A Auren fechou o quarto trimestre de 2023 com um lucro líquido de R$ 107,6 milhões, 95,6% abaixo do registrado um ano antes, segundo balanço.
A queda na última linha do balanço reflete o impacto, no resultado financeiro do período, da atualização monetária da indenização recebida pela Auren por ativos da usina hidrelétrica Três Irmãos.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da elétrica controlada por Votorantim e CPP Investments somou R$ 508,1 milhões no último trimestre de 2023, recuo de 4,8% na base anual.
No consolidado de 2023, a Auren viu crescimentos de 7,4% na receita líquida (R$ 6,2 bilhões) e de 9,7% do Ebitda ajustado (R$ 1,8 bilhão), puxado por melhores resultados na comercialização de energia elétrica e pela entrada em operação de novos parques eólicos.
No ano de 2023, a companhia teve prejuízo líquido de R$ 317,7 milhões, pela contabilização de despesas com os impostos sobre o ganho com a indenização de Três Irmãos, contabilizada no balanço no fim de 2022.
Em relatório que acompanha o balanço, os executivos da Auren destacaram o avanço da companhia no setor de geração de energia, com o início das operações de uma usina solar no Piauí, em projeto que opera de forma associada a uma usina eólica do grupo, compartilhando a mesma infraestrutura de transmissão.
Os resultados da Auren Energia (BOV:AURE3) referentes às suas operações do quarto trimestre de 2023 foram divulgados no dia 07/02/2024.
- Auren Energia aprova pagamento de dividendos no montante de R$ 400 milhões
O Conselho de Administração da Auren Energia aprovou o pagamento de dividendos no montante de R$ 400 milhões, com base em parte da reserva de lucros da companhia.
Os dividendos serão atribuídos aos acionistas da companhia de acordo com as posições acionárias existentes no pregão de 1 de março de 2024 (data base).
Teleconferência
Os preços de energia elétrica no mercado livre no Brasil estão passando por uma correção para cima nos últimos dias, reagindo a uma frustração sucessiva com a hidrologia desde janeiro, disse nesta quinta-feira o CEO da Auren Energia, Fábio Zanfelice.
Em teleconferência para comentar os resultados trimestrais da companhia, o executivo comentou que, além do fator hidrologia, o mercado começou a perceber que os preços estavam “subestimados” e não deveriam estar tão deprimidos, mesmo diante do cenário de sobreoferta de energia no país.
“Um pouco do efeito que estamos tendo no mercado é uma volta à normalidade… Um pouco dessa volatilidade vem, obviamente, por conta da recessão da hidrologia, a última vez que tivemos um janeiro tão seco foi em 2019”, disse Zanfelice.
“Mas também acho que existe agora um reconhecimento do mercado que a precificação estava muito deprimida, acreditavam que teríamos períodos hidrológicos muito bons”, acrescentou.
O “PLD”, preço de referência do mercado de curto prazo, veio se mantendo no piso regulatório de R$ 61,07 por megawatt-hora (MWh) nos últimos anos devido a uma combinação de boa hidrologia, forte entrada de nova capacidade renovável e baixo crescimento do consumo no país.
Isso impactou fortemente as atividades de trading de energia no mercado livre, dada a falta de volatilidade, e também contratações mais longas de energia, com novos projetos “greenfield” tendo dificuldade para se viabilizar.
Os preços, porém, começaram a mostrar mais volatilidade no fim do ano passado, saindo do piso em alguns momentos do dia, principalmente em função das elevadas temperaturas que impulsionaram o consumo e levaram a recorde de carga no sistema.
Nesta semana, os preços passaram a reagir também para prazos mais longos, subindo devido à hidrologia aquém do esperado.
Segundo dados da plataforma Dcide, o índice de referência para energia convencional, como a fornecida pelas hidrelétricas, alcançou R$ 158,92/MWh para 2025-2028, alta de 7,68% na semana e de 30,63% no mês.
Já a energia incentivada (solar e eólica) atingiu R$ 190,28/MWh, avanço de 6,4% na semana e de 24,33% no mês.
Para Zanfelice, ainda há espaço para os preços subirem mais até o fim do período úmido no país, geralmente em março.
O CEO da Auren apontou, porém, que o PLD ainda não passou a se situar definitivamente em patamares mais altos porque o armazenamento das hidrelétricas –principal fonte da matriz brasileira– segue confortável.
“O armazenamento ainda é alto, 60% não é desprezível em um cenário de sobreoferta”, observou, pontuando não ver qualquer risco ao suprimento de energia no país.
Ele disse ainda que a atividade de comercialização de energia está intensa no “atacado”, para grandes consumidores, mas que esse efeito ainda não chegou no “varejo”, a consumidores menor porte.