Ibovespa cai, com juros pressionados, Lula em alta e Ambev decepcionando após postura mais dura do Copom

O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (31), pressionado por uma combinação de fatores que elevou a cautela nos mercados. A postura mais dura adotada pelo Copom, os sinais de resiliência do mercado de trabalho e a melhora da avaliação do presidente Lula em pesquisa da AtlasIntel pesaram sobre a curva de juros e sobre os ativos locais, minando as chances de alívio monetário no curto prazo.

O índice encerrou o dia com recuo de 0,69%, aos 133.071 pontos, acumulando uma perda de 4,17% em julho. O volume negociado ficou acima da média dos últimos 50 pregões, com destaque para os vértices da curva de juros, que subiram até 15 pontos-base, refletindo também o robusto leilão de títulos do Tesouro Nacional.

O câmbio acompanhou a tendência, com o dólar futuro em alta de 0,35%, a R$ 5,643. No exterior, o índice DXY avançou 0,17%, atingindo o maior nível desde maio, enquanto no mês o ganho acumulado chegou a 3,38%, o melhor desempenho desde abril de 2022.

O mercado repercutiu o tom mais “hawkish” do Copom, que manteve a Selic em 15% e indicou que pode voltar a subir os juros caso considere necessário. A autoridade monetária reforçou que monitora de perto os dados da economia, que mostram crescimento moderado, mas com um mercado de trabalho ainda forte — evidenciado pela taxa de desemprego da PNAD, que caiu a 5,8% no trimestre até junho, a menor da série histórica.

Outro fator de pressão foi a nova pesquisa AtlasIntel, que mostrou a aprovação de Lula subindo para 50,2%, superando pela primeira vez desde outubro de 2024 sua taxa de desaprovação, agora em 49,7%. O avanço ocorre em meio à tensão com os EUA, após novas sanções do governo Trump.

Na frente corporativa, os investidores digeriram uma série de balanços. A Ambev decepcionou, com queda de 9% no volume de vendas de cerveja no Brasil e lucro abaixo do esperado. Analistas apontaram preocupações com custos crescentes, concorrência e fraqueza no consumo. Christian Keleti, da Alpha Key Capital, afirmou que os resultados da Ambev reforçam sinais de desaceleração econômica.

Também divulgaram resultados TIM, Isa Energia, Ecorodovias e Bradesco. O foco agora se volta para os números de Vale, CSN, Gerdau, Marcopolo e Irani, que serão divulgados após o fechamento.

Entre as maiores quedas do dia estavam as ações da Marfrig (-10,20%), BRF (-5,65%) e Ambev (-5,25%). Na outra ponta, os destaques positivos foram Usiminas PNA (+5,80%), Embraer ON (+5,78%) e Tim ON (+3,50%).

No mercado internacional, o petróleo Brent recuava 1,34%, a US$ 71,50, pressionado pelo aumento dos estoques nos EUA e pelas ameaças de Donald Trump à Rússia. O ex-presidente afirmou que imporá tarifas secundárias de 100% aos parceiros comerciais de Moscou caso não haja progresso na guerra da Ucrânia em 10 a 12 dias. Já o minério de ferro caiu 2,38%, cotado a US$ 108,18 por tonelada em Dalian.

Confira o ranking completo de todos os papéis negociados na B3.

1. 💥 Confira os destaques corporativos de hoje 💥

   Ambev (ABEV3)

   A Ambev divulgou lucro líquido de R$ 2,791 bilhões no segundo trimestre de 2025, representando um crescimento de 13,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse avanço foi impulsionado pelo aumento do EBITDA e pela redução das despesas com imposto de renda, apesar do impacto de uma maior despesa financeira líquida. Saiba mais…

   Bradesco (BBDC4)

   O Bradesco apresentou um lucro líquido recorrente de R$ 6,1 bilhões — avanço de 28,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. O número veio acima das projeções da LSEG, que estimavam um lucro de R$ 5,95 bilhões. Saiba mais…

   Braskem (BRKM5)

   No segundo trimestre de 2025, a Braskem registrou um leve aumento de 1% nas vendas de resinas no Brasil em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impulsionado por avanços de 6% nas vendas de PVC e de 2% no polietileno (PE), que compensaram a retração de 3% nas vendas de polipropileno (PP). Saiba mais…

   EcoRodovias (ECOR3)

   A EcoRodovias encerrou o segundo trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 203,9 milhões, resultado que representa uma queda de 23,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Saiba mais…

   Hapvida (HAPV3)

   A Hapvida anunciou um novo ciclo de expansão na região metropolitana do Rio de Janeiro, com investimentos estimados em cerca de R$ 380 milhões. O montante será destinado à construção de novas unidades assistenciais, por meio de contratos de compra, venda e locação de imóveis. Saiba mais…

   ISA Energia (ISAE3)

   A ISA Energia encerrou o segundo trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 255,6 milhões, uma queda de 39,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Saiba mais…

   Minerva (BEEF3)

   O frigorífico Minerva anunciou a conclusão da compra de 98% das ações ordinárias da Irapuru II Energia, empresa de propósito específico pertencente à Elera Energia. Saiba mais…

   Qualicorp (QUAL3)

   A Qualicorp anunciou a transferência de toda a sua carteira de clientes corporativos de planos privados de saúde empresariais para a corretora MDS, em uma operação avaliada em R$ 71,35 milhões. Saiba mais…

   TIM Brasil (TIMS3)

   A TIM registrou lucro líquido normalizado de R$ 976 milhões no segundo trimestre de 2025, crescimento de 25% em relação aos R$ 781 milhões apurados no mesmo período do ano anterior. No acumulado do primeiro semestre, o lucro alcançou R$ 1,7 bilhão, alta de 37,3% frente aos R$ 1,3 bilhão obtidos nos seis primeiros meses de 2024. Saiba mais…

   Vale (VALE3)

   A Vale e a BHP estão no centro de uma nova disputa judicial em Londres, movida pelo escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa centenas de milhares de brasileiros afetados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. O escritório acusa as mineradoras de tentarem driblar o pagamento de honorários advocatícios, ao fecharem acordos diretamente com os atingidos. Saiba mais…

   

   (Com informações da TCMover e Momento B3)