A companhia educacional Cogna apresentou seu balanço do primeiro trimestre de 2024 (1T24) na noite desta quarta-feira (8). O lucro líquido ajustado teve queda de 57% na comparação com o mesmo período de 2023 e ficou em R$ 50,5 milhões. Sem o ajuste, o prejuízo foi de R$ 8,5 milhões ante R$ 54 milhões de lucro no 1T23.
O número foi impactado por despesa não recorrente justificada na linha “M&A e expansão”, que teve crescimento de 147% na comparação anual. O impacto ocorreu por transação com Grupo Eleva, que possuía quatro escolas com previsão contratual de pagamento após a compra. Assim, um dos pagamentos foi realizado no 1T24 e impactou o balanço.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente apresentou crescimento de 9,5% e chegou a R$ 495,5 milhões. A margem Ebitda recorrente caiu 1,8 ponto percentual, chegando a 32,2%. A queda tem relação com despesas estratégicas com marketing na frente de Kroton, com foco na melhoria da captação de alunos.
“A gente entende que Investimento de marketing ajuda não só no curto prazo, nas captações de novos alunos, mas também constrói marca”, comenta o CEO da companhia, Roberto Valério, em entrevista ao InfoMoney. O executivo destacou que o investimento se converteu em avanço de 14% na captação e ampliou o awareness da marca.
A receita líquida chegou a R$ 1,538 bilhão, com crescimento 15,7% na comparação com o mesmo período de 2023. Um dos destaques do balanço foi a geração de caixa operacional (GCO), que, desconsiderando gastos de capital (capex, na sigla em inglês) foi de R$ 210,2 milhões, com redução de 7,4% na comparação com o primeiro trimestre de 2023.
“Este resultado é consequência principalmente do descasamento temporal do PNLD [Programa Nacional do Livro Didático] em que tivemos recebimentos no final do ano de 2023. Contudo, a Geração de Caixa Operacional após Capex e Serviço da Dívida foi de R$9,4 milhões no trimestre”, comenta a administração no comunicado que divulgou os números do trimestre.
A companhia continua em esforços para redução da alavancagem, que caiu de 2,03 vezes a dívida líquida sobre Ebitda para 1,79 vez no 1T24. A administração reforçou que a queda é resultado de ações de liability management [gestão de passivos] somadas a crescente geração de caixa, em busca do valor proposto no guidance para 2024. A dívida líquida da Companhia ficou estável em R$ 3,27 bilhões ante o 4T23.
Avanço nas três frentes de negócios
O CEO da companhia destacou o avanço de receita nas três unidades de negócios. “É mais um trimestre de crescimento de duplo dígito de receita, com crescimento de 16% da receita de Cogna, com todas as unidades de negócio crescendo o duplo-dígito também, Kroton, Somos e Saber, o que deixa a gente bastante confiante para o futuro, porque havendo crescimento de receita, o resto tudo se ajeita”, considera.
Sobre a queda observada na geração de caixa operacional (GCO), o executivo destacou que a mudança no calendário de pagamentos realizados de PNLD fez com que houvesse impacto na cifra apresentada no balanço do primeiro trimestre.
“Tivemos nos últimos dias de dezembro um pagamento do PNLD, que na verdade esperávamos no primeiro trimestre, que é quando normalmente eles pagam. Nosso entendimento é que, em dezembro, se a gente colocar esses R$ 50 milhões, somar os R$ 50 milhões aos R$ 210 milhões que tem contábil, seriam R$ 260 milhões, que versus R$ 227 milhões [do primeiro trimestre de 2023] levaria a um crescimento de mais de 15%”, explica.
Para além disso, Valério destaca que a geração de caixa operacional já é suficiente para a operação de toda a empresa. De acordo com o executivo, o montante já gerado no trimestre permite a realização de investimentos que a companhia prevê, o pagamento de todo o serviço da dívida e “ainda sobrou quase 10 milhões de reais”, reforça.
De acordo com o CEO, uma possível permanência da taxa de juros em patamar mais elevado não traria impacto tão forte para a Cogna, considerando a estratégia já em curso. “Independentemente do que aconteça com a taxa de juros – claro, que quanto mais ela cair, melhor – a gente continua com a estratégia de desalavancar a empresa. Como temos gerado caixa, estamos confiantes de que vamos conseguir reduzir bastante esse custo financeiro”, aponta Valério.
Otimismo em 2024
O CEO reforça que não tem motivos para não considerar 2024 com otimismo tanto para a companhia quanto para todo o setor. O executivo afirma que o guidance segue reforçado, construído em cima de pilares de cursos a longa distância (EAD) e de medicina para Kroton, migração para produtos mais premium e crescimento de soluções complementares para Somos. Mesmo com ambiente desafiador, considerando ainda elevada taxa de juros, Valério reforça sua visão positiva.
“Acho que para nós, em educação, é um bom ano e concordo que temos construído isso aqui ao longo de praticamente quatro anos. Estruturar melhor a empresa, fazer a transformação digital, ter certeza que temos os melhores talentos, escolher quais são os negócios que queremos investir e investirmos de maneira inteligente ao longo do tempo”, conclui.
Os resultados da Cogna (BOV:COGN3) referentes às suas operações do primeiro trimestre de 2024 foram divulgados no dia 08/05/2024.