Europa mantém tom cauteloso com fala do BCE e dados fracos de construção; Euronext 100 avança levemente

O mercado europeu iniciou a semana em tom de moderação, refletindo uma combinação de dados econômicos mistos e novas declarações do Banco Central Europeu (BCE). Na segunda-feira (20/10), o índice Euronext 100 (EU:N100) fechou em alta moderada, sustentado por ganhos nos setores de energia e tecnologia, mas limitado pela fraqueza dos números de construção e por preocupações com o ritmo de recuperação da zona do euro.

De acordo com os dados divulgados pela Eurostat, a Produção do Setor de Construção da zona do euro apresentou retração de 0,5% em setembro, revertendo parte do avanço observado em agosto. O resultado veio abaixo das expectativas do mercado, que projetava estabilidade, reforçando sinais de desaceleração em atividades ligadas a infraestrutura e moradia.

Paralelamente, o relatório de Transações Correntes mostrou superávit de € 27 bilhões, ligeiramente acima do consenso, indicando que o bloco ainda mantém uma balança de pagamentos positiva, impulsionada por exportações de bens industriais e maior demanda por produtos de alto valor agregado. No entanto, o avanço foi insuficiente para animar os investidores diante da fragilidade do setor interno.

As falas da dirigente Isabel Schnabel, membro do Conselho Executivo do BCE, também influenciaram o sentimento do mercado. Em entrevista nesta segunda-feira, Schnabel afirmou que a autoridade monetária ainda não está pronta para cortar juros de forma agressiva, destacando que a inflação, embora controlada, ainda apresenta “núcleos persistentes” em serviços e energia.

Essa postura reforçou a visão de que a política monetária restritiva pode se estender até o início de 2026, limitando a retomada de alguns setores sensíveis a crédito, como o imobiliário e o consumo discricionário. O comentário repercutiu especialmente entre as construtoras listadas no Euronext, que registraram desempenho misto durante o pregão.

O índice Euronext 100 (EU:N100) encerrou o dia aos 1.456 pontos, com leve alta de 0,28%, após oscilar entre ganhos e perdas ao longo da sessão. As ações das gigantes de energia, como TotalEnergies (EU:TTE), ajudaram a sustentar o movimento positivo, acompanhando a alta dos preços do petróleo no mercado internacional.

No setor de tecnologia, papéis como ASML Holding (EU:ASML) e STMicroelectronics (EU:STM) contribuíram positivamente, com investidores aproveitando o recuo recente das taxas dos títulos soberanos para retomar posições em empresas de crescimento. Já o segmento financeiro, com BNP Paribas (EU:BNP) e Société Générale (EU:GLE), manteve comportamento estável diante da expectativa de manutenção prolongada das taxas do BCE.

Em contraste, as construtoras e incorporadoras, como Vinci (EU:DG) e Bouygues (EU:EN), recuaram diante do relatório fraco de produção no setor e das incertezas sobre os custos de financiamento de novos projetos de infraestrutura.

Para os analistas, o desempenho equilibrado do pregão indica que o mercado europeu segue dividido entre otimismo cauteloso e prudência macroeconômica. A tendência de curto prazo dependerá da evolução dos próximos indicadores de inflação e do discurso de política monetária do BCE.

Em suma, o dia foi marcado por movimentos moderados, mas com uma percepção de que a economia europeia caminha em direção a um “pouso suave”, desde que não haja novas surpresas inflacionárias.

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