Juros futuros encerram semana em viés misto com cautela global e curva estável nos curtos

Curva de juros brasileira tem leve alta nos vértices longos e estabilidade nos curtos, refletindo temor externo e agenda doméstica esvaziada.

Os juros futuros (DI Futuro) encerraram a sexta-feira (17/10) com comportamento misto, em um pregão de volatilidade moderada e viés de cautela. A curva de juros brasileira seguiu a tendência global de leve alta nas taxas mais longas, enquanto os vértices curtos se mantiveram praticamente estáveis. O sentimento do mercado foi de prudência diante da aversão a risco internacional e da ausência de dados relevantes no cenário doméstico.

Os contratos com vencimento em janeiro de 2026 (BMF:DI1F26) registraram queda marginal de 0,02%, fechando em 14,89%, enquanto os contratos com vencimento em janeiro de 2027 (BMF:DI1F27) recuaram 0,07%, a 14,02%. Na parte intermediária da curva, o contrato de janeiro de 2028 (BMF:DI1F28) manteve-se estável em 13,37%, mostrando equilíbrio entre fluxos de compra e venda.

Nos vértices longos, a tendência foi oposta. O contrato para janeiro de 2029 (BMF:DI1F29) subiu 0,04%, fechando em 13,33%, enquanto o janeiro de 2031 (BMF:DI1F31) avançou 0,11%, a 13,61%. A alta também foi observada nos contratos mais longos, como o janeiro de 2033 (BMF:DI1F33), que subiu 0,07%, e o janeiro de 2035 (BMF:DI1F35), com alta idêntica de 0,11%. Esses vértices mais distantes são tradicionalmente os mais sensíveis ao ambiente fiscal e político, refletindo o aumento da percepção de risco no exterior.

Os contratos curtos e médios — como os de janeiro de 2026 e 2027 — seguiram concentrando o maior volume negociado, somando mais de 260 mil lotes apenas entre os dois vencimentos. Essa liquidez reforça a preferência dos investidores por operações de hedge e arbitragem em horizontes menores, especialmente em semanas de pouca visibilidade econômica.

Já nos contratos de longo prazo, o volume foi mais contido, com destaque para o janeiro de 2029 (212 mil contratos) e o janeiro de 2031 (171 mil). Mesmo com menor liquidez, esses papéis funcionaram como termômetro da confiança fiscal, reagindo às expectativas de política monetária futura e à deterioração de humor internacional.

No campo macroeconômico, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Fipe) apresentou desaceleração na segunda quadrissemana de outubro, subindo 0,56% após avanço de 0,63% na leitura anterior. A perda de força na inflação paulista ajudou a ancorar os vértices curtos da curva, já que reduz a pressão imediata sobre o Comitê de Política Monetária (Copom) para novas elevações da taxa Selic, mantida atualmente em 15% ao ano.

Apesar disso, os juros de longo prazo sofreram influência negativa da alta dos rendimentos dos Treasuries norte-americanos, cujas taxas voltaram a se aproximar de 4% ao ano no título de dez anos. A aversão global a risco elevou o prêmio exigido pelos investidores para os vértices de 2031 em diante, demonstrando que o Brasil segue fortemente atrelado ao humor dos mercados internacionais.

A curva de juros brasileira, portanto, fechou a sessão com leve inclinação positiva: estabilidade até 2028 e elevação suave nas pontas longas. O movimento reflete um mercado atento ao cenário global, mas ainda apoiado em fundamentos locais sólidos, com inflação controlada e expectativa de manutenção da política monetária.

Os investidores podem acompanhar em tempo real todos os vencimentos do DI Futuro, taxas atualizadas e o comportamento completo da curva de juros na página oficial da ADVFN: https://br.advfn.com/futuros/juros.