O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 0,4% no segundo trimestre de 2025 em comparação aos três primeiros meses do ano, segundo dados divulgados nesta terça-feira (02/09) pelo IBGE. Em valores correntes, a economia brasileira gerou R$ 3,2 trilhões, mas o resultado reforça o cenário de desaceleração, após o crescimento de 1,3% no primeiro trimestre.
Na comparação anual, o PIB subiu 2,2% em relação ao segundo trimestre de 2024, enquanto o acumulado em 12 meses mostrou alta de 3,2%. Apesar da perda de ritmo, o desempenho veio levemente acima da expectativa de analistas consultados pela Reuters, que projetavam expansão de 0,3%.
Pela ótica da oferta, Serviços (+0,6%) e Indústria (+0,5%) compensaram a queda da Agropecuária (-0,1%). Do lado da demanda, o Consumo das Famílias cresceu 0,5%, mas o Consumo do Governo caiu 0,6% e os Investimentos recuaram 2,2%. A taxa de investimento atingiu 16,8% do PIB, ligeiramente acima dos 16,6% do mesmo período de 2024, enquanto a taxa de poupança foi de 16,8%, frente a 16,2% no ano anterior.
Entre os destaques setoriais, Serviços foram impulsionados por Atividades financeiras (+2,1%), Informação e comunicação (+1,2%) e Transporte (+1,0%). A Indústria foi sustentada pelas Indústrias Extrativas (+5,4%), mas pressionada por quedas em Eletricidade e gás (-2,7%), Indústrias de Transformação (-0,5%) e Construção (-0,2%). No setor externo, Exportações avançaram 0,7% e Importações recuaram 2,9%.
O enfraquecimento do crescimento é explicado pelo ciclo de aperto monetário. Com a taxa básica de juros em 15% ao ano, o crédito ficou mais caro, reduzindo investimentos e consumo. A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, destacou:
“Era um efeito esperado a partir da política monetária restritiva (alta nos juros) iniciada em setembro do ano passado. As atividades Indústrias de Transformação e Construção, que dependem de crédito, são mais afetadas nesse cenário.”
A queda da Agropecuária foi associada ao efeito estatístico do forte crescimento de 12,3% no primeiro trimestre. Já o consumo das famílias, motor da economia, segue em expansão com apoio do aumento real dos salários, mercado de trabalho aquecido e programas de transferência de renda.
Apesar da desaceleração, o PIB atingiu o maior nível da série histórica iniciada em 1996. A última retração trimestral havia ocorrido no segundo trimestre de 2021 (-0,6%).
Impactos no mercado financeiro
O resultado do PIB reforça a percepção de que a economia brasileira perde tração em meio aos juros elevados, cenário que tende a pressionar ações ligadas ao consumo, construção civil e crédito na B3. Por outro lado, setores exportadores, como o de commodities, podem manter desempenho mais resiliente diante do bom momento das vendas externas. No câmbio e nos títulos públicos, a leitura de crescimento mais fraco fortalece a expectativa de manutenção prolongada da política monetária restritiva pelo Banco Central.
Mesmo com a surpresa levemente positiva frente às expectativas, os números divulgados pelo IBGE sinalizam um ritmo de crescimento mais contido para o segundo semestre de 2025. A notícia é relevante para investidores porque indica um ambiente econômico que favorece ativos defensivos e setores menos dependentes de crédito, enquanto pressiona segmentos ligados ao consumo e à construção.
(ibge)
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