Incerteza da economia brasileira avança em outubro

O clima de desconfiança sobre o futuro da economia ganhou um novo capítulo em outubro. O Indicador de Incerteza da Economia Brasileira (IIE-Br), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 2,5 pontos no mês, atingindo 109,0 pontos. Esta alta interrompe uma sequência de duas quedas consecutivas, mas o cenário apresenta nuances quando observado sob a lente das médias móveis trimestrais, que, por sua vez, registraram um declínio de 1,4 ponto.

Quer ficar bem informado? Acesse o canal da ADVFN News [ grátis ]

A economista Anna Carolina Gouveia, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), detalhou os motivos por trás desse movimento. “Após duas quedas seguidas, a alta do indicador de incerteza no mês foi impulsionada pelo componente de mídia, refletindo o debate público em torno das persistentes incertezas externas relacionadas à política comercial global, principalmente com o aumento, em meados de outubro, das tensões tarifárias entre Estados Unidos e China. O componente de expectativas seguiu a direção contrária e recuou, motivado por uma menor incerteza por parte do mercado em relação às previsões da taxa Selic para daqui a 12 meses”, avaliou.

⚠️ Cadastre-se gratuitamente na ADVFN para obter notícias, cotações em tempo real,
gráficos interativos, fluxo de opções ao vivo e muito mais.[ Cadastre-se grátis ]

A composição do IIE-Br ajuda a entender essa divergência. Enquanto o IIE-Br Mídia, que mapeia a frequência de notícias sobre incerteza, saltou 3,6 pontos para 111,1 pontos, o IIE-Br Expectativas, construído a partir da dispersão das previsões para o câmbio e o IPCA, recuou expressivos 3,3 pontos, chegando a 96,6 pontos – seu menor patamar desde janeiro de 2015.

Apesar do tombo nas expectativas, Anna Carolina Gouveia traz uma perspectiva de moderação. “Apesar da alta do IIE-Br, o indicador se mantém em patamar considerado confortável de incerteza, abaixo dos 110 pontos. Para os próximos meses, a manutenção de um nível moderado de incerteza dependerá desses fatores externos, e também da dinâmica da economia interna e da gestão das contas públicas”, completou.

Impacto nos Mercados:
Um nível elevado de incerteza, mesmo que considerado “confortável”, tende a introduzir volatilidade nos mercados. Para a bolsa de valores brasileira (BOV:IBOV), notícias que elevam o IIE-Br podem pressionar os preços das ações, especialmente de empresas mais dependentes do crescimento econômico interno e do câmbio. No mercado de câmbio, a incerteza externa pode levar a uma busca por proteção, potencialmente valorizando o dólar (FX:USDBRL) frente ao real. Já para os títulos públicos, a notícia é ambígua: a redução da incerteza sobre a Selic é um fator positivo, mas a apreensão fiscal e global pode exercer pressão contrária nas taxas de juros de longo prazo.

Contexto de Mercado:
A divulgação de um indicador de incerteza em patamares elevados vem em um momento onde os investidores já monitoram de perto os desdobramentos da política fiscal doméstica e os ventos adversos da economia global. Este ambiente reforça a necessidade de os participantes do mercado financeiro estarem atentos não apenas aos dados econômicos tradicionais, mas também a métricas que capturam o sentimento e o risco percebido, pois eles são determinantes cruciais para os fluxos de capital e a direção dos ativos brasileiros no curto e médio prazos.

Siga-nos nas redes sociais