As concessões de crédito consignado destinadas a beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registraram crescimento expressivo de 50,2% entre junho e julho, alcançando R$ 4,811 bilhões, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (27/08) pelo Banco Central. O resultado mostra uma recuperação parcial do mercado, mas ainda distante da média mensal registrada antes da investigação da Polícia Federal que, em abril, revelou um esquema de fraudes e desvios dentro do órgão.

Entre maio de 2023 e abril de 2024, a média mensal de concessões girava em torno de R$ 8,254 bilhões. Isso significa que, mesmo com a reação em julho, o volume segue 42% abaixo do patamar anterior. Em maio e junho deste ano, as liberações ficaram próximas de R$ 3 bilhões, refletindo a retração causada pelo aumento das medidas de segurança.

Após a revelação das fraudes, o INSS passou a adotar procedimentos mais rigorosos para liberar empréstimos consignados. Agora, o beneficiário precisa confirmar a solicitação por biometria e cumprir etapas adicionais de validação. Mesmo após fechar o contrato com o banco, é necessário confirmar a autorização de desconto no benefício por meio de aplicativo oficial.

O saldo total do crédito consignado do INSS também mostrou leve recuperação. Na passagem de junho para julho, houve avanço de 0,1%, somando R$ 282,201 bilhões. Foi a primeira alta registrada nos últimos dois meses.

O movimento indica que o mercado de crédito consignado começa a se reequilibrar, mas os números sugerem que a retomada será gradual. Para o sistema financeiro, a adaptação às novas regras deve manter o ritmo de concessões moderado no curto prazo. Já para o mercado, o desempenho do consignado pode influenciar tanto a percepção de risco de crédito dos bancos quanto o apetite de investidores em relação às carteiras de crédito atreladas a esses empréstimos.

No contexto atual do mercado financeiro, o aumento observado em julho é relevante porque mostra os primeiros sinais de recuperação após meses de retração. Ainda assim, a diferença em relação ao patamar pré-fraude evidencia que a confiança no segmento de crédito consignado precisa ser reconquistada aos poucos.