente da Sabesp, André Gustavo Salcedo, afirmou que o processo de privatização da empresa deve continuar seu curso após a prestação de esclarecimentos da companhia a autoridades, com a regulação do setor de saneamento sendo “boa com alguns pontos a serem melhorados”.
“A crise (com a Enel) trouxe uma luz sobre o modelo de regulação, que no caso do saneamento a legislação é boa e pode ser melhorada”, disse Salcedo, sem dar detalhes, em conferência com analistas após a divulgação do balanço do terceiro trimestre.