IGP-M sobe 0,36% em agosto e encerra sequência de quedas. Alta reflete pressão do IPA e custos da construção

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) voltou ao campo positivo em agosto, registrando avanço de 0,36% após a queda de -0,77% observada em julho. Com esse resultado, o indicador acumula recuo de 1,35% no ano, mas ainda mostra alta de 3,03% nos últimos 12 meses. No mesmo período de 2024, o índice havia subido 0,29%, acumulando 4,26% em 12 meses.

“A alta do IPA marca a reaceleração dos preços dos produtos agropecuários, que desde maio vinham registrando quedas intensas, influenciados, principalmente, pelo efeito da sazonalidade mais forte do período e pela maior oferta de safras importantes. Por sua vez, o IPC apresentou ligeira queda, destacando o equilíbrio entre altas e baixas: reajustes em jogos lotéricos e combo de telefonia, internet e TV por assinatura foram os principais destaques dos preços que subiram; já no que se refere às quedas, houve redução nas passagens aéreas e tarifas de energia elétrica residencial. Por fim, os custos da construção subiram, influenciados por produtos de PVC e massa de concreto.”, afirma Matheus Dias, economista do FGV IBRE.

IPA avança 0,43% e matérias-primas retomam pressão

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 0,43% em agosto, revertendo a queda de -1,29% registrada em julho. Nos estágios de processamento, os Bens Finais recuaram 0,55%, após queda de 0,87% no mês anterior. Já o índice de Bens Finais (ex) recuou 0,23%, contra -0,40% em julho. Os Bens Intermediários também registraram recuo de 0,21%, enquanto as Matérias-Primas Brutas avançaram 1,56%, após retração de 1,79% no mês anterior.

IPC recua 0,07% e mostra desaceleração no consumo

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) apresentou queda de 0,07% em agosto, após alta de 0,27% em julho. Entre as classes de despesa, destaque para os recuos de Habitação (0,75% para -0,19%), Educação, Leitura e Recreação (0,85% para -0,78%) e Alimentação (0,03% para -0,42%). Em contrapartida, grupos como Saúde e Cuidados Pessoais (0,27% para 0,59%) e Comunicação (0,10% para 1,09%) registraram aceleração.

INCC sobe 0,70% e mostra impacto nos custos da construção

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) aumentou 0,70% em agosto, após alta de 0,91% em julho. Entre os componentes, Materiais e Equipamentos desaceleraram de 0,84% para 0,56%, Serviços passaram de 1,06% para 0,82% e Mão de Obra reduziu de 0,99% para 0,85%.

Impactos no mercado

O resultado de agosto sinaliza que os preços ao produtor e os custos da construção podem manter pressão sobre a inflação no curto prazo, enquanto a desaceleração no consumo mostra algum alívio. Para o mercado de ações, câmbio e títulos públicos, a leitura do IGP-M é relevante porque pode influenciar as expectativas de juros e de políticas monetárias, afetando a precificação de ativos de renda fixa e o humor dos investidores na bolsa de valores.

A recuperação do IGP-M neste mês reforça a percepção de volatilidade nos índices de preços. O dado ganha ainda mais peso em um momento em que os investidores monitoram os impactos da inflação nos rendimentos dos títulos públicos e na atratividade da renda variável. Assim, a tendência do índice se torna um fator-chave para a leitura do mercado financeiro nos próximos meses.

(fgv)