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Minério de Ferro sobe para máxima de vários meses com dados chineses otimistas e expectativas de reabastecimento

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Os preços do minério de ferro atingiram máximas de vários meses na terça-feira, com o sentimento impulsionado por dados econômicos otimistas na China e expectativas crescentes de uma onda de reabastecimento pré-feriado por parte das siderúrgicas nas próximas semanas.

O contrato de minério de ferro mais negociado para maio na Dalian Commodity Exchange (DCE) da China encerrou as negociações diurnas com alta de 2,93%, a 1.002 iuanes (US$ 140,58) por tonelada, o maior valor desde agosto de 2021.

O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura subiu 2,35%, para US$ 142 a tonelada, às 07:00 GMT, o maior valor desde junho de 2022.

A atividade industrial da China expandiu-se a um ritmo mais rápido em Dezembro, com o índice Caixin/S&P Global de gestores de compras (PMI) da indústria transformadora a subir para 50,8 no mês passado, face a 50,7 em Novembro, marcando a expansão mais rápida em sete meses e superando as previsões dos analistas de 50,4.

Isto ocorreu depois que o PMI oficial caiu para 49 em dezembro, de 49,4 no mês anterior, levantando a necessidade de novas medidas de estímulo este ano, mostraram dados oficiais no domingo.

As expectativas de mais estímulos em 2024 aumentaram depois de o presidente da China, Xi Jinping, ter dito no domingo que a China consolidaria e reforçaria a tendência positiva da sua recuperação económica este ano.

O apoio aos preços do principal ingrediente siderúrgico também está aumentando a expectativa de que as usinas retornem ao mercado para reabastecer matérias-primas para atender às necessidades de produção durante o feriado do Ano Novo Lunar, em fevereiro, disseram analistas.

“A produção de metal quente provavelmente interromperá os declínios e se recuperará ligeiramente, já que algumas siderúrgicas reiniciaram as operações de altos-fornos que estavam sob manutenção programada anteriormente”, disseram analistas da Sinosteel Futures em nota.

A quebra do nível psicológico de 1.000 yuans por tonelada, no entanto, pode desencadear riscos negativos de uma possível intervenção governamental, disseram analistas.

Outros ingredientes siderúrgicos no DCE também avançaram, com o carvão metalúrgico e o coque subindo 2,44% e 2,46%, respectivamente.

Os benchmarks do aço na Bolsa de Futuros de Xangai registraram ganhos em geral. O vergalhão subiu 1,23%, as bobinas a quente subiram 0,88%, o fio-máquina avançou 4,06% enquanto o aço inoxidável teve pouca alteração.

Minério de ferro sobe quase 20% e deve seguir em alta

O minério de ferro experimentou um ano de 2023 com forte alta e operou, na média, acima de US$ 100 por tonelada durante os 12 meses do ano. A cotação média da tonelada com teor de 62% de ferro fechou dezembro em US$ 140,5, com alta de 19,73%% na comparação com dezembro de 2022, quando terminou o ano em US$ 117,35 por tonelada.

O comportamento ao longo de 2023 não foi uniforme. Nos três primeiros meses do ano, a média de preços se manteve acima de US$ 120 por tonelada. Chegou à média mínima mensal em maio, quando marcou US$ 105,13 por tonelada, e “andou de lado” nos meses seguintes.

O ganho de tração que puxou o preço médio anual aconteceu a partir de setembro, quando voltou ao valor médio acima de US$ 120 por tonelada até superar os US$ 130 nos dois últimos meses de 2023. Só em dezembro a média de preço foi de US$ 136,37 por tonelada, 4,6% acima dos US$ 130,36 de novembro.

Daniel Sasson, analista do Itaú BBA, diz que 2023 foi um ano “curioso” para o minério de ferro. Com média anual de preço de US$ 120 por tonelada, a commodity se manteve no mesmo nível de 2022. “Embora a média tenha ficado igual, o caminho não foi em linha reta”, observa. No início do ano, havia expectativa forte de retomada da demanda e alta dos preços com a flexibilização da política de covid zero na China, o que explica o comportamento das cotações médias no primeiro trimestre. No entanto, a reabertura do país, maior consumidor mundial de minério, acabou surtindo mais efeito na recuperação do consumo do que na atividade industrial.

Conforme Sasson, a China vai entregar crescimento de PIB maior do que 5% em 2023, puxado pelo consumo. Na outra ponta, o que se viu foi uma contínua fraqueza do setor imobiliário chinês, combalido desde setembro de 2021, com o colapso da Evergrande. Apesar das medidas de estímulo do governo, essa indústria seguiu entregando dados fracos, em termos de metros quadrados iniciados ou vendidos, e pouco contribuiu para a maior produção de aço. Em 2023, os setores de infraestrutura, produção automotiva e de máquinas puxaram o consumo chinês de aço, cuja produção deve crescer 2% no ano na China.

A demanda de minério, portanto, foi sustentada por esses setores, que deram suporte a preços “saudáveis”, acima de US$ 130 por tonelada na reta final de dezembro, iniciando 2024 em níveis acima do esperado. “Muita gente acredita que o pior já tenha passado para o setor imobiliário chinês, de forma que a desaceleração deve ser menor e isso poderia ajudar a sustentar a demanda de minério. Porém, ainda há algumas preocupações, também com a economia global”, pondera.

O analista lembra que, até agora, uma das válvulas de escape da China ante a fraqueza do setor de propriedades foi exportar mais produtos siderúrgicos. Em 2023, o volume vendido para fora do país deve chegar a 100 milhões de toneladas, equivalente a três vezes a produção anual brasileira. “Isso traz um risco de que mais países elevem tarifas de importação e tarifas antidumping, e acabem colocando um freio nessa que foi uma importante válvula de escape da produção chinesa de aço em 2023”, observa Sasson.

Do lado da oferta de minério, Sasson comenta que as quatro grandes – Vale, BHP, Rio Tinto e Fortescue – anunciaram estimativas de produção praticamente inalteradas frente a 2023. “Em um cenário de pouca oferta e demanda ainda razoável, os preços podem ficar acima de US$ 100 por tonelada em 2024”, avalia. O Itaú BBA projeta preço médio de US$ 110 por tonelada em 2024.

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