A JBS, maior produtora de carnes do mundo, reportou lucro de R$2,4 bilhões no quarto trimestre, versus apenas R$ 82,6 milhões um ano antes, com uma melhora operacional em diversas divisões da companhia que permitiu, inclusive, a redução do seu endividamento.
No ano completo de 2024, os resultados líquidos alcançaram R$ 9,6 bilhões, em recuperação após prejuízos de cerca de R$ 1 bilhão do período anterior, quando a empresa lidou com o excesso global de aves e custos de produção elevados pelos preços dos grãos, entre outros fatores.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou R$ 10,79 bilhões nos últimos três meses do ano passado, alta de 111,4% na comparação anual. Em 2024, esse indicador atingiu cerca de R$ 39 bilhões, crescimento de 127,7% ante 2023.
Em entrevista para discutir os resultados, o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, destacou o desempenho do negócio de carne bovina nos EUA da empresa, que ainda enfrenta uma oferta de gado escassa e cara, pressionando as margens onde a empresa obtém a maior parte de sua receita.
“O negócio da carne bovina dos EUA foi muito desafiador, foi mais desafiador do que em 2023 por conta da redução da oferta. Mas mesmo assim o resultado foi melhor do que 2023, o que mostra que conseguimos melhorar operacionalmente um negócio que estava abaixo do potencial”, disse Tomazoni.
O Ebitda dessa divisão foi de R$ 647,1 milhões no último trimestre de 2024, acima dos R$ 488,5 milhões negativos no mesmo período de 2023. As margens ficaram em 1,7%, uma melhora em relação aos -1,6% do quarto trimestre de 2023, mostrou o relatório financeiro.
O CEO citou ainda a Seara, que também tinha desempenho considerado abaixo do potencial, como tendo uma “recuperação impressionante”.
“Foi um grande ‘turnaround’ na Seara”, destacou, ao falar sobre a unidade de processados, de frango e suínos no Brasil.
A Seara registrou margens altas de dois dígitos nos últimos dois trimestres, com o Ebitda ajustado somando R$ 2,627 bilhões nos últimos três meses de 2024, um aumento de 292% em relação ao ano anterior.
A Pilgrim’s teve o melhor ano da sua história, destacou Tomazoni, com Ebitda ajustado de R$3,8 bilhões.
A JBS registrou receita líquida consolidada de R$ 116,7 bilhões no quarto trimestre, alta de 21% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, enquanto no ano faturou R$ 417 bilhões, crescimento de 15% na mesma comparação.
Com a melhora operacional e da disciplina financeira, a JBS afirmou que teve “forte geração de caixa livre”.
O fluxo de caixa das atividades operacionais foi de R$ 10,6 bilhões no quarto trimestre e de R$ 30,6 bilhões no ano passado.
A empresa disse ainda ter, considerando US$3,4 bilhões disponíveis em linhas de crédito rotativas, disponibilidades totais de R$ 56,4 bilhões, suficientes para honrar todas as dívidas até 2032.
A despesa financeira da dívida líquida foi de R$ 1,4 bilhão no 4T24 e R$5,2 bilhões em 2024, correspondendo a US$ 242 milhões e US$ 970 milhões, respectivamente.
No fechamento de 2024, a dívida líquida ficou em US$ 13,6 bilhões (R$ 84 bilhões) uma redução de aproximadamente US$ 1,7 bilhão quando comparado ao ano anterior.
Dessa forma, a alavancagem em dólares encerrou em 1,89 vez, versus 4,42 vezes no final de 2023.
Os resultados da JBS (BOV:JBSS3) referente suas operações do quarto trimestre de 2024 foram divulgados no dia 25/03/2025.
VISÃO DO MERCADO
A JBS, maior produtora de carnes do mundo, divulgou na noite de terça-feira seus resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24), que classificados como sólidos pela XP Investimentos. As ações, por sinal, registram volatilidade, com a ação abrindo em alta cerca de 1%, passando a cair mais tarde na mesma proporção.
