Juros futuros recuam nesta segunda-feira (27/10) com influência do Boletim Focus e dos Treasuries dos EUA

Curva de juros encerra o dia em queda generalizada, com vértices curtos e longos reagindo à melhora nas projeções de inflação e à queda dos rendimentos dos Treasuries americanos.

Os juros futuros encerraram esta segunda-feira, 27 de outubro de 2025, em queda em toda a curva de juros da B3, acompanhando o movimento externo e refletindo ajustes nas expectativas inflacionárias domésticas. O mercado reagiu de forma positiva à nova edição do Boletim Focus, que trouxe revisões para baixo nas projeções de inflação e câmbio, ao mesmo tempo em que monitorou a queda dos rendimentos dos Treasuries dos EUA, sinalizando maior apetite ao risco nos mercados globais.

Entre os vértices da curva de juros, as quedas mais expressivas ocorreram nos contratos com vencimento em janeiro de 2027 (BMF:DI1F27) e janeiro de 2028 (BMF:DI1F28), que recuaram 0,22% e 0,19%, encerrando o dia com taxas de 13,83% e 13,10% ao ano, respectivamente. Já os contratos de janeiro de 2026 (BMF:DI1F26) tiveram leve variação positiva de 0,04%, fechando a 14,89%, em movimento de ajuste técnico após altas recentes. Nos vértices mais longos, o contrato para janeiro de 2035 (BMF:DI1F35) foi o único a registrar leve baixa de 0,04%, fechando em 13,48%, enquanto os demais prazos exibiram estabilidade.

Os contratos curtos e médios — como os de janeiro de 2026 (BMF:DI1F26) e janeiro de 2027 (BMF:DI1F27) — foram novamente os mais negociados do dia, com volumes de 149,8 mil e 361,3 mil contratos, respectivamente. Esses vencimentos concentram a maior liquidez do DI Futuro, refletindo as apostas de curto prazo dos investidores em torno da trajetória da taxa Selic e das futuras decisões do Copom.

Nos vértices longos, os destaques ficaram para os contratos de janeiro de 2031 (BMF:DI1F31) e janeiro de 2032 (BMF:DI1F32), que movimentaram 160,7 mil e 60,7 mil contratos, respectivamente. Esses prazos mais extensos seguem oscilando conforme o sentimento dos investidores em relação ao cenário fiscal e político brasileiro, permanecendo sensíveis a qualquer sinal de mudança no ambiente macroeconômico ou nas expectativas de sustentabilidade das contas públicas.

O recuo da curva de juros foi sustentado por fatores tanto domésticos quanto externos. Internamente, o Boletim Focus revisou para baixo as expectativas de inflação e câmbio para 2025 e 2026, reforçando a leitura de que o atual nível da taxa Selic (15%) pode se manter estável por mais tempo, mas sem perspectiva imediata de novos aumentos. No exterior, a queda dos rendimentos dos Treasuries de 10 anos para 3,997% reforçou o movimento global de busca por ativos de maior risco, impulsionando os mercados emergentes.

Os analistas destacam ainda o impacto do cenário internacional na formação dos preços. As divisões dentro do Federal Reserve (Fed) quanto à trajetória de juros nos Estados Unidos ampliam as apostas de cortes adicionais nas próximas reuniões. O recente leilão do Tesouro americano, com a venda de US$ 70 bilhões em notas de 5 anos a 3,625%, reforçou a visão de que há espaço para reduções de juros diante do arrefecimento econômico global.

No Brasil, o Copom manteve a taxa Selic em 15% ao ano na reunião de setembro e deve repetir a dose em novembro, enquanto o mercado tenta antecipar os próximos movimentos da autoridade monetária. O consenso é de que a redução dos juros futuros indica uma leve melhora na percepção de risco e no ambiente inflacionário, mas ainda há cautela diante do cenário fiscal doméstico e da incerteza política.

Os investidores podem acompanhar em tempo real todas as variações da curva de juros e dos contratos do DI Futuro diretamente na ADVFN: https://br.advfn.com/futuros/juros.