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Cade publica parecer final recomendando aprovação da operação de venda de ativos da Marfrig para Minerva

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A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) publicou parecer final recomendando ao Tribunal Administrativo de Defesa Econômica a aprovação da operação entre Marfrig e Minerva, mediante a celebração de Acordo em Controle de Concentrações (ACC).

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A operação é referente a aquisição pela Minerva (BOV:BEEF3) por parte do negócio de carne bovina e ovina da Marfrig (BOV:MRFG3) na América do Sul. A análise inclui determinadas plantas industriais de abate e desossa de bovinos e ovinos e um centro de distribuição, localizadas no Brasil, Argentina e Chile.

Em agosto de 2023, os frigoríficos firmaram uma transação de R$ 7,5 bilhões envolvendo a alienação de 16 plantas e um centro de distribuição.

De acordo com comunicado, o parecer prevê a diminuição dos limites materiais e geográficos estabelecidos na cláusula de restrição à expansão prevista no contrato, que não alterará os demais termos e condições previstos no contrato e da operação.

As companhias esclarecem que, além da aprovação definitiva do CADE, o fechamento da operação ainda se encontra sujeita às demais condições precedentes previstas no contrato.

VISÃO DO MERCADO

As ações das empresas têm uma sessão positiva nesta segunda-feira (12), com MRFG3 subindo 2,72% (R$ 12,45) e BEEF3 tendo alta de 1,73% (R$ 7,64) às 10h23 (horário de Brasília).

A Minerva não deu detalhes sobre os ativos industriais da Marfrig que está adquirindo no Brasil, mas a companhia afirmou que a recomendação da superintendência se deu com incentivo a uma assinatura de um Acordo de Controle de Concentrações (ACC).

Em comunicado separado, a Marfrig informou que se comprometeu a vender para a Minerva em 28 de agosto do ano passado “determinadas unidades de abate de bovinos e ovinos na Argentina, Brasil e Chile”. Segundo a Marfrig, o parecer da Superintendência do Cade recomenda inclusão no ACC termo “prevendo diminuição dos limites materiais e geográficos estabelecidos na cláusula de restrição à expansão prevista no contrato”. A companhia afirmou que a recomendação “não alterará os demais termos e condições previstos no contrato e da operação”.

Próximos passos e riscos no radar

A XP aponta que, com o acordo, o próximo passo é a aprovação final do tribunal do Cade, não esperada para a próxima reunião (14 de agosto), mas que provavelmente ocorrerá nas sessões seguintes: 28 de agosto, 11 ou 25 de setembro.

Até a aprovação final, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), listada como terceira interessada no acordo, ainda pode recorrer, embora isso demande apenas a análise do tribunal do CADE.

Após uma provável aprovação, as duas empresas ainda precisam estabelecer os detalhes do processo de transferência, se ele estará totalmente operacional (gado comprado e programado para abate, estoques de carcaças e cortes de carne etc.) ou se a Minerva precisará reiniciá-lo. “Acreditamos que a primeira opção é a melhor e mais provável de acontecer, embora não esteja claro como isso afetará o capital de giro da Minerva”, avaliam os analistas da XP.

A necessidade potencial de capital de giro adicional e as dúvidas sobre se as despesas gerais e de vendas já estavam garantidas para essa etapa transformacional são detalhes que podem trazer algum ruído para os resultados do terceiro e quarto trimestres, complementa a equipe de análise.

Na visão do Bradesco BBI, este desenvolvimento é positivo para a Minerva, para quem tem recomendação neutra e preço-alvo de R$ 8, pois atenua um dos principais obstáculos para sua tese. O Cade tinha 240 dias para concluir toda a sua avaliação e que poderia ser estendida por mais 90 dias, pois este foi considerado um caso complexo. “Nosso entendimento é que esse prazo começou no final de dezembro de 2023, então o período regular implicaria uma decisão final no final de agosto de 2024, ou final de novembro de 2024 no caso do período estendido”, avaliam os analistas do banco.

A equipe de análise ressalta que ainda há a questão sobre quanto tempo pode levar para o Tribunal emitir sua decisão, mas pelo menos a probabilidade de isso ocorrer mais cedo parece ter melhorado. Os remédios também foram limitados, impactando apenas o acordo de não concorrência ao invés vez de exigir qualquer tipo de alienação de ativos, por exemplo.

“Embora acreditemos que esse já era o caso base para esta parcela do acordo (restrições regulatórias mais severas são esperadas para o Uruguai), foi positivo tê-lo confirmado”, avaliam os analistas.

O modelo do banco para a Minerva implica que o acordo só seria concluído até o final do ano, então há potencialmente algum potencial de melhoria em suas estimativas para 2024 agora. Ainda assim, embora os processos de integração anteriores da Minerva garantam o benefício da dúvida do ponto de vista operacional, os analistas do BBI continuam sem visibilidade sobre o tamanho real da contribuição dos lucros dos novos ativos e onde os resultados se estabilizarão, especialmente considerando que a parcela do Uruguai deve levar mais tempo para ser concluída.

Com a dívida respondendo por algo próximo a 80% do EV (enterprise value, valor de mercado de uma empresa somado a sua dívida líquida, descontando o valor de caixa) pós-acordo (pró-forma), o potencial de valorização (upside) pode ser indiscutivelmente o mais alto do setor, mas isso ainda exigiria uma maior materialização da visibilidade em relação ao ritmo de desalavancagem, avalia o BBI.

Assim, a recomendação neutra pelo banco permanece, apesar de sua expectativa de que os resultados da Minerva devem acelerar durante o 2S24 devido a um real (R$) mais fraco, sazonalidade favorável e ciclo positivo do gado no Brasil.

Quanto à Marfrig, também com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 15, há uma leitura positiva no sentido de que o novo acordo de não concorrência deve ser menos severo, embora os analistas do BBI não acreditem que atualmente faça parte da estratégia da empresa voltar a expandir as operações em ativos de abate de carne bovina no Brasil.

Em vez disso, espera que a Marfrig permaneça focada principalmente na desalavancagem após a aquisição da BRF, ao mesmo tempo em que aumenta a utilização da capacidade de suas unidades de desossa e processamento no Brasil. “A visibilidade da taxa de execução dos resultados de seus ativos autônomos também está mais clara agora que a Marfrig mudou suas divulgações. Ainda assim, acreditamos que as margens da carne bovina dos EUA devem continuar lutando, traduzindo-se em múltiplos mais altos pelo menos até 2026”, avalia.

Para a Genial, as incertezas sobre a aquisição já estão refletidas no preço das ações da Minerva. Portanto, agora, a tendência é de um foco maior no desempenho operacional favorável projetado para o ano, que pode alavancar novamente o papel.

Informações Infomoney

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