Segundo a XP destacou em relatório, a carne bovina dos EUA com margem 100 pontos-base (bps) acima da estimativa foi uma surpresa positiva, o que pode levar a revisões positivas de lucros.
Do lado negativo, a JBS Brasil e a Austrália foram mais fracas do que o previsto, refletindo preços mais altos do gado, e podem ser o catalisador negativo para as revisões de lucros. Ainda em tom negativo, a XP destaca a duplicação sequencial do capex (investimentos em capital) de manutenção.
No geral, a XP vê os resultados da JBS de forma positiva, o que deve apoiar a recente tendência de alta nos preços das ações, embora as tarifas continuem sendo um ponto de preocupação.
A empresa entregou um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 10,7 bilhões no 4T24 , superando as expectativas do BBI, com destaque para a Seara, que apresentou um crescimento de 27% nas vendas e uma margem Ebitda de 19,8%. Segundo o banco, a JBS encerrou 2024 com “chave de ouro”.
A JBS também teve forte geração de fluxo de caixa livre (R$ 5,4 bilhões) e anunciou um dividendo adicional de R$ 4,4 bilhões (rendimento de 5%). Embora o ciclo da Seara tenha mostrado sinais de desaceleração, a JBS tem superado expectativas, especialmente nas divisões de carne bovina.
Para o BBI, a empresa continua sendo negociada com desconto em relação aos seus pares e mantém uma perspectiva favorável, com foco na possível listagem nos EUA. O BBI mantém sua classificação de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 48.
Na opinião do BBA, a JBS revelou um trimestre saudável, com EBITDA ajustado de R$ 10,8 bilhões, superando sua projeção em 11%. Ajustado para ganhos contábeis, o EBITDA ainda superou as estimativas do banco.
O BBA ressalta que a geração de fluxo de caixa robusta ao longo do ano colocou a dívida líquida/EBITDA abaixo de 2,0 vezes em dólares. Consequentemente, a empresa propôs uma distribuição adicional de dividendos de R$ 4,4 bilhões (rendimento de aproximadamente 5%), que pode ser votada na próxima assembleia geral.
A visão do BBA é de que o fluxo recente de notícias sugere uma aproximação de uma possível listagem nos EUA, o que resultou em uma reclassificação de aproximadamente 0,7 vez Valor da Firma (EV)/Ebitda na semana passada. Apesar disso, o banco enxerga um desconto considerável em relação à PCC e Tyson, o que provavelmente oferece uma proteção significativa à avaliação da JBS nos próximos meses, assumindo que a companhia será negociada com uma nova base de comparação de avaliação.
O BBA manteve recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 51.
Apesar de alguns ajustes pontuais nos números do 4T24, o BTG avalia que 2024 foi um “ano excepcional” para a JBS. “Os resultados validam uma estratégia de longo prazo pautada em crescimento e diversificação, que tem se mostrado acertada — especialmente considerando o compromisso da companhia em equilibrar expansão com retorno ao acionista e disciplina financeira”, comenta o banco.
O Ebitda ajustado ficou 6% acima da estimativa do BTG. No entanto, os números foram impactados por itens não recorrentes que somaram R$ 1,9 bilhão, afetando tanto o Ebitda quanto o lucro líquido.
O BTG reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 48.
A equipe de análise do JPMorgan comenta que o Ebitda superou estimativas devido ao forte desempenho na carne bovina dos EUA, Seara e Brasil.
Por outro lado, conforme JPMorgan, as margens na Austrália recuaram 320 pontos-base na comparação sequencial, impactadas pelo aumento dos preços do gado. A alavancagem em dólares ficou em 1,9 vez, em linha com as projeções do banco americano.
Já o fluxo de caixa livre (FCF) totalizou R$ 5,3 bilhões, um número sólido, mas abaixo das expectativas do JPMorgan devido ao impacto do capital de giro.
O JPMorgan manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 46.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters
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