A Embraer informou que os procedimentos de arbitragem pendentes entre Embraer e suas afiliadas, de um lado, e The Boeing Company (Boeing) e suas afiliadas, do outro lado, foram concluídos.
O fato relevante foi feito pela companhia (BOV:EMBR3) nesta segunda-feira (16).
O acordo marca a conclusão de um longo processo de arbitragem iniciado depois que a empresa norte-americana abortou um acordo de US$ 4,2 bilhões para comprar as operações de fabricação de jatos comerciais da Embraer em meio à pandemia de Covid-19.
“Conforme o ‘collar agreement’ celebrado recentemente entre as partes, a Boeing irá pagar o valor bruto de USD 150 milhões para Embraer”, afirmou a fabricante brasileira.
VISÃO DO MERCADO
Mesmo após a realização do acordo, os papéis da companhia caem 5,35%, cotados a R$ 49,15, às 11h35 (horário de Brasília). Afinal, por que o mercado considerou o acordo tão negativo?
Para o Itaú BBA, as expectativas do mercado pareciam mais altas, considerando valores entre US$ 250-300 milhões e, por isso, a reação negativa para os papéis era esperada. Mesmo assim, ainda há fatores para apostar na ação, de acordo com os analistas. A Embraer pode se beneficiar de novos pedidos comerciais e de defesa e da melhoria na rentabilidade e potencial de alta para margem (de acordo com o apresentado no guidance, as orientações para 2024 fornecidas pela empresa).
O BBA também cita como fator de otimismo o fluxo positivo de investidores internacionais, que antes não cobriam a ação, e o ambiente competitivo mais favorável. As principais concorrentes, Airbus e a própria Boeing, enfrentam desafios de entrega há algum tempo. Assim, a expectativa do BBA é que o momentum da companhia continue, o que justifica a recomendação outperform (performance acima da média, similar à compra), com preço alvo de US$ 40,00 para os ADRs (American Depositary Receipts) da Embraer.
O Bradesco BBI também avalia que a indenização veio abaixo da expectativa do mercado de US$ 300 milhões. O banco, contudo, não esperava nenhuma reação importante do mercado porque o valor líquido a ser recebido pela Embraer deve ser de US$ 85 milhões (US$ 0,49/ERJ) ajustado para PIS/Cofins (9,25%) e impostos de renda (34%).
O banco também cita que a diferença em relação ao consenso de mercado representa um impacto menor de 1% no valor de mercado da companhia e continua a prever que a Embraer zerará as perdas acumuladas no patrimônio líquido no segundo semestre de 2024, o que permitiria à empresa retomar a distribuição de dividendos em 2025.
O BBI mantém classificação de equivalente à compra para os ADRs da Embraer, com um preço-alvo de US$ 40,00.
O BTG Pactual também aponta que o acordo foi abaixo das expectativas, mas que “é melhor do que nenhum acordo”.
“O fato de a arbitragem ter sido conduzida em sigilo deixou o mercado sem informações claras sobre o valor potencial de reembolso, levando a uma ampla gama de expectativas, com uma média de US$200 a US$ 300 milhões. Esse intervalo estava alinhado com os US$ 241 milhões de despesas que a Embraer teve para separar e reintegrar sua divisão de aviação comercial após o fracasso do acordo com a Boeing. Assim, o valor de US$ 150 milhões está abaixo dessa expectativa implícita. No entanto, como muitos investidores, não havíamos incluído nenhum pagamento em nosso modelo, então qualquer pagamento deve ser considerado um upside”, avaliou o banco.
Para os analistas do BTG, a arbitragem foi apenas um dos eventos que os investidores estão acompanhando na Embraer. Outros fatores importantes incluem o sucesso das campanhas comerciais, participação em feiras aéreas e anúncios de parcerias, entre outros.
“Acreditamos que o setor de aviação oferece um ambiente positivo em todos os seus principais segmentos: o segmento comercial está se beneficiando da falta de capacidade de fabricação, ajudando a Embraer a ganhar terreno globalmente; o segmento executivo tem um recorde de pedidos em carteira; no segmento de defesa, o foco é a promoção da aeronave militar KC-390; e o segmento de serviços e suporte deve acelerar o crescimento com a abertura de uma nova unidade de manutenção pela OGMA em Portugal”, aponta o banco. A Embraer está negociando a um desconto de 23% em relação aos seus principais pares globais, o que os leva a manter nossa visão otimista sobre a empresa.