Se não anunciarem pagamentos surpresas ainda este ano, a Petrobras e a Vale, figurinhas carimbadas nas carteiras recomendadas de ações focadas em proventos, encerrarão 2023 com um volume de distribuições 48,1% menor em relação a 2022.
Até o final de dezembro, as empresas distribuirão, juntas, R$ 119,71 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP), contra R$ 230,79 bilhões no ano passado, mostram dados levantados pelo consultor independente Einar Rivero. Na comparação com 2021, quando as companhias pagaram R$ 148,02 bilhões a acionistas, o recuo é de 19,1%.
Os valores consideram pagamentos já realizados ao longo do ano, e os que foram anunciados e ainda serão creditados até o último dia de 2023. No caso da Petrobras, portanto, incluem a segunda parcela dos proventos de R$ 15 bilhões depositada a acionistas nesta sexta-feira (15), e o desembolso de R$ 0,52 por ação ordinária e preferencial previsto para o dia 27 de dezembro.
Mesmo com a queda, a Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) seguirá pagando um valor expressivo de dividendos no ano: R$ 91,45 bilhões.
“A Petrobras foi a empresa de capital aberto que mais distribuiu proventos no planeta no ano passado. Então, mesmo reduzindo este ano, ainda remunera o investidor em um bom nível”, avalia Rivero. Segundo o mesmo estudo, a Vale fechará o ano com R$ 28,26 bilhões depositados a investidores.
As companhias são consideradas as principais responsáveis pela queda no volume de dividendos da Bolsa em 2023. No entanto, mantêm os postos de principais pagadoras. Até o final do terceiro trimestre, elas distribuíram quase o mesmo montante que todas as outras empresas somadas: R$ 94,21 bilhões da dupla ante R$ 95,13 bilhões de 351 companhias.
A Petrobras ainda tem na agenda dois pagamentos no começo de 2024, que somam R$ 17,5 bilhões, previstos para fevereiro e março.
Na opinião de analistas, apesar dos novos investimentos previstos no plano estratégico para o período de 2024 a 2028, a petrolífera poderá gerar mais caixa do que o mercado estima, suportando pagamentos de dividendos mais elevados por mais tempo, o que faria subir o dividend yield (retorno de uma ação apenas com proventos) previsto pela política de remuneração, atualmente de 14% em 2024, ou 19% considerando pagamentos extraordinários.
Mas é a Vale (BOV:VALE3) a que acumula mais apontamentos nas carteiras de ações de dividendos acompanhada pelo InfoMoney, com sete recomendações em dezembro.
Para a BB Investimentos, a mineradora se mantém em destaque em função de sua evolução operacional com controle de custos, apesar das incertezas em relação ao ambiente externo, sobretudo em relação ao mercado imobiliário chinês.