Raízen amplia prejuízo para R$ 2,3 bilhões no 2T da safra 2025/2026 e acende alerta no mercado

Com queda forte no lucro, ebitda pressionado e receita em retração, a Raízen vê o mercado reacender preocupações sobre margens, eficiência e perspectivas do setor de energia e etanol na B3.

A Raízen (BOV:RAIZ4), uma das gigantes do setor sucroenergético listadas na bolsa de valores brasileira, divulgou resultados que pegaram o investidor de surpresa. O prejuízo líquido disparou para R$ 2,312 bilhões no segundo trimestre da safra 2025/2026, um salto expressivo frente ao prejuízo de R$ 158,3 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. O número reforça as pressões operacionais vividas pela companhia e reacende dúvidas sobre o ritmo de recuperação do negócio.

O resultado mostra uma Raízen lidando com margens comprimidas, volatilidade no mercado de combustíveis e desafios operacionais persistentes — fatores que já vinham aparecendo nos últimos trimestres. Além disso, a queda nos preços internacionais de energia e biocombustíveis tem limitado a capacidade da empresa de capturar melhores spreads, ao mesmo tempo em que seus custos permanecem elevados. Para uma companhia que opera em larga escala e depende de ciclos agrícolas e de demanda, o cenário adverso gerou impacto direto nas linhas de resultado.

Outros fatos relevantes:

• Receita líquida: recuo de 17,8%, para R$ 59,91 bilhões no trimestre, refletindo menor comercialização e preços mais fracos.
• Acumulado do ano: queda de 12,7%, para R$ 114,1 bilhões.
• Ebitda: despencou 39,7%, atingindo R$ 2,787 bilhões no trimestre.
• No acumulado anual, o ebitda caiu 46,6%, para R$ 4,986 bilhões — muito abaixo do ritmo esperado pelo mercado.

Embora o documento de referência não apresente declarações diretas da diretoria, o tom implícito sugere que a empresa deve reforçar iniciativas de eficiência operacional, revisão de custos e aprimoramento das áreas de produção e distribuição para enfrentar o cenário desafiador da safra.

Como o pregão já havia encerrado no momento da última atualização, o papel RAIZ4 fechou a R$ 0,87, estável na sessão. A ação seguiu dentro da faixa das últimas semanas, que se mantém pressionada diante dos resultados fracos e das projeções ainda incertas para a recuperação. Para o próximo pregão, o mercado deve reagir ao balanço com volatilidade, uma vez que o prejuízo e a queda forte de ebitda tendem a alimentar novas revisões de modelos e expectativas por parte dos investidores.

A Raízen é uma das maiores empresas integradas de energia renovável do mundo, atuando na produção de etanol, açúcar, bioenergia, combustíveis e distribuição por meio de sua rede Shell no Brasil e na Argentina. Compete com empresas como Vibra (BOV:VBBR3), Ultrapar (BOV:UGPA3) e Petrobras (BOV:PETR4) no mercado de combustíveis, além de disputar participação no setor sucroenergético com grupos tradicionais. Sua presença diversificada é um dos pontos fortes, mas também a expõe a ciclos voláteis e flutuações de commodities.

O balanço acende um alerta importante para quem acompanha RAIZ4 na bolsa de valores, uma vez que o prejuízo crescente e a queda nas margens reforçam o momento delicado da companhia.