Sem acordo no Congresso, milhares de servidores foram afastados, serviços públicos suspensos e cresce a incerteza econômica. O impasse envolve o financiamento do Obamacare e expõe a crise política em Washington.
O governo dos Estados Unidos chegou nesta quinta-feira (02) ao seu segundo dia de paralisação parcial, em meio ao impasse no Congresso que impede a aprovação do orçamento federal. Sem acordo entre democratas e republicanos, milhares de servidores foram afastados, serviços públicos foram interrompidos e cresce a pressão sobre o presidente Donald Trump em um momento delicado para a política americana.
A paralisação, conhecida como shutdown, ocorre sempre que não há consenso no Congresso sobre a lei orçamentária que garante o funcionamento da máquina federal. Desde a meia-noite de 30 de setembro, o financiamento de órgãos públicos foi cortado, obrigando agências federais a reduzir atividades e colocar parte de seus funcionários em licença não remunerada.
O Senado não tem sessões marcadas para esta quinta-feira, o que significa que o bloqueio deve se estender pelo menos até o fim de semana. Para aprovar o orçamento, são necessários 60 votos, mas os republicanos, que têm 53 cadeiras, não conseguem avançar sem o apoio da oposição. A falta de diálogo mantém o país em compasso de espera e amplia a incerteza econômica.
No centro do embate está a manutenção dos subsídios ligados ao programa de saúde conhecido como Obamacare. Democratas defendem a renovação imediata dos recursos, que ajudam milhões de famílias de baixa renda a pagar planos de saúde. Já Trump e os republicanos insistem que a questão seja discutida em um momento separado, desvinculado da votação do orçamento.
Caso os subsídios não sejam prorrogados, milhões de americanos poderão enfrentar aumentos expressivos em seus planos de saúde. Para a oposição, essa possibilidade é inaceitável, principalmente em um cenário de inflação ainda elevada e aumento do custo de vida. O impasse, portanto, é tanto político quanto social, com impacto direto sobre famílias de menor renda.
Enquanto a negociação não avança, estima-se que cerca de 750 mil funcionários federais já tenham sido afastados de suas funções. Muitos deles podem ser dispensados de forma permanente, já que a Casa Branca instruiu agências a prepararem planos de corte de pessoal. Outros continuam em atividade, mas sem garantia de pagamento até que um novo orçamento seja aprovado.
A vida cotidiana de americanos e turistas também começa a ser afetada. Escritórios do governo estão fechados, parques nacionais interromperam visitas e agências ligadas a meio ambiente e educação reduziram operações. Por outro lado, setores considerados essenciais, como segurança, defesa e deportações, continuam em funcionamento.
O clima em Washington é de troca de acusações. Republicanos próximos a Trump culpam os democratas pelo prolongamento da crise, argumentando que a oposição estaria usando a saúde como moeda política. Já os democratas afirmam que o presidente tem se mostrado inflexível e errático, recusando-se a negociar uma saída bipartidária que evite maiores danos ao país.
A última vez em que os Estados Unidos enfrentaram uma paralisação prolongada foi entre 2018 e 2019, quando o impasse durou 35 dias, o mais longo da história. Na ocasião, o custo estimado para a economia americana ultrapassou os US$ 3 bilhões. Agora, especialistas alertam que um shutdown prolongado pode gerar novos prejuízos, reduzir a confiança de investidores e atrasar a divulgação de indicadores econômicos cruciais.
Apesar da gravidade do cenário, líderes do Congresso ainda não sinalizaram quando uma nova rodada de negociações será marcada. Informações de bastidores apontam que o orçamento pode voltar à pauta somente no fim de semana, prolongando a instabilidade. Até lá, cresce a incerteza sobre os efeitos econômicos, sociais e políticos da paralisação.
O prolongamento do impasse coloca em xeque a governabilidade de Trump e aumenta a pressão para que republicanos e democratas encontrem um terreno comum. O desfecho do shutdown será decisivo não apenas para o funcionamento da máquina pública, mas também para os rumos das eleições legislativas de 2026, que já movimentam os bastidores da política americana.
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