
Apesar do lucro líquido ajustado de R$ 3,78 bilhões e crescimento de 7,5% na carteira de crédito, o Banco do Brasil enfrenta pressão com provisões recordes e aumento da inadimplência, especialmente no setor agro.
O Banco do Brasil S.A. (BOV:BBAS3) registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,785 bilhões no terceiro trimestre de 2025, uma queda expressiva de 60,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, refletindo os efeitos da inadimplência no agronegócio e o aumento das provisões para perdas com crédito.
A carteira de crédito ampliada alcançou R$ 1,16 trilhão, alta de 8,1% em 12 meses, impulsionada principalmente pelo crédito para pessoa física e pelas operações voltadas ao agronegócio — segmento em que o banco mantém liderança histórica. As receitas de prestação de serviços cresceram 6,7%, com destaque para cartões, administração de fundos e operações de seguros, o que contribuiu para a diversificação das fontes de receita.
A carteira de crédito expandida do Banco do Brasil cresceu 7,5% em um ano, alcançando R$ 1,278 trilhão, impulsionada pela alta de 10,4% na carteira de pessoa jurídica e 7,9% na de pessoa física. O destaque negativo ficou com o agronegócio, cuja inadimplência subiu para 5,34%, ante 1,97% há um ano, impactando diretamente as provisões.
As provisões para créditos de liquidação duvidosa somaram R$ 17,9 bilhões no trimestre, um salto de 54,2% em relação a 2024. No acumulado do ano, o total de provisões já chega a R$ 44 bilhões — dos quais R$ 8,8 bilhões correspondem ao segmento agro.
Mesmo sob pressão, a margem financeira bruta cresceu 1,9% em um ano, somando R$ 26,36 bilhões, puxada pela margem com clientes, que subiu 18,6%. A margem com o mercado, porém, despencou 66%, afetada pela menor contribuição do Banco da Patagônia e pelo aumento do custo de captação.
A carteira de consignado se destacou positivamente, somando R$ 148 bilhões — avanço de 7,8% em 12 meses. O novo consignado privado, lançado em março, já movimentou R$ 9,2 bilhões no trimestre, com mais de um milhão de operações contratadas.
“O ano de 2025 é um ano de ajustes, marcado pela resiliência do nosso balanço diante de desafios”, destacou o banco em seu relatório.
O vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, Geovanne Tobias, afirmou que o banco está atravessando um momento de transição. “Reconhecemos que entregaremos um lucro médio menor que o do ano passado, mas ainda com rentabilidade sólida. As provisões chegarão a R$ 61 bilhões, e ainda assim o lucro ficará próximo de R$ 20 bilhões”, disse.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) ajustado foi de 21,3%, reforçando a eficiência operacional e a capacidade de geração de valor aos acionistas. Mesmo com o cenário de juros ainda elevados e desaceleração em algumas linhas de crédito, o banco manteve controle sobre as despesas administrativas, que avançaram apenas 3,8% no comparativo anual — abaixo da inflação no período.
No recorte de inadimplência, o índice de 90 dias ficou em 2,63%, praticamente estável em relação ao trimestre anterior e bem abaixo da média dos principais pares privados, refletindo a qualidade da carteira e o perfil conservador de risco. O índice de cobertura também permaneceu robusto, acima de 190%, reforçando a solidez da estrutura de provisões.
Outro destaque foi o crescimento da base digital, com mais de 29 milhões de clientes ativos nos canais digitais. O BB App continua sendo uma das plataformas financeiras mais bem avaliadas do país, consolidando o foco estratégico em tecnologia e experiência do cliente.
No trimestre, o Banco do Brasil também ampliou a remuneração aos acionistas, com o pagamento de R$ 2,3 bilhões em juros sobre capital próprio (JCP) referentes ao 3T25, além de reforçar o guidance para 2025, prevendo expansão de até 10% na carteira de crédito e manutenção do ROE ajustado entre 20% e 23%.
A presidente Tarciana Medeiros destacou que o desempenho reflete um modelo de negócios equilibrado entre rentabilidade, impacto social e sustentabilidade. “Seguimos entregando resultados consistentes, com foco em crédito responsável, inovação e geração de valor para nossos acionistas e clientes”, afirmou.
No pregão desta quarta-feira (12/11), as ações do Banco do Brasil (BBAS3) fecharam em queda de 2,68%, cotadas a R$ 22,84, após abrirem o dia a R$ 23,47. Os papéis oscilaram entre R$ 22,55 e R$ 23,52, refletindo a leitura negativa do mercado sobre a forte queda do lucro trimestral e o aumento das provisões. Nas últimas 52 semanas, as ações variaram entre R$ 18,12 e R$ 30,04.
O Banco do Brasil S.A. (BOV:BBAS3) é uma das maiores instituições financeiras da bolsa de valores brasileira (B3), com atuação em crédito, investimentos, seguros e serviços bancários para pessoas físicas e jurídicas. O banco tem presença marcante no agronegócio, sendo o principal financiador do setor no país.
Com o lucro pressionado e o aumento das provisões, o Banco do Brasil entra em uma fase de reequilíbrio de sua carteira de crédito. Investidores devem ficar atentos ao comportamento da inadimplência e à resposta do mercado nos próximos trimestres.
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) seguem entre as mais negociadas da B3, com forte presença no Ibovespa e histórico de desempenho acima do setor bancário em 2025. No acumulado do ano, o papel avança mais de 35%, impulsionado pelos resultados recorrentes, política de dividendos atrativa e pela percepção de solidez diante de pares privados.
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