A fabricante de aeronaves elétricas Eve está trabalhando para captar recursos que devem financiá-la até a certificação de seu veículo, disse à Reuters o presidente-executivo da empresa, Johann Bordais.
A Eve, que é controlada pela Embraer (BOV:EMBR3), possui no momento uma posição financeira confortável o suficiente para financiar suas operações até 2025, mas a certificação e a entrada em serviço da aeronave devem ocorrer apenas em 2026.
A empresa abriu capital em Nova York em maio de 2022, levantando cerca de US$ 400 milhões para desenvolver e produzir sua aeronave elétrica de decolagem e pouso verticais (eVTOL, na sigla inglês), um projeto com custo inicialmente previsto em torno de US$ 540 milhões.
Depois, obteve um financiamento de longo prazo de R$ 490 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No final do primeiro trimestre, a liquidez total da empresa era de US$ 280 milhões.
“Nós estamos bem em questão de caixa”, disse Bordais, que assumiu o comando da empresa em setembro do ano passado. “Nossa meta, nossa segunda rodada de levantamento de dinheiro, é poder garantir até a certificação.”
“Essa segunda rodada deveria acabar, se der tudo certo, no fim do mês que vem, e pode assegurar nosso caixa para a certificação”, acrescentou, sem entrar em mais detalhes.
Bordais destacou que o desenvolvimento do eVTOL da Eve está ocorrendo dentro do cronograma esperado. A empresa divulgou recentemente imagens do primeiro protótipo em escala real, e espera poder voá-lo sem tripulação até o final deste ano.
Os testes em solo do protótipo estão programados para começar em julho, segundo o executivo, após exames bem sucedidos em túnel de vento no ano passado.
CERTIFICAÇÃO
A necessidade mais urgente de Eve será certificar a aeronave. A empresa iniciou o processo perante a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em 2022 e espera que a validação no Brasil seja seguida pela Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA).
A Eve tem mantido as metas para 2026 inalteradas desde a oferta pública inicial (IPO), algo que analistas do Jefferies disseram na semana passada ser uma “raridade no mercado”, destacando que a empresa está “muito bem posicionada” e forte financeiramente.
Antes de iniciar produção, a Eve acumulou uma carteira de quase 3 mil pedidos e escolheu a maioria dos seus fornecedores – 90% do orçamento de fornecedores já está selecionado, de acordo com o executivo.
“Mas tudo começa com a certificação”, disse Bordais, observando que a experiência e o histórico da Embraer no setor são pontos positivos para Eve.
A empresa revelou no ano passado que sua primeira fábrica será localizada em Taubaté (SP), aproveitando as vantagens logísticas e a proximidade com a Embraer, cuja sede fica na cidade vizinha de São José dos Campos.
Bordais disse que a instalação de Taubaté deverá ter capacidade para 120 eVTOLs por ano em seu primeiro módulo e atingir um pico anual de 480 aeronaves no futuro. Uma possível nova fábrica no exterior não está fora de questão, mas também não é uma prioridade imediata.
“(Com) a certificação e o mercado privilegiado lá, por enquanto, eu acho que os Estados Unidos poderiam ser uma opção. Mas eu acho que não está totalmente definido isso aí – vamos começar com essa fábrica (em Taubaté), vamos entregar, vamos produzir.”