A JPMorgan Asset Management (NYSE:JPM) e a State Street Global Advisors (NYSE:STT) anunciaram sua saída do Climate Action 100+, o maior consórcio de investidores globais dedicado a combater as mudanças climáticas, evidenciando um potencial recuo nas iniciativas de sustentabilidade sob pressão política.
Esse movimento, ocorrido na quinta-feira, sugere que as intensas críticas por parte de figuras republicanas aos princípios de investimentos sustentáveis (ESG) nos Estados Unidos podem estar incentivando empresas renomadas a reduzir ou ocultar seus esforços ambientais. Historicamente, organizações financeiras voltadas para o clima têm sido alvos frequentes de críticas ligadas à agenda ESG.
O JPMorgan Chase e a State Street Corp também são negociadas na B3 através das BDRs (BOV:JPMC34) e (BOV:S1TT34), respectivamente.
A decisão de sair do grupo, que desafia grandes emissores de carbono como Exxon Mobil (XOM, EXXO34) e Shell Plc (SHEL, RDSA34) a adotarem práticas mais sustentáveis, também pode refletir uma mudança na percepção de valor de tais associações. Anteriormente, pertencer a iniciativas como o CA100+ era motivo de orgulho e destaque em comunicações corporativas. Atualmente, porém, a filiação pode ser vista como um risco, levando à retração daqueles menos comprometidos com as metas climáticas.
Especialistas no setor oferecem perspectivas variadas sobre essas retiradas. Mark Campanale, da Carbon Tracker, vê a reação anti-ESG como um fator intimidador para os investidores, um cenário que pode se intensificar dependendo dos resultados das próximas eleições presidenciais nos EUA. Em contrapartida, vozes críticas como Rebecca Self e Ben Cushing questionam a autenticidade do compromisso dessas empresas com a sustentabilidade, interpretando as saídas como uma renúncia às responsabilidades fiduciárias em face de conveniências de curto prazo.
As empresas justificam suas saídas com diferentes razões. A State Street Global Advisors, gerenciando US$ 4,1 trilhões, apontou divergências com as novas diretrizes do CA100+, que exigem ações concretas das empresas, como incompatíveis com suas práticas de voto por procuração e engajamento corporativo. Já a JPMorgan Asset Management, responsável por US$ 3,1 trilhões em ativos, não citou as mudanças no CA100+, mas destacou seus próprios esforços no desenvolvimento de uma estratégia de risco climático independente.
A BlackRock (BLK, BLAK34) também está reestruturando sua relação com o CA100+, indicando uma transferência de sua participação para uma subsidiária internacional, afastando assim a matriz de Nova York da coalizão. Essa mudança reflete a complexidade legal e as expectativas dos clientes fora dos EUA em relação aos compromissos climáticos.
Esses desenvolvimentos levantam questões sobre a eficácia e o futuro do engajamento dos investidores na promoção de práticas empresariais sustentáveis, especialmente em um ambiente cada vez mais polarizado em relação aos investimentos ESG.