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O dólar registrou forte valorização frente ao real nesta terça-feira, à medida que investidores buscaram a moeda americana como refúgio em meio à incerteza sobre a aplicação da Lei Magnitsky no Brasil e a possibilidade de multas e sanções dos Estados Unidos a bancos brasileiros.
O clima de tensão ganhou força após a decisão do ministro do STF Flávio Dino, que determinou que leis estrangeiras precisem de aprovação do tribunal para terem efeito no país, provocando reação do Departamento de Estado americano.
Além disso, operadores do mercado financeiro mostraram cautela diante de rumores de que uma pesquisa eleitoral, prevista para os próximos dias, poderá indicar recuperação na aprovação do governo Lula.
O dólar à vista encerrou o dia em alta de 1,22%, cotado a R$ 5,5009, após variar entre R$ 5,4300 e R$ 5,5059. No mercado futuro, o dólar para setembro subia 1,03%, a R$ 5,5145, às 17h06. No exterior, o índice DXY avançava 0,10%, aos 98,269 pontos, enquanto o euro recuava 0,12%, a US$ 1,1647, e a libra caía 0,12%, a US$ 1,3490.
Movimentação do dólar: fatores que impactaram a moeda hoje
Nos últimos dois dias, os olhos do mercado estiveram voltados para as tentativas do presidente dos EUA, Donald Trump, de avançar em uma solução para a guerra na Ucrânia. Ele se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, na sexta-feira, e com o líder ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, na véspera.
Apesar de relatos de progresso nas conversas, os mercados globais permanecem cautelosos, sem sinais concretos de um cessar-fogo ou de um acordo de paz iminente. A percepção de que Trump teria adotado a abordagem de Putin — sugerindo que um cessar-fogo não é necessário para negociar um acordo — gera preocupação, ainda que ele mantenha a posição de que a Ucrânia deve ter garantias de segurança.
Nesta terça-feira, Trump afirmou esperar que Putin avance para encerrar o conflito, mas admitiu que é possível que o líder russo não queira formalizar um acordo.
Além das questões geopolíticas, os investidores seguem atentos ao simpósio econômico anual de Jackson Hole, promovido pelo Fed de Kansas City. O mercado aguarda com expectativa o discurso do chair do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira. Dados recentes indicam que operadores já precificam uma alta probabilidade de corte de juros de 0,25 ponto percentual em setembro, com outra redução similar totalmente incorporada até dezembro.
No entanto, se Powell adotar um tom mais agressivo no combate à inflação — que começa a refletir efeitos das tarifas impostas por Trump sobre produtos de parceiros comerciais —, as projeções de mercado podem ser impactadas.
O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,07%, a 98,054 pontos.
No cenário doméstico, o mercado acompanha a tentativa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de negociar a tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros, buscando ampliar a lista de isenções. Contudo, o diálogo com Washington não tem avançado. Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a negociação não ocorre porque os EUA querem impor uma solução “constitucionalmente impossível”.
Quando anunciou a tarifa no mês passado, Trump relacionou a medida a uma suposta perseguição do Judiciário brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde a processo por tentativa de golpe de Estado.
“Temos o distanciamento de uma solução para o conflito entre Brasil e EUA, com caminhos ainda difíceis de negociação. Diante da falta de sinais, é natural que haja um movimento contido no mercado”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus.
Ainda na segunda, o governo brasileiro respondeu formalmente à investigação dos EUA sobre supostas práticas comerciais “injustas”, rejeitando as alegações e questionando a legitimidade do Escritório do Representante Comercial americano para conduzir a apuração.
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