A Cemig está concentrando seus investimentos em redes elétricas visando atrair mais indústrias para Minas Gerais em busca de energia limpa e barata na esteira da tendência mundial de “powershoring”, disse o presidente da estatal mineira.
Segundo Reynaldo Passanezi Filho, a companhia está conduzindo seu maior programa de investimentos da história, que prevê 50 bilhões de reais entre 2019 e 2028, com 80% dos recursos focados em modernização e expansão de redes de distribuição, que conectam a energia transportada pelo Sistema Interligado Nacional (SIN) com o consumidor final.
“Estamos de fato trabalhando no sentido de ser esse provedor de infraestrutura para o ‘powershoring’, para quem quiser se aproveitar da matriz renovável que o Brasil tem”, disse Passanezi.
“Nosso objetivo é sair de uma situação em que estamos atrás da demanda para ficarmos à frente da demanda, ter ‘grid’ para que a empresa venha. Tínhamos muita demanda reprimida que não tínhamos capacidade de atender.”
A Cemig (BOV:CMIG3) (BOV:CMIG4) já investiu 13,5 bilhões de reais desde 2019, em projetos como a substituição redes monofásicas por trifásicas em áreas rurais, e projeta mais36,5 bilhões de reais até 2028, com destaque para um crescimento de 50% do número de subestações da distribuidora mineira, a maior do país em número de clientes.
“Estamos preparados para a chegada de empresas consumidoras eletrointensivas e mesmo substituição de geradores a diesel, em áreas rurais.”
Como exemplo de mercados que o Estado mineiro busca atrair e incentivar, ele cita minerais críticos e os data centers, este último um mercado que também é grande consumidor de energia e que vem buscando suprir sua demanda com fontes renováveis.
O CEO da Cemig lembrou ainda que a elétrica pode ser uma supridora de energia para essas indústrias por meio de sua comercializadora e parque renovável, com negociações de contratos de energia de longo prazo.
Dentro dos avanços na área de geração, Passanezi afirmou que a companhia está entregando novas usinas solares de grande porte, com 180 megawatts (MW), em um movimento de diversificação de um portfólio hoje dominado pelas hidrelétricas.
A Reuters publicou em março que a Cemig estava finalizando seusprimeiros projetos de autoprodução de energia, na fonte solar, e que negociava contratos da modalidade com clientes potenciais somando 300 megawatts (MW) médios.
O executivo ressaltou que a empresa segue concentrada em suas operações em Minas Gerais, mantendo o plano de alienação das participações minoritárias em negócios fora do Estado e considerados não estratégicos, como a hidrelétrica de Belo Monte e outros.