O dólar americano se estabilizou na terça-feira (26) após uma queda inicial, após o anúncio do presidente americano Donald Trump de que havia demitido a governadora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook. A medida intensificou as preocupações sobre a independência do banco central.

Às 05h35 (horário de Brasília), o Índice do Dólar, que mede a moeda americana em comparação com uma cesta das seis principais moedas, permanecia praticamente inalterado em 98,320, recuperando-se de quedas anteriores de até 0,4% imediatamente após a declaração de Trump. Isso ocorreu após a maior valorização diária do dólar no mês, registrada na segunda-feira.

A demissão de Cook por Trump levanta questões sobre a independência do Fed

Em sua carta, Trump citou supostos problemas com os empréstimos hipotecários de Cook como justificativa para sua demissão. Cook rejeitou as alegações, afirmando que Trump “não tem autoridade” para removê-la e confirmando que ela “continuará a cumprir meus deveres para ajudar a economia americana”.

Nenhum presidente dos EUA tentou anteriormente destituir um governador do Fed, deixando os próximos passos incertos. Analistas esperam que Cook conteste a demissão, potencialmente levando o caso à Suprema Corte.

“Após a renúncia de Adriana Kugler e a nomeação de Stephen Miran, o influente conselho administrativo está começando a se inclinar para o lado de Trump. Os investidores naturalmente começarão a questionar cada vez mais a independência do Fed, o que resultaria em uma curva de juros mais inclinada e um dólar mais fraco”, disseram analistas do ING.

Olhando para o futuro, o calendário econômico dos EUA continua movimentado, com números de confiança do consumidor hoje, PIB revisado do segundo trimestre na quinta-feira e inflação básica do PCE na sexta-feira.

“Também ouviremos um importante discurso sobre política monetária de Christopher Waller, do Fed, na quinta-feira”, acrescentou o ING. “Ele votou a favor de um corte de juros em julho e é visto como um dos favoritos para substituir Powell como presidente do Fed em maio do ano que vem.”

Euro pressionado pela instabilidade política francesa

O par EUR/USD caiu 0,1%, para 1,1607, refletindo as preocupações do mercado com a instabilidade política na França. Os três principais partidos de oposição do país declararam que não apoiarão o voto de confiança convocado pelo primeiro-ministro François Bayrou para 8 de setembro, referente ao orçamento.

Se o governo cair, o presidente Emmanuel Macron poderá nomear um novo primeiro-ministro, pedir a Bayrou que continue à frente de um governo interino ou convocar eleições antecipadas. O último primeiro-ministro de Macron, Michel Barnier, perdeu um voto de desconfiança sobre o orçamento no final de 2024, após apenas três meses no cargo, após outra eleição antecipada em julho daquele ano.

“A questão mais ampla para o euro é se as notícias francesas recentes desestabilizam o apetite pelo euro de forma mais ampla, ou se esta é uma questão francesa isolada”, disse o ING.

O par GBP/USD foi negociado praticamente inalterado a 1,3466, apoiado por uma postura agressiva do Banco da Inglaterra.

“Após a reviravolta agressiva do BoE neste mês, o mercado luta para precificar um corte de 25 pb neste ano (apenas 12 pb atualmente precificados) e apenas dois cortes até o próximo verão”, observou o ING.

Negociação calma na Ásia

Na Ásia, o par USD/JPY caiu ligeiramente para 147,76, com o iene, considerado porto seguro, ganhando modestamente.

O par USD/CNY avançou 0,2%, para 7,1616, enquanto o par AUD/USD caiu para 0,6478 depois que a ata da reunião de 11 e 12 de agosto do Reserve Bank of Australia sugeriu que uma flexibilização adicional da política monetária pode ser necessária no próximo ano.

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