S&P 500 pode cair 11% se a guerra comercial se intensificar, alerta analista do Morgan Stanley

A forte recuperação das ações iniciada em abril pode sofrer uma correção mais profunda com a intensificação das tensões comerciais entre os EUA e a China, de acordo com Michael Wilson, do Morgan Stanley (NYSE:MS). Sinais técnicos sugerem que o S&P 500 pode cair cerca de 11% se não houver alívio nas tensões nas próximas semanas.

Wilson explicou que a configuração para uma correção de mercado já estava “em vigor devido ao posicionamento elevado, à ansiedade de avaliação e às sazonalidades desfavoráveis”, e que o conflito comercial agora se tornou o gatilho.

Mesmo antes do choque tarifário, o enfraquecimento da amplitude da revisão dos lucros antes da temporada de relatórios e as esperanças de um avanço comercial na APEC já pesavam sobre o sentimento. A forte liquidação de sexta-feira foi sentida principalmente em posições compradas e setores cíclicos, amplificada pela forte exposição sistemática e a fundos de hedge.

Como nem Washington nem Pequim sinalizaram qualquer disposição de recuar antes do prazo final de 1º de novembro, a volatilidade deve permanecer alta. “Se não observarmos uma redução no ritmo de queda no início de novembro, acreditamos que essa correção provavelmente será maior do que a maioria espera”, escreve Wilson, estimando uma retração de 10% a 15% com base nos principais níveis de retração.

“Uma retração de 38% na primeira etapa de alta seria de 6.027, 11% abaixo das máximas recentes”, observou ele, destacando que esse nível se alinha com a média móvel de 200 dias e fecharia uma lacuna em relação às negociações de junho. Se esse nível for rompido, Wilson vê 5.800 — cerca de 15% abaixo do pico recente — como a próxima zona de suporte sólida.

O cenário pessimista delineado pelo Morgan Stanley (BOV:MSBR34) pressupõe que os EUA avancem com uma tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses, enquanto Pequim contra-ataca com amplas restrições à exportação de terras raras. Tal impasse se assemelharia a um embargo comercial e desafiaria a tese de recuperação do banco no início do ciclo.

Embora o banco continue a ver a fraqueza atual como uma correção dentro de um novo mercado em alta que começou em abril, ele alerta que a jornada pode ser volátil se a incerteza política persistir.

Wilson também enfatizou a redução da liquidez global do dólar e o posicionamento ampliado em setores mais vulneráveis ​​às tensões comerciais, incluindo semicondutores, computação quântica e outros negócios concorridos.

Sobre a estratégia de portfólio, Wilson reiterou que a qualidade continua sendo a proteção mais eficaz contra choques políticos. Ele favorece a Saúde como o principal setor defensivo, mantendo uma posição underweight em Bens de Consumo Discricionário devido à sua “exposição excessiva aos custos tarifários da China”.

Caso as tensões diminuam e os mercados se estabilizem, Wilson espera que a tendência de recuperação mais ampla seja retomada à medida que o mercado avança em direção a 2026.

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