Orsted anuncia emissão bilionária e ações despencam com crise no setor eólico

As ações da Orsted (TG:D2G) caíam cerca de 29% após a empresa dinamarquesa anunciar uma emissão de direitos de 60 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 9,3 bilhões). A operação foi subscrita em parte pelo governo da Dinamarca para reforçar o caixa após dificuldades no mercado eólico offshore dos Estados Unidos.

O Estado dinamarquês, que já controla 50,1% da companhia, assumirá pouco mais da metade da emissão, garantindo participação majoritária. O preço final das novas ações será definido no próximo mês, enquanto a Orsted convoca assembleia extraordinária para aprovar a medida em 5 de setembro.

O aumento de capital busca assegurar “capitalização adequada” para a entrega de um portfólio de 8,1 gigawatts em projetos offshore. A decisão ocorre após a suspensão de vendas parciais, como a do projeto Sunrise Wind, em Nova York, inviabilizada pelo ambiente regulatório adverso nos EUA.

Desde o retorno de Donald Trump à presidência, novas concessões federais para energia eólica foram suspensas e incentivos fiscais ao setor começaram a ser retirados. As tarifas sobre aço e custos elevados de insumos e logística pressionaram a viabilidade econômica dos projetos da Orsted.

A empresa também pretende vender seus ativos eólicos onshore na Europa e levantar mais de 35 bilhões de coroas em desinvestimentos entre 2025 e 2026. O plano inclui investimentos de cerca de 145 bilhões de coroas até 2027, com meta de retomar dividendos no exercício de 2026.

As projeções de lucro foram revisadas: a Orsted agora espera gerar mais de 28 bilhões de coroas em 2026, abaixo da estimativa anterior de até 33 bilhões, e superar 32 bilhões em 2027. Para 2025, a previsão de EBITDA está entre 25 e 28 bilhões de coroas.

O anúncio representa a maior captação de capital do setor energético europeu desde 2009 e equivale a quase dois terços do valor de mercado da Orsted. Analistas do UBS e do Citi alertaram que o tamanho da operação surpreendeu investidores e sinaliza fragilidade estrutural do modelo de negócios.

A Orsted enfrenta concorrentes mais diversificados, como SSE e Iberdrola, que reduziram a dependência de parques eólicos. O CEO Rasmus Errboe afirma que a emissão é a única alternativa viável para proteger o portfólio.