A M. Dias Branco reportou um lucro líquido de R$ 124,7 milhões no terceiro trimestre do ano, uma retração de 51,9% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O resultado foi afetado negativamente pela retração nos volumes vendidos, redução do preço médio e aumento de custos no período.
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A receita líquida caiu 12,1% no terceiro trimestre, alcançando R$ 2,404 bilhões, em comparação aos R$ 2,735 bilhões registrados no 3T23.
O volume de vendas total da empresa registrou uma redução de 6,9% no trimestre, somando 419,3 mil toneladas.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 228,9 milhões, um recuo de 48,1%. A margem Ebitda também sofreu uma redução expressiva de 6,6 pontos percentuais, indo de 16,1% para 9,5%.
A M. Dias Branco também registrou uma queda na geração de caixa operacional, que foi de R$ 67,2 milhões no terceiro trimestre, uma redução de 93,1% em comparação aos R$ 973,3 milhões do mesmo trimestre do ano passado.
As despesas administrativas e com vendas apresentaram retração de 1,3%, reflexo da queda dos volumes e dos esforços de redução das despesas, mitigando o impacto da inflação no período.
A Companhia registrou resultado financeiro positivo de R$ 7,8 milhões, refletindo a posição de caixa líquido de R$ 28,6 milhões.
No 3T24, a M. Dias Branco apresentou caixa líquido, fruto principalmente da geração de caixa, encerrando o período com R$ 2,1 bilhões em caixa.
Os investimentos totalizaram R$ 84,6 milhões no 3T24, com destaque para melhorias na unidade Eusébio (CE) e máquinas e equipamentos para a produção de lámen não frito.
Por outro lado, a dívida líquida passou de R$ 318,2 milhões no final do terceiro trimestre de 2023 para um saldo de caixa líquido de R$ 28,6 milhões.
Os resultados da M. Dias Branco (BOV:MDIA3) referentes suas operações do terceiro trimestre de 2024 foram divulgados no dia 11/11/2024.
VISÃO DO MERCADO
Um trimestre para ser esquecido. Os resultados da M Dias Branco no terceiro trimestre de 2024 (3T24) ficaram significativamente abaixo do esperado, com um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 229 milhões, que foi 48% inferior ao ano passado, 27% abaixo do consenso e 22% abaixo da estimativa do JP Morgan.
Às 10h38 (horário de Brasília), a ação da fabricante de massas e biscoitos caía 11,84%, cotada a R$ 22,27.
O lucro líquido de R$ 125 milhões, por sua vez, ficou 11% abaixo da previsão do JP Morgan e 32% abaixo do consenso.
Segundo o JPMorgan, o principal motivo dessa retração foi a diminuição de 7% no volume de vendas, combinada com uma queda de 5,6% nos preços médios, enquanto os custos de produção aumentaram, resultando em uma compressão de 740 pontos-base na margem bruta.
Diante disso, analistas do JPMorgan acreditam que a M. Dias Branco ainda não ajustou corretamente a equação volume/preço, o que levou a uma queda de 12% na receita.
O JPMorgan manteve classificação underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) porque acredita que fatores semelhantes (ou piores) continuarão no próximo trimestre: os preços têm dificuldades para aumentar, enquanto os custos médios devem continuar a subir, impulsionados pelo real, óleo de palma e trigo.
O banco americano ainda disse que esse trimestre não comprova que a M. Dias Branco seja uma história fracassada, mas certamente mais cíclica do que deveria ser. Com isso, a instituição disse aguardar sinais melhores de um ponto de virada do ciclo, o que não deve acontecer no quarto trimestre.
O Itaú BBA comenta que foi um trimestre para esquecer, devido aos resultados mais fracos do que o esperado, que provavelmente decepcionaram até os investidores mais pessimistas. “Além disso, a nova divulgação com menos granularidade sobre a dinâmica da receita pode não ser bem recebida pelo buy-side, potencialmente desencadeando uma reação negativa devido à menor visibilidade à frente”, ressaltou o BBA em relatório antes da abertura do mercado.
Apesar da avaliação descontada em comparação à média histórica, o BBA manteve classificação de market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro) e preço-alvo de R$ 34 para a M. Dias, pelo menos até que haja sinais de melhora na eficiência e a produtividade.
Na mesma linha que o BBA, a XP Investimentos avalia que a M. Dias reportou dados para esquecer no 3T24, materialmente abaixo das suas expectativas, afetado por: (i) preços mais baixos e volumes menores – uma dinâmica de preços errática, juntamente com um ambiente competitivo mais acirrado, levou a companhia a perder participação de mercado no trimestre; (ii) preços de commodities mais altos; e (iii) menores custos e diluição das despesas SG&A (de vendas, gerais e administrativas) devido ao volume mais fraco.
Em meio a um real mais desvalorizado, aumento nos preços das commodities (particularmente óleo de palma) e sem resposta nos preços, a XP reiterou sua postura negativa em relação à tese de investimento.
Já o BTG ressalta que mantém uma recomendação neutra desde 2018, pois a M. Dias Branco alterou sua abordagem comercial, que antes era centrada no volume, para uma mais focada no preço. Desde então, a empresa começou a perder participação de mercado em certos segmentos e tem enfrentado dificuldades para manter o poder de precificação e as margens nos níveis anteriores.
Após uma bem-vinda recuperação de margem desde o ano passado, quando os custos de matérias-primas começaram a cair, o 3T24 marcou uma queda repentina e inesperada tanto para margens quanto para volumes.
Além disso, após mais de 18 anos, a empresa alterou a forma como divulga informações operacionais e comerciais, juntamente com uma série de ações “corretivas” para reverter a mencionada queda de margem/volume.